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Estado de Minas Paulo Delgado

No mar, o ataque � soberania do Equador em pesca chinesa

Pesqueiros da China t�m 'invadido' a regi�o das ilhas Gal�pagos, cada vez mais explorada ilegalmente por estrangeiros


02/08/2020 09:15 - atualizado 02/08/2020 09:20

Região das ilhas Galápagos, quem tem sido utilizada ilegalmente para pesca por companhias chinesas(foto: PABLO COZZAGLIO/AFP - 21/1/18)
Regi�o das ilhas Gal�pagos, quem tem sido utilizada ilegalmente para pesca por companhias chinesas (foto: PABLO COZZAGLIO/AFP - 21/1/18)

Nem tudo pode ser resolvido por cada pa�s, entre dois pa�ses ou multilateralmente. O entorno das na��es pode sempre ser confrontado com for�as irregulares, cada vez mais naturais no mundo. E s�o elas, por mais estranho que pare�a, que tamb�m confrontam a soberania.

Tr�s desses desafios podem ser observados no Equador atualmente. Migra��o em massa, pandemia e abuso econ�mico dos oceanos. Todos t�m causas e consequ�ncias sist�micas que poderiam ser mais bem resolvidos se houvesse coopera��o, regula��o e solidariedade internacionais.

O mais recente desses problemas � o alerta que o Equador lan�a porque enxerga mais de 200 navios pesqueiros se aproximando das ilhas Gal�pagos. Nosso vizinho quer evitar que se repitam experi�ncias anteriores de pesca ilegal nas �guas que est�o sob sua soberania. Tr�s anos atr�s, numa situa��o semelhante, um pesqueiro chin�s foi apreendido com mais de 6 mil tubar�es. O fato � que o Equador n�o explora as �guas em torno de Gal�pagos, que por sua vez ficam afastadas da costa e em meio a �guas internacionais cada vez mais exploradas por grandes companhias pesqueiras. Algumas dessas frotas pesqueiras t�m por mau h�bito violar as Zonas Econ�micas Exclusivas de pa�ses mais pobres e com dificuldade de defender seu mar territorial.

A captura total de peixes em mares e oceanos est� mais ou menos est�vel no mundo desde os anos 1990. S�o cerca de 80 a 85 milh�es de toneladas anuais. O que mudou de l� para c� foi a composi��o de pa�ses que dominam essa ind�stria. Por conta da necessidade de alimentar sua pr�pria popula��o e da decis�o de investir maci�amente no setor, as economias de escala obtidas por companhias chinesas trouxeram para o pa�s uma grande concentra��o na pesca industrial global.

O Equador nunca foi uma pot�ncia da pesca. Mas na regi�o, Peru e Chile j� tiveram uma fatia maior do mercado. Hoje ele est� concentrado nas m�os de China e Indon�sia. O Jap�o, que foi por muitos anos o l�der da pesca legal e predat�ria, hoje tem uma ind�stria menor, mais voltada para seu pr�prio mercado. O fato � que uma parte da cadeia industrial do pescado � intensiva em m�o de obra. Por isso, uma grande parte do bacalhau e do salm�o pescados legalmente em �guas dos EUA chegam aos supermercados americanos como produtos da China porque s�o processados na �sia. Com esse ganho de escala, as empresas chinesas aproveitam e pescam tamb�m ao redor do mundo em �guas internacionais.

Quem j� consumiu bacalhau chin�s no Brasil fique sabendo que isto j� � considerado um desespero para portugueses e noruegueses. Os ganhos de escala da pesca chinesa ultrapassam o princ�pio que diz que a competi��o � bem-vinda. Mas, em geral, pesqueiros n�o gostam muito de leis.

Bom princ�pio � n�o ir pescar na Zona Econ�mica Exclusiva de um pa�s sem ser convidado. Apesar de priorizar a prote��o ecol�gica da regi�o de Gal�pagos e de acabar n�o investindo em pesca de alto-mar sustent�vel, peixes e crust�ceos ocupam o segundo lugar na lista de exporta��es do Equador. Logo atr�s de petr�leo e � frente de bananas. Desde o final da d�cada de 1970, existe um n�mero crescente de fazendas pesqueiras ao longo da costa equatoriana. Em 2018, o pa�s recebeu do mundo mais de US$ 3 bilh�es por seus camar�es. Apesar de a pesca equatoriana se dar ao longo de sua costa, a maior parte da Zona Econ�mica Exclusiva marinha do pa�s est� mais distante para dentro do Oceano Pac�fico, em torno das ilhas Gal�pagos.

A principal cidade portu�ria do pa�s � Guayaquil. Com seus mais de 2 milh�es de habitantes, foi duramente atingida logo no in�cio da pandemia do coronav�rus em mar�o. O sistema de sa�de da que � tamb�m a maior cidade equatoriana colapsou e corpos foram abandonados em pra�a p�blica. Em meio ao caos, o pa�s foi capaz de tomar provid�ncias. De cidade s�mbolo do estrago que o coronav�rus poderia causar, Guayaquil no momento tem conseguido dar a volta por cima. Passou a servir de exemplo n�o apenas sobre o que n�o fazer, mas tamb�m de algumas pol�ticas acertadas para controlar e diminuir os efeitos da pandemia.

Uma pandemia que pegou o pa�s tendo de lidar com grande chegada e tr�nsito de imigrantes vindos da Venezuela, mas tamb�m da Col�mbia. Apesar de ser bem menor do que o Brasil e de nem ter fronteira com a Venezuela, o Equador recebe mais venezuelanos do que o Brasil. A crise venezuelana s� se resolve com pa�ses dispostos a buscar a coopera��o e a harmonia.

Afinal de contas, fora crise pol�tica, s�o s�rias as proje��es sobre o aumento das migra��es para fora da Am�rica Central e do norte da Am�rica do Sul por conta dos efeitos das mudan�as clim�ticas em pa�ses despreparados para enfrent�-las.

* Paulo Delgado, soci�logo
Com Henrique Delgado

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