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Estado de Minas COLUNA

A ida de Paul Kagame ao G-20 e as lembran�as de Hotel Ruanda

Kagame foi ao G20 pressionar pela aloca��o do equivalente a US$ 100 bilh�es em direitos especiais de saque (DES) para o continente africano


07/11/2021 04:00 - atualizado 07/11/2021 07:43

Emmanuel Macron, presidente da França, e Paul Kagame, presidente de Ruanda, se cumprimentam antes de reunião em Roma
O presidente da Fran�a, Emmanuel Macron, d� as boas-vindas a Paul Kagame, presidente de Ruanda, em encontro em Roma, em outubro deste ano (foto: Ludovic MARIN/AFP)

Tempos interessantes. Na c�pula do G-20 os l�deres de China, R�ssia, Jap�o e M�xico preferem n�o comparecer. Em Roma, l�deres de �ndia e Estados Unidos v�o visitar o papa, ao contr�rio do que faz o l�der do pa�s com mais cat�licos no planeta que, intrat�vel, pegou fama de bicho do mato.

Mas esse n�o � um artigo sobre os grandes do mundo, mas sobre um pequeno pa�s que chamou aten��o no G-20 porque anda surpreendendo nos �ltimos meses. � sobre como o interesse governa o mundo. 

Paul Kagame, que governa Ruanda h� duas d�cadas, foi convidado especial do G-20. Kagame foi pressionar pela aloca��o do equivalente a US$ 100 bilh�es em direitos especiais de saque (DES) para o continente africano. Os DES s�o ativos mantidos pelo FMI e foram expandidos para ajudar pa�ses no combate ao novo coronav�rus e na recupera��o p�s-pandemia.

Pa�ses africanos reclamam que o liberado para eles n�o tem sido suficiente. DES s�o considerados boa alternativa para a situa��o atual pois funcionam como empr�stimos com juros muito baixos e sem risco atrelado a refinanciamentos futuros.

Em Roma, Kagame foi recebido na embaixada da Fran�a em encontro organizado por Emmanuel Macron com outros l�deres da Uni�o Europeia e com F�lix Tshisekedi, presidente Rep�blica Democr�tica do Congo e atualmente � frente tamb�m da Uni�o Africana.

Se Macron deseja se colocar como fiador dos US$ 100 bilh�es a mais para a �frica, Kagame quer ser o intermedi�rio em nome da ag�ncia de desenvolvimento da Uni�o Africana. N�o h� d�vidas de que o continente africano precisa de acesso a mais DES do que os US$ 33 bilh�es direcionado at� aqui. O interessante s�o os caminhos que ligam a disposi��o francesa e o papel de Ruanda.

O pequeno pa�s no meio da �frica subsaariana � um pouco menor do que Alagoas e � comumente lembrado por uma das mais absurdas trag�dias dos anos 1990, recriada artisticamente no famoso filme Hotel Ruanda. Uma fic��o baseada em fatos sobre o genoc�dio que "todo mundo concorda que foi genoc�dio", como diz Samantha Power, embaixadora dos EUA na ONU.

Durante o genoc�dio perpetrado por mil�cias hutus contra o grupo tutsi em Ruanda, Paul Rusesabagina, um hutu, deu abrigo para tutsis no hotel que gerenciava. Estima-se que a atitude de Rusesabagina teria salvo cerca de 1 mil pessoas da morte naquele tr�gico 1994. Ao todo, cerca de 800 mil tutsis foram massacrados ao longo de 100 dias. 

De fora, Paul Kagame organizou a retomada de Ruanda pelos tutsis por meio da Frente Patri�tica Ruandesa. Tomou o poder naquele mesmo 1994. Desde ent�o, Kagame cuida da defesa e das rela��es exteriores do pa�s. A partir de 2000 � tamb�m seu presidente - daqueles que v�o mudando as regras e seguem se elegendo com quase todos os "votos". 

Atualmente muita gente se choca que o governo de Kagame mantenha preso Paul Rusesabagina, o her�i da hist�ria do filme Hotel Ruanda. A quest�o � que a pequena Ruanda, sob Kagame, desenvolveu um aparato militar de causar inveja no resto da �frica e o usa indiscriminadamente. 

� assombroso o que se passa em Cabo Delgado, que n�o � nosso parente, prov�ncia no extremo Norte de Mo�ambique, assolada por mil�cias extremistas desde 2017. Com o passar do tempo ficou claro que as For�as Armadas de Mo�ambique estavam perdendo controle da prov�ncia.

O pa�s lus�fono pediu apoio � Uni�o Africana e � Comunidade para o Desenvolvimento da �frica Austral (SADC) sem sucesso.  Tanto um como outro demoraram para ajudar.

Eis que a partir de julho desembarcam em Cabo Delgado cerca de dois mil militares e policiais da long�nqua Ruanda e d�o conta de expulsar os rebeldes que aterrorizam a prov�ncia. 

A empobrecida Regi�o Norte de Mo�ambique j� foi local de um projeto de coopera��o para desenvolvimento nipo-brasileiro. Chamado ProSavana, projeto dos del�rios diplom�ticos dos governos Lula-Dilma, visava usar a expertise adquirida no cerrado brasileiro para transformar Mo�ambique em exportador de alimentos.

Ap�s apanhar muito internacionalmente, o projeto foi abandonado e as esperan�as de gera��o de renda para a regi�o passaram a ser ent�o a explora��o de g�s liquefeito natural pela multinacional francesa Total.

Em mar�o deste ano, a Fran�a divulgou um relat�rio oficial em que faz um forte mea-culpa por seu comportamento desastroso durante o genoc�dio de 1994 em Ruanda.

Foi a senha para uma reaproxima��o entre os pa�ses e pavimentou, discretamente, o socorro que Ruanda presta atualmente parte a Mo�ambique parte � francesa Total. E assim seguran�a, interven��o humanit�ria, neg�cios e desenvolvimento v�o sendo encaminhados nesse mundo de encontros e desencontros. (Com Henrique Delgado)

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