Quem tem raz�o sobre o Aeroporto Carlos Prates? Leia, entenda e conclua

Quando n�o entendo de um assunto e desejo opinar a respeito, j� que � da minha natureza, “corro atr�s” de todas as informa��es poss�veis e imposs�veis, sempre atento aos interesses e prop�sitos de quem as fornece e, principalmente, “ouvindo” os dois lados da moeda. Com o fechamento do Aeroporto Carlos Prates n�o est� sendo diferente.

Recebi farto material informativo e ilustrativo a respeito, tanto da associa��o Voa Prates, interessada na manuten��o do aeroporto, quanto do Poder P�blico (Prefeitura de BH), interessado no fim das opera��es do equipamento e, a princ�pio, disposto a edificar moradias, pra�as e outros espa�os destinados � popula��o. Causa pra l� de justa, ali�s.

Tenho profundo respeito pelo prefeito de Belo Horizonte, Sr. Fuad Noman, e n�o escondo de ningu�m. Ao contr�rio. Sempre t�o cr�tico com pol�ticos e governantes como sou, a despeito de n�o concordar com muita coisa na gest�o municipal, considero o chefe do executivo de BH um dos melhores que j� tivemos, e � justo reconhecer publicamente.

Adoraria compreender melhor os planos da prefeitura para o local e a raz�o pela qual defende o fechamento do Carlos Prates, marcado pelo Governo Federal para o pr�ximo dia 31 de mar�o. Tenho certeza de que bons motivos e �timos prop�sitos movem a PBH neste sentido, por�m, em princ�pio, mantenho-me em vetor oposto ao da Afonso Pena 1212.

Inclusive, j� me manifestei a respeito, tanto neste espa�o como no programa Conversa de Reda��o, da R�dio Itatiaia. Parece-me temer�ria a constru��o de edif�cios residenciais naquela �rea, j� t�o adensada e cheia de problemas de tr�nsito, atendimento de sa�de, precariedade de �gua e esgoto e tamb�m por quest�es de ordem geol�gica e ambiental.

 

O Aeroporto Carlos Prates � um equipamento p�blico de suma import�ncia para a cidade, o estado e, por que n�o?, o pa�s. Forma mais de mil pilotos por ano, � centro de manuten��o de aeronaves de pequeno porte, local de apoio para a pol�cia e o corpo de bombeiros e, o mais importante, fonte de renda direta para mais de quinhentas fam�lias.

Al�m disso, trata-se de acesso para quem precisa chegar e sair de Belo Horizonte em situa��es de extrema necessidade, como atendimentos m�dicos de emerg�ncia e transplantes de �rg�os. E, sim, de forma segura para os usu�rios, haja vista os dados relativos a acidentes ocorridos por l�, confrontados, por exemplo, com Pampulha.

Dados oficiais - e n�o caneladas de quem acha que entende do assunto - do DECEA (Departamento de Controle do Espa�o A�reo), �rg�o do Comando da Aeron�utica, mostram que, nos �ltimos vinte anos, seis pessoas morreram em acidentes no Carlos Prates contra quatorze v�timas fatais na Pampulha, mesmo com movimento 52% superior.

A inseguran�a de quem mora no entorno do aeroporto � sempre tema de debates acalorados, e com raz�o, j� que uma vida (qualquer uma) � insubstitu�vel. Assim, � bom lembrar que “apenas” (pelo amor de Deus, reparem nas aspas, ok?) duas mortes ocorreram com pessoas em solo, nos arredores do Carlos Prates, nos �ltimos trinta anos.

Ou seja, se o motivo para o encerramento das atividades � a falta de seguran�a dos aviadores e moradores da regi�o, � um motivo falso. E como poderia ser diferente, diante de tantos outros aeroportos - muito maiores e mais movimentados - encravados nos centros urbanos de diversas grandes cidades espalhadas pelo mundo?

 

BRASIL E O MUNDO 

Apenas no Brasil temos, em S�o Paulo, Congonhas e Campo de Marte. No Rio, Santos Dumont e Jacarepagu�. Em Campinas, Amarais. Em Curitiba, Bacacheri. No mundo, ent�o, nem se fala: La Guardia, em Nova York. Aeroparque, em Buenos Aires. Carrasco, em Montevid�u. Kinshasa, no Congo, onde vivem 17 milh�es de pessoas.

 

E � assim em Londres, Lisboa, Miami, Santiago, Las Vegas e dezenas de outras cidades grandes mundo afora. Ali�s, h� uma correla��o direta entre desenvolvimento social e econ�mico e o n�mero de pistas em cada localidade. Quanto maior o n�mero de aeroportos, maior o IDH (�ndice de Desenvolvimento Humano) da cidade.

No Brasil, por exemplo, temos, em primeiro lugar (IDH), Florian�polis (SC) com tr�s pistas. Em segundo, Vit�ria (ES) com duas pistas. Em terceiro, Bras�lia (DF) com nove pistas. Em quarto, Curitiba (PR) com tr�s pistas. Finalmente, em quinto lugar, Belo Horizonte (MG) com duas pistas (Carlos Prates e Pampulha) - Confins fica em outro munic�pio.

Estes s�o apenas alguns dos dados socioecon�micos e relativos � seguran�a que me foram apresentados pela Voa Prates - todos checados e confirmados. N�o tenho avi�o particular, n�o tenho amigos propriet�rios de avi�o particular, n�o conhe�o intimamente ningu�m desta associa��o e n�o tenho qualquer interesse pessoal nessa hist�ria toda.

 

ENCERRO 

Quem me conhece pessoalmente ou me acompanha aqui no Estado de Minas e Portal UAI, revista e site da Isto� e na R�dio Itatiaia sabe de minha independ�ncia e, sobretudo, responsabilidade ao opinar. Meu �nico prop�sito � levar a quem me l�, v� e escuta a melhor opini�o, baseada nas melhores fontes e informa��es. E � o que se encontra acima.

Considero, portanto, um grave retrocesso o fechamento do Aeroporto Carlos Prates, salvo argumentos reais e oficiais que at� ent�o desconhe�o. Ali�s, retrocesso que s� n�o ser� maior que a restri��o do Aeroporto da Pampulha, uma das piores decis�es pol�ticas da hist�ria de Minas Gerais, cujo pai tem nome (A�cio) e sobrenome (Neves).