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Estado de Minas RAMIRO BATISTA

Erros em s�rie de Moro afunilam terceira via em Doria e Ciro

Ex-juiz produziu pelo menos cinco grandes erros, desde o papel�o de deixar o partido que o acolheu at� o vexame de manter uma candidatura que ningu�m quer


12/04/2022 06:00 - atualizado 12/04/2022 07:37

Sergio Moro
Sim, Sergio Moro era uma ideia que sugeria resist�ncia e dependia s� de aprova��o popular para se viabilizar (foto: EVARISTO SA / AFP)
Estava escrito nas estrelas que a candidatura de Sergio Moro � Presid�ncia n�o teria muito futuro em qualquer partido, por, pela ordem, falta de carisma, articula��o e dinheiro.

Seus 10 a 15% de votos lhe dariam, pelo menos, um papel relevante em troca de alguns frutos no futuro. Uma composi��o no segundo turno em troca de qualquer coisa, quem sabe at� uma vaga no STF.

Mas uma sequ�ncia de movimentos err�ticos de dar d�, de inabilidade de estagi�rio, fulminou o que lhe restava de credibilidade para se colocar como uma das alternativas em jogo, qualquer uma.

- Leia: "Deixe de ser trouxa, Moro! N�o fa�a como eu! Caia fora da�! Ainda d� tempo"

Errou ao sair do partido que acolheu, dobrou o erro ao ir para outro que n�o lhe queria e triplicou ao peitar seus novos chefes ao insistir numa candidatura em que nem sua mulher deve acreditar mais.

A sa�da de um partido que o abra�ou contra toda a resist�ncia da classe pol�tica, pouco mais de tr�s meses de afiliado, teve status de trai��o. Ter sa�do por mais dinheiro em campanha, depois de t�-lo feito queimar mais de R$ 3 milh�es em sua pr�-campanha, o de desonestidade.

Como disse mais ou menos o senador que o patrocinou dentro do Podemos desde sempre, ï¿½lvaro Dias, trocou por dinheiro o que deveria ser uma campanha por princ�pios.

Sim, Sergio Moro era uma ideia que sugeria resist�ncia e dependia s� de aprova��o popular para se viabilizar. A aposta � que virasse onda se crescesse nas indica��es nas pesquisas. N�o sendo isso, n�o seria — n�o valeria a pena — ser outra coisa.

Sua inabilidade cr�nica ainda o levou para o caminho errado, o Uni�o Brasil, um ninho de cobras dominado por caciques gulosos que sinalizaram desde antes de assinar a ficha que n�o o queriam como candidato a presidente.

Tivesse alguma experi�ncia, n�o confiaria apenas na palavra do presidente da legenda que o atraiu, Luciano Bivar. Teria percebido no m�nimo que, al�m de n�o ter autoridade plena no partido, ele tem interesses priorit�rios com a sua cacicagem.

Que passam por ser ele mesmo o candidato a presidente preferencial do partido, para gastar menos, liberar dinheiro para formar uma boa bancada de deputados e ampliar seu naco no fundo eleitoral. Perder, mas negociar apoio no segundo turno e no futuro governo. 

Como o pintor que lhe tiraram a escada, Moro entrou num processo que beira a vexame de continuar defendendo a candidatura presidencial que n�o est� autorizado a querer. 

Um quarto erro seguido de um quinto: a recusa suicida de sair candidato a deputado federal — a condi��o colocada pelas correntes influentes do partido para aceit�-lo como puxador de votos em S�o Paulo.

No est�gio em que est�, sugere um zumbi de figura��o na cerim�nia de 18 de maio em que os quatro partidos mais ou menos afinados da terceira via — Uni�o Brasil, PSDB, MDB e Cidadania — prometem anunciar um nome �nico. 

Como uma esp�cie de The Walking Dead tamb�m, a famosa s�rie de mortos vivos a caminho de devorar os sobreviventes de uma Am�rica p�s apocalipse.  Tentam dar vida a candidatos tamb�m meio mortos-vivos, no sentido de que n�o t�m apoio interno, legitimidade ou interesses em comum.

Moro j� nem aparece nas pesquisas eleitorais, bar�metro de suas possibilidades, e Bivar n�o � hip�tese de uma candidatura nacional catalisadora. Sequer � considerado tamb�m nas pesquisas.

Leite � o concorrente de Doria que perdeu a conven��o com a qual concordou e depende da boa vontade dele, que n�o ter�, de abrir m�o. Teria que explodir nas pesquisas em 40 dias para chegar a 18 de maio t�o relevante quanto Doria o contr�rio. Nenhuma das duas coisas parece fat�vel.

