Ao inocentar Lula, Fachin agrada menos e desagrada mais

Pois �. Lula n�o � mais considerado culpado. Ao menos enquanto valer a decis�o proferida por Edson Fachin que anulou os seus processos na Lava-jato de Curitiba. Contudo, isso n�o significa que � inocente. Ao contr�rio! Mas sabemos como a banda toca nas esferas judiciais de Bras�lia. Provavelmente, o petista jamais assistir� a uma condena��o outra vez. Ou seja, na pr�pria l�pide, ele poder� escrever: “a alma mais honesta deste Pa�s”.

O PT, petistas e seus sat�lites, costumeiramente mentem sobre fatos incontest�veis a fim de emplacarem suas narrativas sempre distorcidas da realidade e da hist�ria. Com uma decis�o judicial dessas, ent�o, a� � que ir�o "deitar e rolar" em torno da fal�cia sobre a inoc�ncia do l�der do maior bando de assalto aos cofres de um pa�s, em todo o mundo e em toda a hist�ria ocidental. Lula ser� declarado um m�rtir, e Moro, um d�spota da lei.

Nomeado por Dilma Rousseff, Edson Fachin sempre foi pr�ximo a Lula e �s esquerdas, mas igualmente um ferrenho defensor da Lava-jato. Sua decis�o poder� favorecer todos os lados, inclusive Moro. Mas n�o � razo�vel considerar que um juiz federal de primeira inst�ncia, tr�s desembargadores de segunda inst�ncia e cinco ministros do STJ tenham se enganado tanto. Fachin ignorou solenemente todos os seus colegas e decis�es anteriores.

Por�m, h� sempre que se olhar “o todo”, sobretudo nas quest�es envolvendo a politicagem que rola solta, h� tempos, na Suprema Corte. O ministro at� poder� n�o ser reconhecido por isso, mas que parece que est� mirando a prote��o da Lava-jato e, no limite, a reputa��o de Moro, isso parece. E mais: talvez esteja atirando no que viu (a elegibilidade e at� mesmo a inoc�ncia de Lula), mas igualmente acertou no que (tamb�m) viu.

� p�blico e not�rio, que a dupla Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, com aux�lio do novo ministro K�ssio Nunes Marques, indicado pelo verdugo do Planalto, Jair Bolsonaro, iria lograr �xito em n�o s� declarar Sergio Moro suspeito como em abrir caminho para as anula��es de centenas de decis�es proferidas, n�o s� contra Lula, mas tamb�m contra figur�es do mundo pol�tico e empresarial, muitos deles amigos da Corte, fisgados na Lava-jato.

Estava em curso, portanto, o assassinato oficial, e judicial, da reputa��o de Sergio Moro. A partir do momento em que se tornou desafeto do amig�o do Queiroz, o ex-ministro da Justi�a assistiu � aposentadoria do decano Celso de Mello se tornar a porta que o levaria ao inferno, quando Bolsonaro nomeou mais um ministro anti-Lava-jato para o Supremo. A ideia sempre foi emplacar um “voto de minerva” no eterno 2x2 da segunda turma do STF.

Ap�s sair do governo, pelas raz�es que cada vez mais conhecemos, e uma certa mans�o de seis milh�es de reais est� a� para comprovar, Moro se tornou, al�m de inimigo n�mero 1 do bolsonarismo - j� que, hoje em dia, Lula � um aliado -, um forte poss�vel rival pol�tico-eleitoral do devoto da cloroquina. �, segundo diversas pesquisas, o �nico dos atuais pr�-candidatos capaz de bater o man�aco do tratamento precoce nas elei��es de 2022.

Por isso, aniquilar a imagem de “algoz da corrup��o”, que Sergio Moro tem, era fundamental para as pretens�es pol�tico-eleitorais do marido da receptora de cheques de milicianos, bem como para as pretens�es libert�rias dos apaniguados de toga dos super mafiosos brasileiros. Quando essa turma se junta, � para valer. As express�es “o sistema � foda” e “o mecanismo � bruto” n�o surgiram por acaso. O Brasil, como se diz, n�o � para amadores.

Se de bunda de nen�m e de cabe�a de ministro, ops!, de juiz, ningu�m sabe o que esperar, das urnas muito menos. As elei��es de 22 est�o pr�ximas, sim, mas infinitamente distantes, j� que vivemos tempos de indefini��es t�o graves quanto a pr�pria rela��o entre a vida e a morte. A pandemia, sobretudo no Brasil, com tantas consequ�ncias sanit�rias e econ�micas, ser� determinante para qualquer cen�rio eleitoral que se pretenda.

Particularmente, creio que o sonhado embate entre a cleptocracia lulopetista e o nazifascimo homicida bolsonarista n�o est� assim t�o garantido. A despeito da enorme “for�a eleitoral” de ambos os lados, o que � terr�vel para o Pa�s, n�o descartaria uma esp�cie de insurg�ncia da parte que presta - e que pensa com mais de dois neur�nios - do eleitorado nacional, que � a ampla maioria, inclusive. Algo como 60% da popula��o apta a votar.

Moro, Huck, Mandetta e outros nomes de centro poder�o, sim, ser beneficiados de alguma forma com essa bandalheira toda. N�o ser� pouca a indigna��o da popula��o com mais um caso de impunidade extrema, e � muito pouco cr�vel que Jair Bolsonaro, ao lado do Centr�o, consiga enganar novamente o eleitor com o papinho de que � contra a corrup��o. Quem tem Fabr�cio Queiroz e Fl�vio Bolsonaro tem um telhado de vidro enorme. 

Acredito tanto, infelizmente, que o Pa�s estar� t�o “lascado” em 2022, que h� uma chance relativamente boa de o “tiro” do Fachin sair pela culatra. Com Bolsonaro desgastado e Lula odiado, os eleitores poder�o - e assim espero!! - migrar para uma outra via eleitoral, fora dos extremos nefastos, e fazer uma escolha n�o baseada em �dio e idolatria, mas em um m�nimo de racionalidade e bom ju�zo. S� espero que Deus tamb�m pense assim. O STF, eu tenho certeza que n�o.