
1 - O otimismo com a Economia
- Como em todo processo que s� tem como rebater quando bate no fundo do po�o e torna exuberante qualquer melhora, a economia d� fortes sinais de recupera��o em empregos, entrada de capitais estrangeiros e explos�o da bolsa.
- N�o h� sinal de recess�o � vista. Embora economistas de respeito temam uma recess�o a m�dio prazo, o per�odo de campanha eleitoral ainda colhe o processo de recupera��o p�s-pandemia e fundo do po�o.
- Certo otimismo como efeito colateral compensa a alta de pre�os escandalosa. Ao mesmo tempo que o bolsa fam�lia turbinado como Aux�lio Brasil para R$ 400,00 tem o mesmo potencial de melhorar a imagem do presidente nas classes baixas, como ocorreu com o aux�lio emergencial, no meio da pandemia.
2 - A divulga��o de seus feitos na propaganda eleitoral de TV.
- Desde o advento do uso de imagens externas na propaganda eleitoral de TV dos candidatos � reelei��o, do primeiro para o segundo mandato de FHC, a exuber�ncia das obras em imagens hollywoodianas empurra os vitoriosos.
- Dilma Rousseff, sob bateria de acusa��es de inoper�ncia e corrup��o at� a campanha, virou o jogo assim que surgiram as primeiras imagens ao modo Jo�o Santana de exuber�ncia, sobretudo das obras de canaliza��o do rio S�o Francisco, no nordeste. Que, ali�s, frequentam esses programas desde que come�aram, h� quase 30 anos.
- Bolsonaro tem muita coisa a mostrar (exuberar?), como j� sinalizou na s�rie de propagandas espont�neas que ganhou da grande imprensa ao se viralizar com o competente ministro da Infraestrutura Tarc�sio de Freitas montado na garupa de sua moto, sem capacete.
3 - O apoio da grande maioria da classe pol�tica que puxa voto.
- Terminado o prazo da janela de mudan�a de partido, em mar�o, Bolsonaro emergiu como um gigante do oportunismo pol�tico que, desde sempre, atrai parlamentares para o poder como moscas.
- Com a entrega do governo e da distribui��o de verbas ao Centr�o, arrastou partidos — e para os partidos que o apoiam — todo o espectro da centro direita pol�tica ramificada em todo o pa�s, que arranca voto a unha pelo interior e arrasta prefeitos e vereadores numa for�a descomunal.
- Inchou em quase 70 deputados novos e para 168 o bloco das tr�s agremia��es principais de sua base (PL, PP e Republicanos) na C�mara. Com o apoio dominado de parte do MDB, do PSD e do PSDB, al�m de outros agregados informais (PTB, Patriota, Podemos, Pros e Solidariedade), tem favor os mais de 300 do Centr�o que um dia Lula chamou de picaretas.
Bolsonaro conta ainda a favor com a mem�ria tradicionalmente curta do eleitorado, que vem esquecendo o que ele fez no ver�o passado. Sua rejei��o cai seguidamente � medida que os �ndices de controle da pandemia melhoram.
Lula � produto tamb�m da mem�ria curta que o posicionou na ponta dos levantamentos depois de ter ido ao fundo do po�o da desmoraliza��o p�blica, nas elei��es de 2018. Mas n�o tem qualquer fato novo pol�tico, que dependa dele, que o beneficie.
Ou for�a pol�tica que compense as boas perspectivas que n�o pode tirar do advers�rio. No velho sinal de que a falta de poder � sinal de morte, PT e os partidos de esquerda nada ganharam — e ainda perderam deputados — na janela partid�ria.
O mais promissor de seus fatos pol�ticos, a atra��o de Geraldo Alckmin para construir uma frente ampla contra o que seria a amea�a bolsonarista, resultou num fiasco parecido com o da terceira via.
O tucano s� arrastou ele mesmo e o PSB, o partido por natureza j� arrastado por Lula desde sempre, junto aos outros sat�lites do PT que agregam pouco: Psol e PCdoB. � cruelmente sintom�tico que s� o PSB tenha perdido dez deputados nessa legislatura.
A �ltima tentativa de puxar algum partido significativo da centro direita desandou noutro fiasco, a ades�o frustrada do Solidariedade de Paulinho da For�a Sindical, ofendido por vaias do PT numa cerim�nia p�blica.
Ainda que Lula consiga revert�-la, como fez com Alckmin depois de agress�es muito mais virulentas do partido, a amea�a de rompimento da alian�a sinalizou alguma coisa parecida com fuga de um barco que est� afundando. J� raposa velha sempre aliada com quem ganha, Paulinho deve ter sentido cheiro de queimado.
Pesa mais que, contra fatos a favor, ainda podem advir v�rios negativos com a voca��o sincericida da esquerda lulista para defender o contr�rio do que a sociedade de maioria conservadora quer ouvir: a chamada "pauta de costumes", um veneno eleitoral para, inclusive, muitos fisiol�gicos do Centr�o que possam virar casaca para o petista.
Ref�m dessa base e sua pauta, que cativou ao modo de seita, Lula sempre afunda um pouco mais quando fala de aborto, direito de minorias, demarca��o de terras ind�genas (um �ndio no Minist�rio), reforma agr�ria, imposto sindical e controle de armas. Revive o "n�s contra eles" t�pico dela.
(Quer experimentar? Diga para ruralistas que vai recolher as armas que Bolsonaro permitiu e fa�a uma pesquisa depois entre eles sobre as chances eleitorais de quem as tirou.)
De forma que o grande l�der das pesquisas continua na ponta, mas pendurado num teto que n�o ultrapassa e de onde namora a queda a cada dia.
As mais recentes pesquisas detectaram o estreitamento da diferen�a com Bolsonaro, a caminho de um empate t�cnico com todo o jeito de chegar antes do in�cio da campanha, em junho, ou daqui a pouco.
Uma compila��o de seus resultados pelo Estad�o confirma o mapa que vem se repetindo desde as elei��es de 2006. A esquerda de Lula domina em larga margem do norte de Minas para cima, nordeste e norte. A direita, hoje com Bolsonaro, do centro-oeste para baixo.
O que tamb�m sugere o empate t�cnico que vem por a� � que, como desde ent�o, Lula p�e grande diferen�a no norte e nordeste, mas a perde nos estados populosos do centro, sul e sudeste.
� sintom�tico que j� haja um empate t�cnico e indefini��o no mais populoso deles, S�o Paulo, onde o petista tem os dois l�deres das pesquisas para governador, Fernando Haddad e M�rcio Fran�a.
Tudo daria certo para o projeto lulista, se se mantivesse a expectativa original de que Bolsonaro, com tanto tiro no p�, a ponto de negar as vacinas e relevar a morte, chegaria esvaziado, isolado e desmoralizado � campanha.
Mas ele agiu a tempo e reverteu a seu favor, por for�a pr�pria ou das circunst�ncias, os indicadores que sempre ajudaram a virar elei��o no pa�s: a economia, muita obra para mostrar e dinheiro a rodo para os pol�ticos.