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Estado de Minas EM DIA COM A PSICAN�LISE

Minha utopia de Natal

Ser�o comemorados os mandamentos de Jesus? Seria o melhor dos mundos se as m�os se dessem e o amor superasse o �dio


25/12/2022 04:00 - atualizado 24/12/2022 00:34

Papa Francisco beija imagem do Menino Jesus na Basílica de São Pedro, em Roma
Papa Francisco beija imagem do Menino Jesus na Bas�lica de S�o Pedro, em Roma (foto: Filippo Monteforte/AFP)

 
Poucas vezes me lembro de ter publicado no domingo de Natal, mesmo escrevendo h� tantos anos. Hoje estamos reunidos em fam�lia ou at� mesmo sozinhos em casa preparando um bom caf� da manh�, um almo�o especial, com o prazer em comemorar esta data.
 
O anivers�rio de Jesus � festejado em quase todo o mundo por aqueles que s�o crist�os e at� pelos que n�o s�o. Pelos que creem ser Ele o filho de Deus e pelos que o conhecem por seu nome e feitos, pelas s�bias palavras, por defender Maria Madalena do apedrejamento, feminista que era. E por andar nos trilhos da globaliza��o, isto �, a esmo, encontrando diferentes povos e pessoas sempre com uma palavra de acolhimento, uma par�bola para ensinar, abrindo olhos de cegos e ouvidos de surdos.
 
Tanto � que sua fama atravessou s�culos. Ainda vivas hoje, suas palavras s�o tomadas como orienta��o de vida por milhares de almas, as mais perdidas, e o mundo ganha novos adeptos e crentes, sendo o evangelismo um forte ativismo pol�tico-religioso, com grande alcance.
 
S� lamento pelos evang�licos terem se deixado arrastar para a pol�tica, entrando no lama�al da hipocrisia de modo torto e equivocado. A bancada evang�lica de extrema direita n�o representa a simplicidade de Jesus. O moralismo vem acima do amor, e isso n�o � bom.
 
Jesus pregou o amor acima de todas as coisas. Em sua toler�ncia, inclu�a a todos em sua mesa, e andava atr�s de almas em sofrimento, sem julgamento ou sele��o do tipo “este sim”, “este n�o”. Todos eram bem-vindos ao reino de seu Pai, todos eram convidados, e aqueles que aceitavam o convite muito o alegravam.
 
At� mesmo no momento de seu mart�rio final, ali na cruz, teve tempo de acolher um ladr�o, que, arrependido, ainda esperava socorro. Jesus, em agonia, dirigiu a ele palavras de alento e esperan�a, mesmo sendo a morte o horizonte �bvio. Assim, de certo modo, vencia a morte. Mesmo que o corpo falecesse. S�o duas as mortes, a do corpo e a do desejo. Foi assim que Jesus deu um sopro de esperan�a ao moribundo.
 
N�o discuto com cr�dulos e incr�dulos quanto � divindade ou � vida eterna. No que crer, isso cabe a cada um decidir. Certo � que, pela f� e por amor, montanhas se movem para drogados, alcoolistas, malfeitores que superaram a puls�o de morte e alcan�aram uma vida digna.
 
Provar “a verdade” como �nica n�o � o caso aqui, mas reconhecer os efeitos da f� na vida das pessoas � um fen�meno que nos interessa.
 
Como disse a m�sica, a esperan�a vem at� mesmo das antenas de TV e h� arte em viver da f�, s� n�o importa a f� em qu�. Devemos jogar fora aquele dito “pau que nasce torto morre torto”. Por amor se muda uma vida, sim. A psican�lise � a prova de que o amor ao analista e o trabalho com as palavras salvam as pessoas de seu sofrimento, e elas renascem para o desejo adormecido.
 
Acordo pensando se hoje, no grande dia da festa crist�, as pessoas que est�o na porta do quartel vizinho de onde moro deixar�o os ideais de manifestantes para se reunirem no amor. Deixando as contendas de lado e torcendo todos pelo Brasil que desejamos. Pelo que pode dar certo. Sempre, n�o importa quem ven�a ou perca as elei��es, como manda a democracia e a Constitui��o. Protestar faz parte, mas interven��o militar � outra coisa. E o mesmo diria diante da judicializa��o crescente na pol�tica.
 
Pergunto-me se os inconsol�veis estar�o reunidos apenas com aqueles familiares com o mesmo ideal e partido pol�tico, a mesma f�, ou se acolher�o e reatar�o com os que discordaram e foram banidos e odiados. O perd�o e a toler�ncia ser�o praticados neste Natal? Ser�o comemorados os mandamentos de Jesus? Porque nada disso se viu nas brigas entre irm�os, amigos, familiares.
 
Ser�o os diferentes acolhidos? Haver� lugar � mesa para o que vive solit�rio, abandonado, sem fam�lia, sem abrigo? Haver� lugar para os pacifistas, os que n�o se armam, os que t�m miseric�rdia pelos doentes, empatia no sofrimento e na diferen�a, de bra�os abertos para o que representa a vida, o para-todos t�o dif�cil de praticar?
 
Seria o melhor dos mundos se as m�os se dessem e o amor superasse o �dio. Este seria o Feliz Natal!! O Natal dos dignos, dos que estendem a m�o para incluir o outro, seja ele par ou �mpar, sem conden�-lo ou julg�-lo. Seja hetero, gay, trans, puta, normal, doido ou ladr�o.
 
Utopia ou n�o, seria um mundo melhor.

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