(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas PSICAN�LISE

N�o podemos ser c�mplices do genoc�dio dos povos ind�genas

Como o homem branco � o exterminador mais instrumentalizado para a crueldade, opress�o e sedu��o do outro, ele anseia suprimir diferen�as


20/02/2022 04:00 - atualizado 18/02/2022 22:49

Fotografada de perfil, a jovem líder indígena brasileira Txai Suruí usa cocar e olha para cima, tendo ao fundo cenário azul e folhagens
"Vamos lutar por um futuro e um presente habit�veis", defendeu Txai Suru� em seu discurso hist�rico na COP26 (foto: Paul Ellis/AFP/9/11/21)

A Revista Ecol�gico, em sua edi��o da lua cheia de novembro e dezembro de 2021, foi dedicada ao tema “Quest�o ind�gena – Um Brasil que n�o reconhece e mata seus primeiros habitantes”. Assunto importante sobre o qual precisamos nos deter. O que ocorreu com os povos ind�genas do mundo, e atualmente ocorre no Brasil, �, todos sabem, um genoc�dio.
 
Nunca me esque�o do filme “A miss�o” (1986), dirigido por Roland Joff�. Um grande conflito entre jesu�tas e escravagistas sobre os �ndios guaranis – os primeiros, para convert�-los; os outros, para captur�-los.

Foi um genoc�dio violento, n�o menos que outros da humanidade, sobre aquele povo que n�o se dobrou. Os guaranis n�o abriram m�o de sua cultura e nunca puderam ser escravizados por n�o assimilarem e se dobrarem a escravagistas e religiosos, sendo que estes ainda n�o desistiram de sua miss�o evangelista.

O povo ind�gena tem seus pr�prios valores, � filho da natureza. Nada pode substituir sua sabedoria ancestral. Como o homem branco � o exterminador mais instrumentalizado para a crueldade, opress�o e sedu��o do outro, ele anseia suprimir diferen�as. N�o suporta oposi��es, independ�ncias.

Impor o bem universal como valor totalizante � tarefa imposs�vel, pois cada �tica determina uma vis�o de mundo. A �tica religiosa � completamente diferente da ate�sta, da filos�fica, da cient�fica e, enfim, da psicanal�tica. Ainda podemos lembrar a diversidade das escolhas de g�nero. Da quest�o racial e toda gama de preconceitos vindos daqueles que acreditam ter supremacia sobre todos e tudo.

Todas essas coisas s�o ineg�veis e demonstram que no real, na vida como ela �, o que existe mesmo � uma enorme diversidade. Somos todos, de fato, estrangeiros nesta Terra. H�spedes passageiros e, como manda a boa educa��o, dever�amos agir como se n�o f�ssemos donos de nada, nem mesmo de nossos corpos e mentes. No mais, podemos ter la�os afetivos e redes sociais de apoio e comunh�o. Ou estranhamentos que v�m daqueles que pretendem um para-todos imposs�vel, tipo pequenos “hitleres”. Nem guerra resolve, nem nada.

� bom sempre reler o poema de Eduardo Alves da Costa, “No caminho, com Maiak�vski”: “Na primeira noite eles se aproximam/ e roubam uma flor/ do nosso jardim./ E n�o dizemos nada./ Na segunda noite,/ j� n�o se escondem:/ pisam as flores,/ matam nosso c�o,/ e n�o dizemos nada./ At� que um dia,/ o mais fr�gil deles/ entra sozinho em nossa casa,/ rouba-nos a luz/ e conhecendo nosso medo/ arranca-nos a voz pela garganta./ E j� n�o podemos dizer nada.”

Importante tamb�m este belo discurso proferido por uma jovem brasileira na Confer�ncia das Na��es Unidas sobre Mudan�a do Clima (COP26), em novembro do ano passado:

“Meu nome � Txai Suru�. Eu tenho s� 24, mas meu povo vive h� pelo menos 6 mil anos na floresta amaz�nica. Meu pai, o grande cacique Almir Suru�, me ensinou que devemos ouvir as estrelas, a lua, o vento, os animais e as �rvores.

Hoje o clima est� esquentando, os animais est�o desaparecendo, os rios est�o morrendo, nossas planta��es n�o florescem como antes. A Terra est� falando. Ela nos diz que n�o temos mais tempo.

Uma companheira disse: vamos continuar pensando que com pomadas e analg�sicos os golpes de hoje se resolvem, embora saibamos que amanh� a ferida vai ser maior e mais profunda?

Precisamos tomar outro caminho com mudan�as corajosas e globais.

N�o � 2030 ou 2050, � agora!

Enquanto voc�s est�o fechando os olhos para a realidade, o guardi�o da floresta Ari Uru-Eu-Wau-Wau, meu amigo de inf�ncia, foi assassinado por proteger a natureza.

Os povos ind�genas est�o na linha de frente da emerg�ncia clim�tica, por isso devemos estar no centro das decis�es que acontecem aqui. N�s temos ideias para adiar o fim do mundo.

Vamos frear as emiss�es de promessas mentirosas e irrespons�veis; vamos acabar com a polui��o das palavras vazias, e vamos lutar por um futuro e um presente habit�veis.

� necess�rio sempre acreditar que o sonho � poss�vel.

Que a nossa utopia seja um futuro na Terra.”

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)