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Estado de Minas O QUE �

Por que defla��o registrada pelo IBGE n�o significa al�vio para mais pobres

Pre�o dos alimentos continua subindo e distancia as fam�lias de baixa renda da queda registrada


09/08/2022 13:00 - atualizado 09/08/2022 13:09


Frentista enche frasco com gasolina
Defla��o foi puxada pela queda de 15% no pre�o da gasolina (foto: Marcello Casal jr/Ag�ncia Brasil)

O Brasil registrou uma defla��o de 0,68% no �ltimo m�s de julho, depois de dois anos seguidos de aumento nos pre�os. O pa�s ainda acumula uma infla��o anual de mais de 10%, ou seja, os pre�os subiram em geral 10% nos �ltimos doze meses.

queda foi puxada pela diminui��o acentuada do pre�o dos combust�veis e da energia, mas a maioria dos produtos e servi�os que comp�em o �ndice de infla��o ainda est�o subindo. O pre�o dos alimentos, em especial, continua subindo e afeta principalmente as fam�lias mais pobres.

Mas o que � defla��o e o que ela significa nesse contexto?

Se a infla��o � o aumento dos pre�os, a defla��o � o contr�rio: � uma varia��o negativa do n�vel de pre�os entre dois momentos, explica o economista Anderson Antonio Denardin, coordenador do curso de Ci�ncias Econ�micas da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria).

Ou seja, defla��o � o que acontece quando o �ndice de infla��o est� negativo. No Brasil, o IPCA (�ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo) � considerado o �ndice oficial de infla��o e a queda de 0,68% no �ndice mensal (compara��o de julho com o m�s anterior) foi anunciada nesta ter�a (09/08) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica).

A defla��o de julho foi puxada principalmente por dois fatores, explica Denardin: o corte do ICMS (Imposto Sobre Circula��o de Mercadorias e Servi�os) e a queda no valor dos combust�veis e da energia; e o aumento dos juros, que diminui a oferta de cr�dito e portanto freia o consumo.

O �ndice, no entanto, � uma m�dia das varia��es dos diferentes componentes do IPCA, e a queda n�o quer dizer que todos os pre�os baixaram na compara��o entre julho e junho.

"Quando se fala em defla��o, normalmente estamos falando de uma queda generalizada de pre�os. Mas a defla��o de julho n�o foi uma queda generalizada", afirma Andr� Braz, economista da FGV (Funda��o Getulio Vargas).

Os pre�os dos alimentos e dos servi�os ainda est�o subindo - a infla��o de alimentos foi de 1,3% em julho e 14,72% em doze meses, segundo o IBGE.

"Essa � na verdade a not�cia mais importante, porque � a que mais afeta a popula��o mais pobre. Houve um aumento real dos alimentos, o que significa que a cada visita que a fam�lia faz ao mercado, ela volta com menos alimentos", diz o economista.


Venezuela
Infla��o dos alimentos acumula alta de 14% nos �ltimos doze meses (foto: Getty Images)

Mais pobres afetados pela alta dos alimentos

O economista lembra que o �ndice de difus�o, que mede o percentual de produtos e servi�os com aumento de pre�os, est� em 63% - ou seja, apesar da queda geral do �ndice de 0,68%, quase dois ter�os dos dos pre�os que comp�em o IPCA na verdade subiram.

"Do jeito que a defla��o aconteceu, ela beneficia principalmente o brasileiro mais rico, que consome gasolina e gasta mais energia", diz Braz. "� uma queda que foi mais sentida pelos ricos."

"A popula��o mais pobre ainda sofre com a alta dos alimentos, que diminui o seu poder de compra. � um grupo que n�o tem muita flexibilidade para fugir desse processo inflacion�rio", diz Denardin.

Braz afirma que a expectativa � que o efeito da queda no pre�o dos combust�veis e da energia tenham o efeito de reduzir a infla��o nos outros produtos e servi�os. "S�o itens usados na atividade produtiva, ent�o a gente espera que haja um efeito de diminui��o", diz.


Pessoa comprando óleo de cozinha
Pre�o do �leo de soja subiu 26,23% no Brasil no acumulado dos �ltimos doze meses (foto: Getty Images)

Para Denardin, a defla��o de 0,68% registrada significa que a pol�tica do governo de reduzir impostos teve o efeito esperado.

A mudan�a nas regras do ICMS para os Estados foi articulada pelo Planalto e aprovada pelo Congresso em junho, a quatro meses da elei��o.

Braz, no entanto, aponta que a redu��o dos custos � acompanhada de redu��o na arrecada��o, o que no longo prazo diminui o f�lego do governo para investir e pode estancar o crescimento.

"Al�m disso, se voc� n�o mostra de onde est� arrecadando para compensar essa redu��o de impostos, voc� gera incerteza e diminui a credibilidade fiscal do governo", afirma Braz. "N�o sou contra o corte dos impostos, mas � preciso que seja feito com responsabilidade fiscal."

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62484156

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