3� via tem sete motivos para mirar Lula e tomar lugar de Bolsonaro

At� por que � maioria do eleitorado hoje, os torcedores de Lula (cerca de 45%) e Bolsonaro (cerca de 20%) dominam o discurso de que a polariza��o entre os dois � inexor�vel e que a terceira via n�o passa de sonho de uma noite de primavera.

Nessa conta, pouco importa a contradi��o de dar como certo algo que vai mudar muito at� o prazo de filia��o partid�ria em abril e o in�cio da campanha, em julho, no m�nimo. Para quem est� por cima ou por baixo.

Ou que j� venha mudando. A �ltima semana foi pr�diga em avan�os para os tr�s candidatos mais propensos a desmentir a futurologia e furar o bloqueio: Ciro Gomes pelo PDT, Henrique Mandetta pelo DEM e Jo�o Doria ou Eduardo Leite pelo PSDB.

A posi��o um tanto quanto consolidada na terceira posi��o das �ltimas pesquisas descolaram Ciro Gomes do bloco minorit�rio de inten��es de voto abaixo de 5%, no notici�rio em que a torcida Bolsonaro/Lula chama pejorativamente de terceira via.

A briga dentro das pr�vias do PSDB for�aram o destaque sobre as pessoas e as viabilidades eleitorais de Jo�o Doria ou do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

E a fus�o do DEM com o PSL ensejou o surgimento de um poderoso grupo de centro direita conservador que pode cacifar a candidatura ainda incipiente de Luiz Henrique Mandetta.

Junta a poderosa base partid�ria de um partido tradicional que est� na estrada h� uns 40 anos com o balaio de votos e dinheiro do maior benefici�rio do fundo eleitoral, detentor da maior bancada da C�mara dos Deputados.

Juntos, trabalham para fazer cerca de 80 deputados e atrair estrelas esmaecidas ou fritadas por seus partidos, como Romeu Zema em rela��o ao depauperado Novo ou Geraldo Alckmin, ao ingrato PSDB.

Se n�o levar os dois, arrasta de qualquer forma muita gente do Centr�o, por afinidade e expectativa de poder. � uma das articula��es mais inteligentes � direita, para arrastar os �rf�os do v�cuo da indefini��o de Bolsonaro por um partido.

Tanto que mobilizou outra for�a importante da terceira via, o PSD de Gilberto Kassab, a correr atr�s de nomes que possam escorrer pelos seus dedos, como o pr�prio Alckmin e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, quadro do DEM que concorreria com Mandetta pela vaga de candidato a presidente.

T�o certo que a terceira via cresce e aparece, � que evoluem na mesma propor��o as especula��es sobre suas estrat�gias, diante do cen�rio pretensamente congelado de Bolsonaro versus Lula, contaminadas, como n�o poderia deixar de ser, pela torcida de cada lado.

Previsivelmente, os quatro (menos um pouco Mandetta e Leite) optam por bater preferencialmente em Lula. Pode parecer contradit�rio, na medida em que deveriam aleijar Bolsonaro se pretendem seu lugar no espectro da centro direita. Mas que faz todo sentido por sete motivos b�sicos:

1- Bolsonaro j� � quase cachorro morto, a que todo mundo chuta ou nem � preciso chutar mais. 

2- Os tr�s t�m que se cacifar para atender o principal desejo desse espectro, relacionado em grande parte em descobrir um outro Bolsonaro sadio que possa abater o lulismo.

3- � muito mais dif�cil derrubar o candidato Lula que o candidato Bolsonaro do ponto de vista de hoje, ainda que seja mais complicado enfrentar Lula na elei��o real.

4- O ter�o do eleitorado dispon�vel, excetuando-se as inten��es nos dois, em torno de 65%, est� mais � cata de um substituto para o presidente do que para seu advers�rio na polariza��o estabelecida.

5- � bem fact�vel que esse ter�o tenha mais afinidade com a centro direita. � engordado pelos descontentes com Bolsonaro e a ideia de que Lula j� bateu no teto, em torno dos 45%, que j� est�o na conta.

6- Somados aos 20% de Bolsonaro, esses 33% dariam � terceira via um alto poder de enfrentamento a Lula. Qualquer que seja um dos quatro candidatos.

7- Mesmo que parte desses 53% trafegue para a esquerda ou os olhos azuis de Lula, � igualmente certo que muitos saiam de seu cora��o quando forem lembrados de seu passado.

A matem�tica n�o considera que Bolsonaro pode n�o estar t�o morto e nem Lula t�o vivo. 

Ainda n�o houve candidato � reelei��o, com m�quina na m�o, que n�o chegasse com bom cacife � elei��o. Nem advers�rio que navegue em paz numa campanha com tantas explica��es a dar, como Lula.

� quase imposs�vel supor que tantas correntes de centro direita e sobretudo dissid�ncias de esquerda sejam capazes de sair pedindo voto para o primeiro. E que os descontentes v�o descarregar votos no segundo com tanta oferta de bons candidatos no mercado.

A terceira via. Que opera com articula��es, dados reais e expectativas fact�veis para provar, contra toda a torcida, que existe.

� altamente elogi�vel que Romeu Zema tenha vetado as pretens�es dos deputados estaduais de dificultar a vida do Buser, o �nibus que funciona como Uber, mais no interesse do cidad�o do que do monop�lio do transporte intermunicipal.

� uma mudan�a de paradigma impens�vel no pa�s em que as c�maras municipais, assembleias legislativas e at� a C�mara dos deputados votaram a seu tempo, felizmente em v�o, para dificultar a vida do Uber em benef�cio do monop�lio dos t�xis. 

Pelo cacoete antigo de nossos dirigentes de preservar os neg�cios dos empres�rios acantonados no poder p�blico, em sacrif�cio da popula��o. Com todos os efeitos colaterais do excesso de estado: licita��es dirigidas, alguma corrup��o, servi�os ruins e resist�ncia � modernidade.

Est�o certos os propriet�rios sacrificados por cumprir regras de hor�rios e abrang�ncia geogr�fica para dar conta dos servi�os que o Estado o obriga e n�o interessa ao modo Buser de ser. 

Mas tamb�m que n�o podem se esconder atr�s dos deputados para obstruir o avan�o inexor�vel da modernidade e muito menos conspirar contra o que a maioria quer.

Se o Buser � um bom neg�cio, nada os impede de ir para ele e largar o osso do  Estado. Ter�o certamente mais condi��es do que os novatos de competir e se dar bem no mercado que j� conhecem.

Se o Estado quer garantir certas linhas dos rinc�es onde o Buser n�o vai, que as subsidie. Pode se surpreender que n�o seja necess�rio.  Nem os empres�rios querem o mico e nem essas pequenas localidades devem fazer conta de um servi�o que sempre foi raro e ruim. Outras alternativas do mercado surgir�o.

� surpreendente que Zema tenha encarado o poder dessa minoria encastelada nas engrenagens do Estado, t�o forte quanto necess�ria foi a seu tempo. 

E muito paradoxal, por mais raz�es que tenham, que os ilustres representantes do povo atendam prioritariamente a ela em detrimento da maioria que vota e n�o aprova seus servi�os.