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Estado de Minas EM DIA COM A PSICAN�LISE

Imagin�rio coletivo envia preocupantes sinais de alerta ao Brasil

Tradi��o, religiosidade, repress�o e misoginia somam-se e freiam avan�os sociais. Feminic�dio traduz a violenta l�gica f�lica que governa o mundo


30/10/2022 04:00 - atualizado 29/10/2022 21:13

Ilustração mostra figura feminina na mira de uma arma, sob fundo vermelho


Nestes tempos sombrios, � bom entender o que est� velado sob o imagin�rio coletivo, que em grande parte, hoje, demonstra prefer�ncia conservadora. Tend�ncia essa que julg�vamos superada e agora nos inquieta. Convic��o moralizante de tempos atr�s, tradi��o, religiosidade, repress�o e misoginia somam-se e freiam os avan�os sociais atuais.

Reitero: n�o me limito ao Brasil. � mundial. Movimentos nacionalistas, racistas, fascistas, machistas, num rev�s dos progressos de conquistas importantes no terreno dos direitos humanos, como a inclus�o das diferen�as, a resposta conservadora vem positiva, violenta. Vem dos ressentidos amea�ados com a perda de poder, com o qual por tanto tempo controlaram o mundo.

A Igreja unida ao Estado fez guerras hom�ricas. O homem branco, acreditando-se dono do mundo, sempre imp�s seu desejo por s�culos, deixando �s mulheres o direito ao sil�ncio e o lugar de objeto de seu desejo. Objeto n�o deseja. N�o tem direitos.

A luta das mulheres rompeu barreiras. O advento da p�lula anticoncepcional lhes permitiu mais: a liberdade sexual. O acesso ao desejo as retira da mortifica��o esmagadora da violenta l�gica f�lica que sustenta a virilidade de um homem que dirigia o mundo e tinha a posse do gozo.

A resposta do homem frente ao desejo feminino se mant�m forte e violenta. Na semana passada, a TV exibiu cenas terr�veis de viol�ncia contra uma mulher na rua – e elas se repetem cotidianamente, muitas vezes seguidas por feminic�dio.

O que quer uma mulher? – a esta pergunta ningu�m jamais respondeu, nem mesmo elas, pois o que est� em jogo no feminino n�o se sustenta por palavras.

A falta do �rg�o na mulher, sua castra��o ineg�vel, permite que ela deslize livremente pelo desejo, uma vez que n�o precisa sustentar, no corpo, este s�mbolo de pot�ncia em ere��o do qual se torna escravo o macho. E que, caso fracasse, resulta em grande humilha��o, pois n�o pode falhar, j� que deve ser todo.

Todo-poderoso e “imbroch�vel”, para lembrar o neologismo atual que nos foi ofertado de bom grado, no Dia da Independ�ncia, para nos servir de exemplo. O homem, al�m de paramentado com seu �rg�o, ainda assim necessita de um poder extra, o poder f�lico, para garantir seu poderio para al�m do sexo. N�o � tarefa f�cil e nem simples. Por isso dizemos: a mulher � sintoma do homem. Sua tarefa � imposs�vel: controlar o incontrol�vel, governar o ingovern�vel.

A mulher, ao contr�rio, por se ver privada do p�nis, pode se permitir transitar por outras zonas er�genas, ampliando seu campo de gozo. Para ilustrar, � bom lembrar a lenda de Tir�sias, o s�bio e vidente grego. Passeando, ele encontrou duas serpentes em c�pula, as quais atingiu com seu bord�o. Ao toc�-las, mudou de g�nero, transmutando-se por sete anos em mulher. Passados estes anos, reencontrando as serpentes, repetiu seu ato, retornando ao g�nero de nascimento.

Zeus e Hera, deuses do Olimpo, t�m curiosa discuss�o sobre qual dos dois sexos tira mais prazer do ato sexual. Hera mostrou-se simpatizante pelo lado masculino, enquanto Zeus se referia ao sexo feminino como o mais feliz nessa quest�o. Decidiram, ent�o, chamar Tir�sias.

Ainda desprovido dos dons que acabariam por torn�-lo famoso, esse habitante de Tebas proferiu uma curiosa ideia: “Das dez partes do prazer, as mulheres t�m nove e o homem apenas uma”, o que exaltou a ira de Hera.

Zangada, a deusa cegou-o, mas seu marido, para compensar tal ato, deu a este homem o dom da profecia, que acabou por torn�-lo um dos mais famosos profetas da Gr�cia Antiga. N�o digo que tenha sido favorecido... 








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