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Estado de Minas EM DIA COM A PSICAN�LISE

Temos de nos empenhar em realmente escutar o outro

� necess�ria a aten��o ps�quica delicada. E coragem para dizer n�o, chamar para conversar e exigir, por amor, que o filho, irm�o ou amigo n�o se perca


14/08/2022 04:00 - atualizado 14/08/2022 09:12

Ilustração mostra figura de mulher isolada dentro de uma campânula

Um pedido de socorro nem sempre � expl�cito. Ele vem de formas tortas e enviesadas. Vem sem que o pr�prio sujeito saiba. Vem do inconsciente. Podemos perceb�-lo se estivermos ligados e atentos ao que o outro demonstra em seus atos, palavras e entrelinhas. E a� h� uma demanda, um apelo esperando para ser escutado.

Podemos observar que quando algu�m se dirige a n�s, por qualquer motivo e de qualquer forma, seja palavra, gesto, queixa ou ato, est� esperando, no m�nimo, ser visto, escutado e obter a nossa aten��o. Isto � uma demanda. �s vezes, velada ou encoberta sob o v�u de desamparo. Sem jeito, t�mida.

Se andamos distra�dos e absorvidos pela correria do dia, os compromissos e com nossas pr�prias prioridades, n�o nos damos conta e a coisa escapa. �s vezes, justo daqueles que est�o bem na nossa frente, ao lado e s�o pr�ximos e familiares.

Filhos e pais n�o se escutam. Assim como amigos, vizinhos, colegas. Vivemos a vida tomados por nossos pr�prios fantasmas, pouco atentos a palavras que nos dizem e a gestos que nos enviam.

Na cl�nica, n�o cansamos de alertar aos pais, companheiros e irm�os sobre a necessidade da aten��o voltada para o emocional de cada um na fam�lia. N�o s�o os deveres e atividades que nos mant�m ocupados que resolvem ansiedades e ang�stias. Isto � um engano. Dos grandes.
� necess�ria a aten��o ps�quica delicada e firmeza na dire��o. � preciso coragem para dizer n�o, educar, chamar para uma conversa e exigir, por amor, que o filho, irm�o ou amigo n�o se perca. N�o importa a idade, nem o medo de contrari�-lo. Importa o gesto, a palavra que pode salvar o outro de si mesmo, caso n�o se sinta acolhido e inclu�do ao desejo do outro.

As pessoas em sofrimento nem sempre buscam ajuda. Elas acreditam que podem aguentar sozinhas e que a for�a vai ajudar. For�a n�o resolve nada. Ao contr�rio, s� nos faz mais exigentes e duros conosco.

Pessoas que buscam apoio no �lcool, drogas ou em qualquer tipo de excessos geralmente nunca pedem ajuda. Mas sua conduta est� clara e visivelmente associada ao desejo de autodestrui��o, que pode ser percebido por quem est� por perto. Mas estes, embora pr�ximos, podem estar, ao mesmo tempo, longe, muito longe.

O que leva uma pessoa a desejar a morte e ir neste caminho, mesmo que indiretamente, � o n�o pertencimento ao desejo do outro, n�o estar na posi��o de desej�vel. N�o se encaixar no desejo de algu�m que o acolha, cuide, retire-o do desamparo fundamental no qual nascemos.
O fato de estarmos pr�ximos fisicamente n�o garante o desejo. O desejo de viver � herdado. Nascemos como sujeitos capazes de desejar e nos humanizamos quando somos desejados. Estar perto n�o tem nada a ver com aten��o �quilo que o outro sofre.

Fazemos la�os pela palavra e sem eles estaremos fora da vida em comum. Ficamos � margem da nossa cultura, assim como s�o os autistas, psic�ticos, esquizofr�nicos, etc. Passamos uma vida ao lado de algu�m sobre quem pouco ou nada sabemos. E a dor de existir � para todos, pelo fato de existir um real que n�o podemos controlar e nem ter certeza de quase absolutamente nada.

Estamos � merc� do acaso, gr�ozinhos de areia no universo sem saber at� quando. Nosso fim � a �nica certeza. A vida � sem garantias, do amor do outro n�o podemos ter certeza, isso faz a dor do ser. Ela � para todos. Por mais que nos esforcemos para fugir dela ou neg�-la, surge sem aviso pr�vio. E d�i o peito. Como d�i.

A cl�nica oferece espa�o de aten��o ps�quica, oportunidade de escuta deste pedido de amor, seja mudo ou aos gritos. Por�m, n�o para satisfaz�-lo. Ao contr�rio, a verdadeira ajuda permite ao sujeito seu pr�prio desejo, retirando-o de seu equ�voco em pensar que a solu��o esteja no outro, no amor, na vida festiva, na ocupa��o constante, na bebida ou nas drogas, sejam elas legais ou ilegais.

A vida n�o tem solu��o perfeita, � acidentada, os caminhos s�o tortos com inclina��es imprecisas e trilhas tortuosas de dif�cil acesso, perigosas. Quase sempre � um grande esfor�o viver.








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