
O paradigma: Pessoas mais jovens pensam, ou ao menos tendem a pensar, de forma mais progressista e aberta que pessoas mais velhas. Como qualquer outra forma de comportamento humano - e social -, n�o se trata de absolutismo comportamental. Trata-se, no m�ximo, de uma regra, e toda regra tem sua ou suas exce��es.
O paradoxo: Um senhor de 75 anos de idade pensa que a orienta��o sexual das pessoas deve ser respeitada e, principalmente, humanos que somos, heterossexuais ou n�o, com todas as variantes poss�veis e imagin�rias, devemos conviver em harmonia, em sociedade e em perfeita paz social, j� que dotados de raz�o, emo��o e intelig�ncia.
J� um rapaz de apenas 26 anos pensa exatamente o oposto. Para ele, g�nero sexual � uma escolha, e como tal, pode e deve ser combatida por quem “escolhe” o contr�rio. O senhor acima, provavelmente, foi criado em um ambiente pouco plural e muito fechado. J� o jovem n�o pode alegar o mesmo em defesa de sua inaceit�vel intoler�ncia. Paradoxal, n�o?
Falo aqui de dois pol�ticos belo-horizontinos: o rec�m eleito deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira e o atual prefeito da capital, Fuad Noman. O rapaz, recordista brasileiro de votos, tem como principais (sen�o �nicos) bandeira e discurso pol�tico o preconceito expl�cito e virulento contra homossexuais e a intoler�ncia voraz contra transsexuais.
J� o senhor de cabelos ralos e brancos, com o olhar humano de quem n�o precisa mais se travestir de personagem para ganhar votos, considera um gay, uma l�sbica, um(a) trans ou quaisquer outras identidades de g�nero seres humanos como ele pr�prio, e acolhe como um pai, um av�, ou melhor, como um prefeito de uma cidade, a todos os mun�cipes.
Eis a�. Os cabelos brancos do prefeito Fuad exalam o frescor que deveria exalar do jovem extremista. O prefeito n�o precisa menos cinquenta anos de idade para ter mente e cora��o abertos para a pluralidade, ou cinquenta anos mais de reflex�o. J� o adolescente que n�o amadureceu, mesmo com 27 anos, mant�m a gravidade s� aceit�vel em uma crian�a.
Parab�ns, Prefeito Fuad, pela envergadura moral gigantesca nestes tempos de intoler�ncia m�xima. O senhor honra seu nome e cargo. O senhor honra sua condi��o de pai e av�. Que sirva, n�o de li��o, pois n�o se d� p�rolas aos porcos, mas de reflex�o e, talvez, inspira��o aos Nikolas da vida: N�o � crist�o segregar. N�o � patri�tico separar. � justo e imperioso tolerar.