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Estado de Minas OPINI�O SEM MEDO

Defla��o para ingl�s ver: vida real desmente o governo e castiga o cidad�o

Perguntem na padaria, no supermercado, para o pai de fam�lia, para a m�e que sustenta sozinha cinco filhos, o que � defla��o


10/08/2022 08:38

leite espirra
Leite subiu 25% (foto: pixabay)


Medidas e estat�sticas fazem parte do nosso cotidiano, desde que deixamos as cavernas e passamos a nos organizar como sapiens. Ao longo de mais de 200 mil anos, a humanidade desenvolveu, al�m da fala e da escrita, habilidades matem�ticas diversas.

Somos o que somos e seremos o que seremos gra�as aos n�meros. Devemos a essa cria��o tudo o que nos rodeia, da mais simples x�cara de caf� ao mais complexo implante ocular, ou card�aco, instalado em nosso corpo, passando pelo teclado em que escrevo.

N�meros e medidas s�o algumas das mais brilhantes inven��es humanas. O tempo, por exemplo: sem ele, estar�amos relegados � desordem e ao caos. Como poder�amos nos orientar e viver, sem segundos, minutos, horas, dias, meses e anos?

Por�m, no campo biol�gico, na vida estritamente f�sica, o tempo pouco importa. Iremos nascer, crescer, viver e morrer independentemente da contagem do rel�gio ou do calend�rio. Nossas c�lulas, tecidos e �rg�os n�o est�o nem a� para essas coisas.

O PAPEL ACEITA TUDO

S�o os n�meros, portanto, o verdadeiro deus onipresente de nossas vidas. Para o bem e para o mal, ali�s. Podem retratar a verdade e nos guiar pelo bom caminho, ou podem mentir, dissimular e conduzir-nos pelo vale da morte. Criador e criatura determinam o rumo.

H� uma velha m�xima que diz: ‘o papel aceita tudo’. Sim, � verdade. Uma folha em branco, ou uma tela de computador vazia, podem ser preenchidas a gosto do autor. Torcendo, retorcendo e distorcendo, n�meros e dados podem ser espancados como quisermos.

Outra velha m�xima diz: ‘para o otimista, o copo est� meio cheio. Para o pessimista, o copo est� meio vazio’. Subjetividade n�o � meu forte, mas tendo a dar certa raz�o ao enunciado. Ora, como os n�meros, a realidade, ainda que erroneamente, pode ser manipulada.

Pessoalmente, prefiro uma abordagem mais racional, mais pragm�tica das coisas. Quando compro algo � vista, com desconto, n�o penso que economizei algum dinheiro, mas, sim, que gastei um pouco menos. Parece a mesma coisa, eu sei, mas garanto… n�o �.

INFLA��O

O governo comemorou a defla��o (queda de pre�os) anunciada pelo IBGE: 0,68% em julho. Com isso, o IPCA (a infla��o oficial)  acumula alta de 10% em um ano. � para comemorar? Bem, depende. � a hist�ria do copo. Para uns, est� meio cheio. Voc� � quem manda.

Em um cen�rio de alta generalizada e constante de pre�os, como vimos experimentando h� dois anos seguidos, � uma �tima not�cia, sem d�vida. Agora, comemorar � outra coisa. At� porque, meus caros e caras, � uma situa��o, digamos, artificial, produzida na marra.

O �ndice s� foi poss�vel gra�as �s medidas de redu��o de impostos dos combust�veis e da energia el�trica. O efeito, portanto, � passageiro. Os alimentos, por exemplo, est�o ‘nem te ligo, farinha de trigo’, e continuam subindo feito os foguetes do Elon Musk.

O leite disparou 25%. Os servi�os tamb�m subiram. Lazer, idem. As passagens a�reas decolaram como os avi�es. Ou seja, no dia a dia, a carestia n�o deu tr�gua e continua nos castigando sem d� nem piedade; sobretudo as pessoas e fam�lias de renda mais baixa.

REALIDADE

Vou fazer uma pergunta meramente ret�rica, pois a resposta eu sei de cor e salteado - por experi�ncia pr�pria: suas contas, leitor amigo, leitora amiga, diminu�ram ou aumentaram em julho? Aluguel, condom�nio, escola dos filhos, cerveja, picanha, sal�o, arroz, feij�o, frango?

Pergunto ainda: a infla��o projetada pelo governo, para 2022, � de pouco mais de 7%. Voc� sente que � ‘s�’ isso mesmo ou seus custos subiram muito, mas muito mais? Ent�o. Entendem agora quando eu lembrei que o papel aceita tudo?

Os �ndices oficiais, como o IPCA (�ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo), s�o corretos e refletem c�lculos matem�ticos reais. Nada de fic��o ou manipula��o. Servem como refer�ncia para um monte de opera��es financeiras important�ssimas etc... 

Por�m, como sabemos, n�o refletem a pen�ria di�ria pela qual passamos. Como se diz por a�: ‘o buraco � mais embaixo’. E o buraco da conta dos brasileiros se encontra verdadeiramente muito mais embaixo, haja vista os 78% de fam�lias endividadas.

CAUSA X EFEITO

Pior. Mais de 67 milh�es de brasileiros est�o inadimplentes, com os nomes sujos. Mais de 30 milh�es est�o passando fome. Outros 125 milh�es se encontram em estado de inseguran�a alimentar. Desculpem-me os otimistas, mas meu copo est� muito mais do que meio vazio.

A infla��o brasileira tem causas estruturais que v�o muito al�m das pandemias e das guerras. O rombo fiscal est� na origem cr�nica da nossa carestia. O governo gasta muito mais do que nos rouba e precisa se financiar para manter a farra toda intocada.

Com isso, ou emite moeda e aumenta a infla��o, ou se endivida, precisando pagar juros cada vez maiores, e… aumenta a infla��o! O governo Bolsonaro ultrapassou o teto de gastos em mais de 210 bilh�es de reais. A d�vida p�blica atual � de 6 trilh�es de reais. 

N�o � toa nossos juros (13,75%) serem o terceiro maior (nominalmente falando), atr�s apenas da Argentina e Turquia, e o primeiro do mundo em termos reais (8,52%). Para se financiar, o governo precisa pagar um pr�mio (juros) cada vez mais alto.

Por isso sou pessimista e insisto que a tal defla��o � passageira. O Pa�s n�o possui poupan�a interna e conta com baix�ssima produtividade, elevado endividamento e um d�ficit fiscal prim�rio insustent�vel. N�o h� infla��o baixa com tantos maus indicadores.

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