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Estado de Minas PAULO DELGADO

Escravid�o tecnol�gica est� em curso e tem sido grande fonte de ofensas

A intera��o artificial roubou da intelig�ncia o nome e criou realidade de segunda classe desinteressada do conv�vio humano


12/03/2023 04:00

automação
� uma esp�cie de automa��o o comportamento de m�dicos, esteticistas, ju�zes, advogados, arquitetos e detetives passarem da conta quando se acham mais importantes do que o caso ou a causa que analisam (foto: LEANDRO COURI/EM/D.A.PRESS)

A necessidade, como estado emocional de car�ncia, � da categoria da vida psicol�gica e n�o deveria produzir tanta especula��o sobre seu papel na hierarquia das satisfa��es.  Valorizar demais a dimens�o da necessidade faz aumentar muito a frustra��o e a domina��o. A teoria da necessidade n�o deve ser associada � ideia da obrigatoriedade. O perigo da necessidade se instalar de forma opressiva na cabe�a da pessoa � uma tend�ncia real do mundo atual, em todos os pa�ses e �reas. Resistir a este abuso pode fazer o ser humano mais feliz.

� uma esp�cie de automa��o o comportamento de m�dicos, esteticistas, ju�zes, advogados, arquitetos e detetives passarem da conta quando se acham mais importantes do que o caso ou a causa que analisam. Querer saber mais do que o paciente e confiar totalmente em aparelhos e rem�dios; uniformizar o rosto e o sorriso de todos os que os procuram; julgar com base em preconceitos pessoais e n�o nos fatos, atos e no que est� na lei; piorar um caso para cobrar mais pela cara do cliente; fazer projetos de casa para fotos de revista e n�o para conforto e conviv�ncia; simular situa��es para contornar dificuldades de investiga��o - s�o situa��es corriqueiras e desagrad�veis. Inventar produtos e necessidades est� virando moda no mundo da inova��o e da automa��o e tirando o foco da maioria para o que � realmente fundamental na vida.

Na ind�stria militar o mundo caminha para a ilus�o da guerra limpa, sem contato entre os combatentes, como se matar a dist�ncia fosse eticamente superior do que dar uma facada � queima roupa. A intelig�ncia artificial e o uso de rob�s industriais e afins tiram os seres humanos do centro das decis�es e a for�a de trabalho mundial caminha para perder mais de 50 por cento dos postos de trabalho para m�quinas e seus derivados. Na escada do progresso mundial benef�cios financeiros n�o deveriam conter desejos superiores aos benef�cios sociais.

Aumentar lucros, diminuir custos, acelerar a produtividade, sem se preocupar com a melhoria da performance e da criatividade humana no trabalho � um tipo mal�fico de automa��o que pode produzir inesperados preju�zos. N�o h� nada engenhoso que n�o tenha sido inventado por pessoas engenhosas. Nada ser� engenhoso se n�o for projetado e usado para ser monitorado e controlado por seres humanos com capacidade de compreender, intervir e corrigir m�quinas e sistemas tecnol�gicos.

A escravid�o tecnol�gica est� em curso e tem sido uma grande fonte de ofensas, abusos e a��es ilegais. At� nos conceitos filos�ficos m�nimos que fundamentam a boa educa��o, linguagem e rela��es pessoais, a engenharia dos sistemas aut�nomos (que fornece aparelhos e m�quinas para uso em casa, no trabalho, lazer e em tr�nsito), est� contribuindo para que os seres humanos fiquem com um comportamento pior e mais ego�sta.  A �tica dos sistemas aut�nomos, rob�ticos e da intelig�ncia artificial se continuar a andar a passos lentos e com fundamentos meramente econ�micos, n�o vai aumentar o bem-estar, a seguran�a privada ou coletiva e a civilidade humana.

A automa��o d� celebridade ao distra�do, faz o mundo homog�neo, amplia rotinas, cria uma esp�cie de irresponsabilidade organizada que diminui o n�vel da sensibilidade p�blica. Viver bem no mundo n�o � mais consequ�ncia de virtudes morais e o �xito de muitos n�o depende mais de habilidades derivadas de rela��es humanas virtuosas. Rob�s, m�quinas, tecnologia, biometria, aplicativos, porteiros eletr�nicos, algoritmos, caminhos virtuais, assistentes pessoais virtuais, etc. A intera��o artificial roubou da intelig�ncia o nome e criou uma realidade de segunda classe desinteressada da beleza do di�logo e do conv�vio humano.

N�o deve ser considerado um esc�ndalo considerar algumas inven��es in�teis que por serem toleradas, logo s�o legitimadas. A que serve para fabricar tais produtos n�o � d�vida impenetr�vel e permite fazer a distin��o entre necessidade falsa e verdadeira. Na vida, como em alguns ve�culos, nem todas as rodas precisam rodar. O que deveria importar na produ��o e oferta de necessidades � se aquilo contribui ou n�o para diminuir o sofrimento humano. Esta seria uma boa forma de valorizar as coisas e um caminho para nos livrarmos das preocupa��es econ�micas, sociais e psicol�gicas que derivam do uso das necessidades desnecess�rias.

Atrav�s do prazer de apreciar a arte temos uma melhor forma de aliviar a tens�o entre o real e o poss�vel. Arte, um caso de consumo aparentemente in�til que nos reconcilia com a ideia da utilidade e do sentido pr�tico das coisas subjetivas, elevando o sentido humano de necessidade.

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