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Estado de Minas PAULO DELGADO

O coronav�rus n�o tem ideologia

Autoritarismo se manifesta tanto em gente que exige prote��o quanto em quem se ofende com prote��o contra a COVID-19


18/07/2021 04:00 - atualizado 18/07/2021 09:07

Críticas ao G-20, considerada a melhor forma de governança global, não procedem(foto: Angelo Carconi/ AFP / POOL / ANSA - 29/6/21)
Cr�ticas ao G-20, considerada a melhor forma de governan�a global, n�o procedem (foto: Angelo Carconi/ AFP / POOL / ANSA - 29/6/21)

Em grandes empresas e institui��es de sa�de e ensino ao redor do mundo ficou comum questionar por que membros dessas comunidades n�o realizaram testes rotineiros de COVID. Mesmo vacinado, para se ter acesso a certos ambientes somente concordando em testar a poss�vel contamina��o. Isso gera situa��es esdr�xulas, como cobrar testes de pessoas que est�o de f�rias – logo, n�o est�o nem frequentando os ambientes nem mesmo muitas vezes est�o na mesma cidade – ou viajando a trabalho, sob amea�a de puni��o disciplinar.

Varia de empresa para empresa se a consulta vem do RH ou de um comit� formado para gerir a COVID. S�o protocolos a cargo das firmas e outras organiza��es e se relacionam com diretivas do Estado em n�veis variados a depender do pa�s. No todo, s�o chatea��es que salvam vidas.

H� muita discuss�o sobre um eventual recrudescimento autorit�rio, mas mesmo que a tend�ncia esteja a� a pandemia n�o � causa. Como o autoritarismo se manifesta tanto em gente que exige prote��o quanto em gente que se ofende com prote��o, o v�rus certamente n�o � ideol�gico – ele apenas cutuca e aflora os instintos caracter�sticos das pessoas. E mata – felizmente cada vez menos por conta da vacina��o. As experi�ncias mundiais mostram que a vacina � o melhor rem�dio. Por isso, de imediato, pa�ses que mais vacinam t�m menos mortes.

Todavia, outras estrat�gias auxiliam. Al�m do velho bom senso, a nova tecnologia digital – quando usada com bom senso – est� ajudando. Muitas empresas nos EUA, por exemplo, demandam que pessoas ligadas �quela comunidade monitorem sintomas, testes e vacinas de COVID por aplicativos. Na China, esse monitoramento atrav�s de aplicativos � realizado de forma ub�qua. Para entrar em pr�dios, transportes p�blicos, parques, etc. Se o aplicativo der um sinal verde voc� pode ir em frente; se der vermelho � porque algo indica que deve se tratar. O pa�s funciona, mantendo a COVID sob controle, desse jeito.

Muitas estrat�gias baseadas em coleta de dados v�m sendo usadas para combater a COVID. A empresa Grandata, da Calif�rnia, oferece, em parceria com programas da ONU, um monitoramento do movimento das pessoas na Am�rica Latina fora de suas casas. O monitoramento � feito a partir do celular dos usu�rios. Em termos de dados personalizados para COVID, na regi�o a pr�tica de uso de tais aplicativos tem sido volunt�ria quando ocorre – o que � o ideal. Na regi�o, a Argentina, contudo, exigiu o download de um aplicativo para quem visitasse o pa�s antes da vacina��o – algo que prenuncia a estipula��o de comprova��o de vacina��o para viagens internacionais daqui pra frente.

A grande quest�o da pandemia de COVID � justamente o fator inter-regional. Atualmente, o mundo, mesmo em lockdown, � todo conectado em rela��es intersociais. N�o � poss�vel resolver a quest�o em um pa�s sem resolv�-la em todos. O colunista do Financial Times Martin Wolf escreveu dias atr�s – com raz�o – que o ser humano � um “primata tribal que construiu um mundo que seu tribalismo n�o consegue gerir”. Ele se equivocou, contanto, ao colocar o grosso da culpa no G-20, de quem, segundo ele, se esperava mais. Coitado do G-20 – um grupo ad hoc que � a melhor ideia de governan�a global dos �ltimos anos, mas que n�o para de ser boicotado e cujo poder real � se reunir. Quem tem culpa s�o os pa�ses do G-20, a come�ar dos mais poderosos e especialmente seus l�deres. Culpa inclusive de n�o dar poder real ao G-20 – e � ONU – para resolver problemas da nossa bendita interdepend�ncia, como, por exemplo, pandemias.

Exemplo da mentalidade de boicote ao G-20 e a princ�pios de mera civilidade, Richard Haass, presidente do Council on Foreign Relations – o mais prestigioso conselho multiprofissional dedicado a debater a pol�tica externa estadunidense – que publica a Foreign Affairs desde 1921 (publica��o que come�ou em 1910, ali�s, com o nome de Jornal do Desenvolvimento Racial) veio com uma dessas ideias tribais recentemente. Segundo ele, nem ONU, nem G-20, nem G-7 – bom mesmo seria o velho Concerto da Europa do s�culo 19 remodelado para o s�culo 21.

Mas a Foreign Affairs publica excelentes an�lises tamb�m. Na sua edi��o atual traz um interessante artigo escrito por um punhado de epidemiologistas com experi�ncia em pesquisa e pol�tica p�blica, que basicamente argumentam que o Sars-CoV-2 veio para ficar. Por isso protocolos seguir�o sendo importantes por algum tempo – e mais vacinas. Os autores apontam que � necess�rio refazer o sistema internacional para lidar com pandemias. Na situa��o atual, as variantes v�o se espalhar porque n�o basta que alguns pa�ses tenham at� mais vacinas do que popula��o – tem que vacinar quem n�o tem vacina tamb�m.

A COVID pode servir para acelerar a sa�da de um mundo sem bom senso.
 

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