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Estado de Minas paulo delgado

A democracia agoniza no mundo digital

Ser digital n�o � necessariamente um pendor s�rio, pode ser pregui�a, uma forma de cabresto.


15/01/2023 04:00


Gabriel Boric, presidente do Chile, junto com Gustavo Pedro, da Col�mbia, j� no domingo � noite decidiram convocar reuni�o de emerg�ncia do Conselho Permanente da OEA (Organiza��o dos Estados Americanos), na sua sede em Washington, para que os 35 pa�ses membros aprovassem resolu��o de fidelidade aos compromissos democr�ticos. E condenar os atos de sedi��o, organizados na frente do Quartel das For�as Armadas em Bras�lia, e que naquela tarde, culminaram com a invas�o e depreda��o, de ousadia in�dita, das sedes dos tr�s poderes do maior pa�s da Am�rica do Sul.

A eles logo se juntaram os presidentes dos EUA, Panam�, M�xico, Canad�, Uruguai, Argentina, Honduras e Ant�gua e Barbuda para a convoca��o oficial. O uruguaio Lu�s Almagro, Secret�rio Geral da entidade, abriu a reuni�o no formato soft, protocolar, sugerido pelo Itamaraty, ou seja, uma reuni�o de embaixadores, n�o dos chanceleres, apenas de relato, solidariedade continental e condena��o de movimentos golpistas. N�o houve resolu��o que apontasse falhas ou vulnerabilidades na democracia praticada no Brasil, nem decis�o de monitoramento internacional da quest�o.

Mas os desdobramentos vir�o. Os EUA, que enfrentam guerras pelo mundo e uma crise migrat�ria centro-sul americana que j� soma mais de 1,7 milh�o de detidos em sua fronteira com o M�xico, anda em alerta m�ximo. A multiplicidade de heresias que tomou conta da pol�tica mundial � cada vez mais incontrol�vel. As promessas de respeito trazidas pela democracia e as grada��es de desrespeito fixadas pelas leis n�o andam respeitadas diante da crise econ�mica, poder arbitr�rio, expansionismo militar. E a manipula��o de desejos do mundo digital faz todo mundo se achar um personagem, portador de m�dia pr�pria, fazendo valores coletivos entrarem num redemoinho. O presidente Joe Biden teme que a confus�o no Brasil seja a antev�spera da volta de Donald Trump ao cen�rio norte-americano, j� que o ex-presidente � o guru da insurrei��o l� e c� e da incerteza porque passa a democracia.

Todas as autoridades, nacionais e internacionais, falam pelo Twitter, um microblog privado, da Calif�rnia, para comunica��o pessoal, atrav�s de 140 ou menos caracteres. Conhecido como portal, ferramenta ou plataforma, associada a internet, transforma a pessoa em usu�rio e seguidor, dispon�vel em tempo real. O s�mbolo do Twitter � um passarinho, piu-piu em tradu��o onomatopaica. Uma infantilidade, o rosto mais eficiente da maldade. Enviar tweets � como piar, gorjear, ou, para muitos, arrulhar, gargantear.

Figuras vagas ou not�rias se juntaram – tamb�m no WhatsApp e Telegram - em torno de situa��es complicadas, guiadas por mensagens unilaterais que informam, perguntam e respondem a si mesmas. Um ser de fendas abertas penetrando nas brechas dos insatisfeitos. Pessimista ou otimista desinformados, cr�tico ou cr�dulo exagerados, temperamentais, doutor sabe-tudo, h� um tipo 24 horas no ar que incomoda o outro com o seu problema, buscando s�cio para a ins�nia. O caos, n�o afei��o e privacidade, est� hoje em primeiro lugar na cabe�a da pessoa digital.

At� a� seria um problema de escolha de cada um. Mas n�o, � a express�o mundial da pol�tica individualista, sem austeridade e rigor oficial, porque cada um � o seu governo. Ser digital n�o � necessariamente um pendor s�rio, pode ser pregui�a, uma forma de cabresto.

O que houve no Brasil n�o � fato agudo e passageiro. � projeto para uma democracia tolerada. O lusco-fusco do militarismo enfia a camisa de for�a no poder civil que se faz servil. Ambos jogando com a indignidade da intimida��o, o poder inclinado a ver o resto do mundo � luz de suas convic��es. A tarde de domingo comeu de forma ostentat�ria s�mbolos da democracia e virou �s costas para a lei. � dif�cil atribuir profundidade aos presos que escondem segredos de alma autorit�ria. Submetidos � pol�tica das coisas, amam o poder que domina e oprime, livre para fazer o que quiser sob tutela. O Brasil est� sendo obrigado a aceitar o inaceit�vel, o avesso do seu destino.

Ou as academias militares e de pol�cia se ajustam �s no��es de hierarquia, seguran�a e defesa na democracia, ou buscar conter o abuso de autoridade ser� como fogo que n�o pode ser extinto, por mais que se atire �gua. As brasas que n�o se apagam - e que o presidente Geisel soube, na mesma hora, identificar e punir a matriz do problema – parecem querer voltar a exercer sobre o pa�s sua soberania sem partilha.
O meio � a mensagem. N�o � eficiente a pol�tica que se rende a linguagem de aplicativo. Sua l�gica mec�nica arrefece a intelig�ncia e apela mais � paix�o que � raz�o. Usado para convocar o erro, n�o devia ser usado para conden�-lo.

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