E Simone Tebet, a mais engra�adinha, promissora e ideal da trinca, depende do MDB, o partido meio parasita que nunca lan�ou candidato a presidente da Rep�blica, depois de Ulysses Guimar�es, em 1989. Preferiu sempre manter o p� nas duas canoas mais promissoras e mandar depois no governo, seja qual for, sem os �nus do cargo.

A seu modo hist�rico, o partido a fritou recentemente na elei��o para o Senado, quando tinha grandes chances de vencer Rodrigo Pacheco, de um partido tamb�m zumbi, o PSD.

A essa altura, esse MDB j� tem alas definidas de apoio a Bolsonaro e a Lula, representadas nas figuras de seus caciques mais proeminentes, respectivamente Fernando Bezerra e Renan Calheiros.

Que n�o s� t�m seus interesses regionais alinhados aos dois l�deres das pesquisas, como, ao modo de sempre, n�o querem um candidato que seja empecilho a suas tenta��es de acordos futuros. Como Simone.

Sem os tr�s, restaria a hip�tese bem improv�vel de que Uni�o Brasil, PSDB e Cidadania aceitassem um alian�a em torno de Jo�o Doria. Eduardo Leite de vice ou candidato a senador por seu estado, com o pr�mio consola��o de vir a ser o presidente nacional do partido.

Independente de que Jo�o Doria tenha o direito moral de ser o candidato, porque aprovado nas pr�vias, ou falta de condi��es por alta rejei��o, n�o h� nenhum motivo suficientemente forte no horizonte  de 40 dias para que ele abra m�o para Eduardo Leite. 

� curioso, sintom�tico ou puramente esdr�xulo que tenham antecipado a defini��o do candidato �nico com tantas arestas por aparar. Se foi para n�o dar tempo de crescimento a Doria nas pesquisas, esqueceram-se de que o tempo � tamb�m curto para que qualquer deles, sobretudo Eduardo Leite, se mostrem vi�veis. 

Est� mais para um banquete em que v�o entregar antes da hora a cabe�a de boas personagens que deveriam continuar caminhando e juntar suas for�as mais � frente. E ajudar a consolidar a ideia de que, depois da pajelan�a, restam apenas duas hip�teses na terceira via: Ciro Gomes e Jo�o Doria.

S�o os dois candidatos mais firmes e consistentes, de partidos enraizados, lan�ados e consolidados, para almejar alguma esp�cie de cunha na polariza��o entre os dois l�deres nas pesquisas. E preparados em forma e conte�do para quando tiverem sua hora, no calor da campanha. 

N�o vejo, de forma alguma, que a estabiliza��o de Ciro e os 3% de Doria nas pesquisas sejam uma tend�ncia como querem fazer crer seus concorrentes e advers�rios, dentro ou fora de partido. N�o, antes de come�arem a ter cobertura igual aos polarizados nos meios de comunica��o.

Lamento por Simone, Leite e Sergio Moro, tr�s figuras t�o elegantes, idealistas e promissoras, pela encruzilhada sem futuro em que se meteram. Sobretudo por Moro.

Como j� escrevi de diversas formas, acho uma indec�ncia que tenha sido punido de forma t�o pusil�nime por ter feito o certo, destru�do pela conjun��o pavorosa de interesses da banda podre dos dois polos pol�ticos que contrariou com os da c�pula do Judici�rio que o transformou em p�ria. Como tamb�m j� escrevi e reescrevi, nunca v�o me convencer de que seus erros de natureza processual s�o da mesma dimens�o dos crimes que julgou e puniu.


Embora o tenha chamado de estagi�rio em pol�tica e proposto desde a primeira hora que fosse candidato a senador por seu estado, defendi sua candidatura presidencial como esp�cie de revanche e palanque, para ter voz contra o universo que o triturou.

N�o esperava que fosse mais in�bil do que pressenti. Mas ainda tor�o para que mantenha a revanche e o palanque por outros meios. Aceite pelo menos a candidatura ao Senado, se ainda for poss�vel e permitido pelo Uni�o Brasil, de que se encontra ref�m.

Chegando l�, trabalhe oito anos para desnudar o sistema que, do Congresso ao Planalto, passando pelo STF e as bancas de advocacia milion�rias de Bras�lia, o espremeram na mais cruel das invers�es de valores de que a cr�nica pol�tica recente p�de testemunhar.

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