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Estado de Minas COLUNA

Os jogos e os neg�cios de inverno que movimentam a China

As celebra��es culturais voltam a ganhar espa�o nessa China burguesa ainda cheia de trabalhadores para melhor incluir


06/02/2022 04:00 - atualizado 06/02/2022 08:46

Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim
Pela segunda vez em 15 anos, Pequim sedia os Jogos Ol�mpicos de Inverno, mesmo sendo uma cidade t�o plana (foto: Anthony Wallace/AFP)

A virada de ano, para o calend�rio agr�cola chin�s, ocorreu em 1º de fevereiro. A data, que passa batido por aqui, � uma das mais celebradas do ano em boa parte do Leste e Sudeste asi�ticos. Este � o ano do tigre iniciado no m�s do tigre. E em meio �s celebra��es, come�aram em Pequim os Jogos Ol�mpicos de Inverno. Evento esportivo que � o favorito entre as partes mais nevadas do mundo. Bobsled, Curling, Luge, Skeleton, modalidades presentes nos jogos, s�o populares na Noruega e no Canad�, onde as crian�as crescem brincando na neve.

� a segunda vez em menos de 15 anos que Pequim sedia Jogos Ol�mpicos. Um feito e tanto, carregado de simbolismos. Em 2008, sediou os Jogos de Ver�o e agora, os Jogos de Inverno, se tornando a primeira cidade do mundo a ter sediado ambas as competi��es. Para al�m da log�stica, as autoridades procuraram acentuar a for�a da capital ao promov�-la como sede de um evento que n�o � poss�vel acontecer totalmente numa cidade t�o plana. Esquiar mesmo em montanha acontece a uns 100 quil�metros ao Norte, por volta de onde passa a Grande Muralha.

� um lugar lindo, onde os chineses constru�ram resorts que funcionam a base de neve artificial. Isso porque, apesar dos invernos serem rigorosos em Pequim – e de se sentir mais frio ali do que nos Alpes e no Colorado, onde est�o as esta��es de esqui mais badaladas do mundo –, nevar mesmo n�o � garantido.

Mas a China encontrou a f�rmula para fazer acontecer. Se h� empreendimento, existe financiamento. Aprendeu com a mentalidade dos pa�ses da OCDE de que as coisas t�m menos mist�rio do que parece. S�o interesses pragm�ticos de grupos mundiais poderosos que conduzem a abertura e o fechamento de oportunidades.

O Partido Comunista Chin�s extrai toda sua legitimidade da compet�ncia com que negocia e conduz o enriquecimento dos chineses. Organizar eventos como as olimp�adas serve para demonstra��o interna de compet�ncia e ajuda a colocar um monte de projetos para rodar. Tem pressa e faz isso com mil e uma frentes de trabalho, porque, afinal, precisa melhorar as condi��es de 1,4 bilh�o de pessoas.

Atualmente, a posi��o de superpot�ncia da China j� est� t�o naturalizada que �s vezes nos esquecemos que nas Olimp�adas de 2008 o governo chin�s buscava demonstrar aos chineses que o bem-estar material e a posi��o da China no mundo estavam melhorando a passos largos. Em termos de PIB per capita, a China s� ficou mais rica do que o Brasil de 2018 para c�. E a diferen�a na paridade do poder de compra n�o � gigantesca, de cerca de 2.500 d�lares internacionais por pessoa.

A diferen�a � que eles passaram correndo pela gente em 2018 e seguem em disparada, com um modelo de desenvolvimento que tem coer�ncia interna e posi��o bem ajustada no mundo. As pol�micas com os EUA at� oferecem sustenta��o para o argumento de Xi Jinping de que o partido precisa fechar com ele para um terceiro mandato.

A aus�ncia de l�deres europeus e norte-americanos em Pequim � um boicote tolo e errado, pois n�o muda o c�lculo chin�s e ainda refor�a o diagn�stico sobre os benef�cios de uma parceria preferencial com Moscou. A diplomacia segue falhando no mundo.

Com os esportes de inverno, mais do que ganhar medalhas, buscam mesmo fomentar uma nova ind�stria de lazer para servir sua classe m�dia emergente. Os chineses s�o �timos nos esportes de precis�o, mas h� uma percep��o de que � preciso priorizar outras fun��es sociais e econ�micas do esporte que n�o apenas a competitividade.

Isso vem junto com outras mudan�as no planejamento social. A China j� provou que sua sociedade pode produzir medalhas de ouro em educa��o, esportes e outras competi��es. O governo agora deseja mudar o foco para uma vida em que o l�dico tire um pouco da obsess�o com o resultado objetivo.

Em 2016 abandonaram a pol�tica do filho �nico autorizando dois filhos e j� em 2021 passaram para tr�s. Agora, o governo decidiu regular at� o dever de casa, limitando o tempo que a crian�a passa estudando fora da escola. Sendo assim, a promo��o dos Jogos Ol�mpicos de Inverno entrou na estrat�gia de se usar mais esportes tamb�m para lazer. E, claro, para girar a economia e mostrar a compet�ncia da autoridade central.

Apesar do calend�rio gregoriano que usamos ser usado na China desde o in�cio do s�culo 20, seu velho calend�rio agr�cola � mantido para celebra��es culturais. O gregoriano ajuda a assimilar o mundo e � onde est�o marcadas as datas c�vicas que celebram o papel modernizador do estado. Mas as celebra��es culturais voltam a ganhar espa�o nessa China burguesa ainda cheia de trabalhadores para melhor incluir. E esquiando, busca-se preencher com alguma alma os vazios da efici�ncia. Seguem abertos os vazios da diplomacia pouco criativa e pouco pacifista.

Paulo Delgado, soci�logo, com Henrique Delgado

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