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Temos o trabalho de dar sentido � vida ou ela n�o ter� nenhum valor

Embora n�o todo amado, pois amores s�o sempre imperfeitos, precisamos encontrar nosso modo de prosseguir nesta tarefa, ora �rdua, ora grata, de viver


28/11/2021 04:00 - atualizado 28/11/2021 02:13

ilustração mostra telefone laranjado, do modelo com disco, com o fone vermelho
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A coisa mais dolorosa na vida de uma fam�lia � ter em seu seio algu�m que desiste. Da fam�lia, da vida, de si pr�prio. Nunca saberemos onde colocar isso em nossos cora��es, a cada dia tentaremos dar um sentido para o que parece gesto sem sentido, o mist�rio de abrir m�o de nosso dom mais valioso, que � a luta e defesa da vida.

Coutinho Jorge comenta que no discurso capitalista Lacan aponta a invers�o que desvaloriza a vida humana com a m�xima  “ningu�m � insubstitu�vel”. Trata-se, para a psican�lise, exatamente o contr�rio: “Ningu�m � substitu�vel”.

Isto nos torna mais respons�veis ainda. Temos em nossas m�os o dever de sustentar nosso valor, mesmo que os obst�culos no caminho tenham nos feito sofrer. Al�m disso, nossa condi��o humana subordinada � linguagem e a cultura nos retira da natureza, fazendo em n�s uma cis�o incur�vel.

Quando Georges Bataille, citado por Coutinho Jorge, disse que o animal est� em homogeneidade entre mundo e corpo, ou seja, que o animal est� no mundo como �gua para �gua, destaca que,  para o homem, ser de linguagem e desejo,  entre corpo e mundo h� o profundo abismo que torna o mundo uma alteridade radical para cada um.

Este fato torna a vida extremamente trabalhosa, quem n�o sabe? Nascemos sem manual de instru��es, n�o somos dotados de instinto como os animais, que j� nascem sabendo o que v�o comer, como parir e t�m no cio a regula��o da vida reprodutiva.

N�s, seres falantes, somos submetidos �s puls�es, elas saem do corpo em busca de um objeto de satisfa��o plena e voltam sem encontr�-la. Nossa sexualidade � um espinho na carne por n�o ter a adequa��o de um objeto certo.  Nada nesse campo da rela��o com o desejo � predeterminado. O desejo �, em grande parte, inconsciente. Nem sempre sabemos o que desejamos.

Temos o trabalho de dar sentido � vida ou ela n�o ter� nenhum. O que traz sentido para a vida � o desejo �nico em cada um; traz�-lo � consci�ncia � se encontrar. Este desejo � o que em cada um de n�s oferece o motivo da vida, o �nimo para o trabalho e sustenta a vida.

Porque a vida � dif�cil, � luta, � esfor�o di�rio de levantar para o ganha-p�o di�rio, � produzir desde o alimento mais b�sico at� as mais complexas tarefas – como estudar, trabalhar, se relacionar. E relacionar-se n�o apenas com o outro, mas consigo, por sermos dotados de um inconsciente, um desconhecido estranho e inc�modo que se percebe em sonhos, atos falhos, lapsos de linguagem e na escuta.

A escuta da subjetividade � sens�vel. Nem todos se det�m e se perguntam sobre o que fazem, como fazem, por que fazem. E mais: nem todos conseguem sair da nega��o de estar sempre fugindo, adiando adentrar suas dores, seus desamores.

Nem todo pai responde como pai. Nem todo pai sabe que sua fun��o � imprescind�vel para salvar o filho. Seu afeto e limites ensinam a vida e mostram o valor que d� a este ser que trouxe ao mundo. Este valor, recebemos deste outro que nos engendrou.

Nem toda m�e desejou o filho completamente. Algumas nem mesmo o quiseram, sem condi��es de acolher, conduzir. Sem abra�os e calor do afeto.

Mesmo assim, embora n�o todo amado, pois amores s�o sempre imperfeitos, mesmo o dos pais e m�es, ainda assim precisamos encontrar nosso modo de prosseguir nesta tarefa, ora �rdua, ora grata, de viver, alguns dias sobreviver...

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