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Estado de Minas

A sociedade e as crises

N�o h� �rvore oca em Zurich onde gnomos milion�rios planejam secretamente crises financeiras mundiais, mas a m� fama do sistema financeiro veio para ficar


20/11/2022 04:00



A vida n�o est� nada f�cil e a crise que o mundo vive �, at� agora, essencialmente negativa. A causa do fen�meno parece ser a dificuldade que os pa�ses enfrentam de diversificar a produ��o nacional, melhorar a produtividade e criar melhores condi��es de trabalho para os assalariados.
 
� mais do que isso, todavia. O rompimento dos la�os de solidariedade entre a Economia, o Estado e a Sociedade se tornaram maiores por causa do sistema financeiro do que das mudan�as no mundo do trabalho. A liberdade de atuar do especulador � oposta � batalha dos indiv�duos para ganhar a vida pelo emprego e o trabalho. Cria uma ilus�o de que � f�cil ganhar dinheiro. Muitos defendem a volta do operariado, das longas jornadas de trabalho e do sistema industrial fabril como solu��o para buscar encontrar e consolidar as esperan�as humanas.
 
O desmantelamento das economias nacionais pela irresponsabilidade especulativa n�o � uma transforma��o hist�rica grandiosa. O processo de mudan�a e de cria��o de uma nova ordem mundial n�o ser� feito por bancos, crises monet�rias, dan�a de lobos nas bolsas de valores. 
Manipular c�mbio, juros, infla��o, moeda e bolsa num teatro de atores sem rosto mais conduz o espet�culo em dire��o � viol�ncia na vida social. Especialmente diante de governos fracos e sociedade entorpecida.
 
A muta��o cultural atual parece incontrol�vel para quem defende o determinismo econ�mico do mercado. Sem contribui��o do Estado e governos improvisadores, a voca��o das empresas � detonada pelo mercado, alimenta a ilus�o especulativa de ficar rico em um dia, desmoraliza a vontade e a necessidade de lutar para viver, que � a �tica da maioria. E por qualquer forma, no jogo bruto dos interesses, a economia especulativa se separou da economia real e passou a exigir trilh�es e trilh�es de governos em muitos pa�ses para sanear estragos feitos por jogadores c�mplices e rivais e cobrir crimes contra a ordem econ�mica e social.
 
Ap�s 2007, at� hoje, em todos os pa�ses o sil�ncio dos partidos, sindicatos e das associa��es profissionais liberais, e a aus�ncia de rea��o dos intelectuais, abriu o espa�o para aventuras econ�micas enfraquecendo o conjunto da sociedade. O deslocamento das empresas, fus�es e aquisi��es sem planejamento, a alta concentra��o econ�mica nas cadeias globais, praticamente acabou com a livre concorr�ncia.
 
Uma das consequ�ncias � a pol�tica n�o conseguir mais se organizar de forma social-democrata. Diminu�ram as perspectivas reais de estabilidade e seguran�a para que as pessoas toquem a vida em comunidade e possam se auto-representar como sujeitos de seu destino.
 
Est� irremediavelmente comprometida a vida integrada e est�vel. N�o existe interdepend�ncia capaz de reunir o ambiente favor�vel ao nascimento do afeto com as institui��es culturais e sociais onde se aprende a adquirir, respeitar e fazer evoluir a hist�ria humana. Dif�cil esperar que as categorias econ�micas da produ��o transnacional e do mundo financeiro abram m�o do triunfo da sua cobi�a para diminuir a desigualdade humana. Este o tra�o mais negativo do alerta que expresso neste artigo.
 
Os sentimentos humanos n�o suportam tantos choques vindos de fora. Choques que golpeiam mais impiedosamente os jovens que perdem a perspectiva de dar um bom rumo �s suas vidas. Os velhos percebem a decomposi��o da bondade humana e ampliam seu sil�ncio social em troca de territ�rios protegidos das imensas perdas sofridas pelo seu cora��o. Esperam que a sociedade os acolha e de alguma forma os deixe sobreviver livres do abandono afetivo, da opress�o econ�mica, da indiferen�a familiar, no mundo p�s-social que se anuncia.
 
Para muitos, � bem desorientador saber que os problemas culturais e sociais na sociedade atual � um fato novo. Diferente da sociedade de massas do final do s�culo XX que n�o dissolveu a sociedade tradicional. Nem criou esse mundo de p�blicos transformados mais por formas jur�dicas de direito do que por formas humanas de respeito.
 
As pessoas est�o virando abstra��es e tautologias confusas de uma regularidade mundial assustadora. N�o � de se estranhar que o sofrimento tenha virado o mesmo em qualquer lugar. Como se os primeiros 22 anos do s�culo XXI tenham produzido um tipo hist�rico, uma configura��o singular de pessoa espec�fica, humanamente �til para fins ainda desconhecidos.
 
O enfraquecimento do sujeito social deu for�a errada ao sujeito pessoal. O mundo dos fatos n�o vai melhorar se o mundo dos princ�pios mais ainda nos dividir.

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