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Estado de Minas OPINI�O SEM MEDO

Colapso da Sa�de: Bolsonaro � culpado, mas eu tamb�m. Perd�o

Eu, Ricardo Kertzman, lamentavelmente ajudei a eleger o homicida que comanda o Brasil; e pe�o sinceras desculpas


17/03/2021 06:49

"O sujeito s� pensa em si, na sua prole enrolada com a Justi�a e em sua reelei��o" (foto: Marcelo Camargo/Ag�ncia Brasil)


Os americanos s�o mestres em criar frases: “um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para humanidade'', Neil Armstrong, em 20 de julho de 1969 ao pisar na lua.

Ao pensar no meu voto no segundo turno da elei��o presidencial de 2018, me ocorreu a frase: “Deus, o que fizemos”? Na verdade, eu pensei: Deus, o que (que merda) eu fiz?

Robert Lewis (1917-1983) foi o piloto americano da miss�o secreta que culminou na explos�o da primeira das duas bombas at�micas que dizimaram o Jap�o em 6 de agosto de 1945. 

Ele estava a bordo da aeronave B-29, respons�vel por carregar o artefato nuclear “Little Boy” que, t�o logo foi detonado, pulverizou instantaneamente 150 mil moradores de Hiroshima.

Essa era uma bomba de Ur�nio. Tr�s dias depois, em 9 de agosto, uma outra carga at�mica, de plut�nio, chamada “Fat Man”, explodiu sobre Nagasaki incinerando 80 mil vidas.

Lewis retratou o horror a que assistiu - e que fora respons�vel - em um di�rio. Nele, al�m de desenhos do “cogumelo at�mico”, relatou a miss�o e escreveu: “Deus, o que fizemos?”.

Somadas as duas bombas, numa compara��o simplista, for�ada e diria esdr�xula, a COVID-19 j� matou mais brasileiros que a trag�dia at�mica da segunda guerra: 280 mil a 230 mil mortos.

No primeiro turno votei em Henrique Meirelles. No segundo, com os olhos fechados e o nariz tampado, pedi para minha filha, ent�o com 12 anos, apertar o 1 e o 7, pois n�o tive coragem.

Minha ojeriza ao lulopetismo e a tudo o que ele representa, me fez, assim como a milh�es de outros brasileiros, fingir que Jair Bolsonaro era algo melhor, sen�o menos pior, que Haddad.

No come�o do governo, diante uma boa forma��o ministerial e alguns acertos, at� cheguei a elogiar o atual verdugo do Planalto - e a criticar o excesso de m�-vontade da imprensa.

Contudo, a partir dos desatinos subsequentes, e sobretudo ap�s o desembarque do maldito novo coronav�rus no Pa�s, o que j� n�o era doce se tornou amargo; um fel intrag�vel.

O amig�o do Queiroz, pai do senador das rachadinhas e da mans�o de 6 milh�es de reais, � um dos maiores erros da minha vida. E olhem que a concorr�ncia � grande e variada.

Eu n�o vou adentrar ao m�rito do compadrio com o Centr�o, a demoniza��o de Sergio Moro, a extin��o da Lava Jato e o boicote � pris�o em segunda inst�ncia. Isso � pouco.

Tampouco irei me ater �s catastr�ficas medidas econ�micas e ao maior estelionato eleitoral da nossa hist�ria. Muito menos lamentar os pensamentos toscos e as falas desconexas.

Minha “treta” com Bolsonaro � outra! E come�ou com as seguidas tentativas de auto golpe em 2020 para chegar at� os dias de hoje, com seu comportamento insano e infame.

Seja como presidente ou ser humano (ele �?), em rela��o � COVID-19, �s v�timas fatais e aos familiares e amigos, suas falas e atitudes s�o abjetas, eivadas de �dio, viol�ncia e mentiras.

Desconhe�o, inclusive, nos dias de hoje, ao menos, ditadores e fac�noras, mundo afora, que reproduzem o comportamento vil que Jair Bolsonaro imp�e ao Brasil e aos brasileiros.

J� s�o 3 mil mortos por dia por COVID-19. Quase 300 mil vidas que se foram. Sem vacinas, o man�aco da cloroquina nos lidera a uma cat�strofe sem precedentes na nossa hist�ria.

A mim me parece que o sujeito opera em duas frentes: a loucura, que acredito lhe ser nata. E o m�todo, a fim de levar o pa�s ao caos sanit�rio, econ�mico e social. E ao golpe!

N�o � toa investe tanto em desinforma��o, mentiras e cis�o da sociedade. Como n�o � � toa sua obsess�o armamentista, e o populismo financeiro com as Pol�cias e as For�as Armadas.

Bolsonaro sonha, planeja, trabalha e tentar�, mais cedo ou mais tarde, de uma forma ou de outra, golpear a democracia. Por isso me penitencio tanto. N�o s�, mas tamb�m por isso.

As perdas nesta pandemia, materiais e humanas, s�o terr�veis e irrecuper�veis para milh�es de brasileiros. E o presidente � incapaz de um gesto de consolo, uma palavra de carinho.

O sujeito s� pensa em si, na sua prole enrolada com a Justi�a e em sua reelei��o. Se em 2022 o Brasil contar com menos 500 ou 600 mil brasileiros, e da�? Ele n�o � coveiro.

O Brasil atirou no lixo, gra�as a Bolsonaro e Pazuello, mais de uma centena de milh�o de doses de vacinas, ainda em 2020. Quantas vidas isso j� est� custando e ainda custar�? 

Entendem, caros leitores, por que escrevo tanto sobre este energ�meno e sou t�o �cido nas palavras? � um misto de indigna��o e de raiva. Uma esp�cie de... culpa! E como n�o sentir?

Encerro com um sincero pedido de desculpas pelo que fiz. E ainda que eu considere meu erro imperdo�vel, apelo � boa vontade daqueles que tamb�m erraram, como eu errei. Perd�o.

Homicida: “adjetivo de dois g�neros; aquele que acarreta ou pode acarretar a morte de muitas pessoas”. Promover e apoiar aglomera��es; recusar e desdenhar das vacinas; pregar contra o uso de m�scaras; combater o distanciamento social;  fazer propaganda de tratamentos ineficazes s�o atitudes homicidas, sim.

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