(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas RICARDO KERTZMAN

Que mulher! Que vida! Rita Lee prova que existe a eternidade

Aos 75 anos, ap�s uma luta heroica, bem-humorada, digna e encorajadora contra o c�ncer, sempre assistida, amparada e amada pelo companheiro de vida, ela se foi


09/05/2023 13:09 - atualizado 09/05/2023 13:36
890

Rita Lee e Roberto de Carvalho
Um casal como poucos (foto: Reprodu��o)
Como eu sempre digo nestas ocasi�es, h� vidas que valem ser vividas e h� mortes que n�o devem ser choradas. Rita Lee Jones de Carvalho, ou simplesmente, genialmente, magnificamente, eternamente Rita Lee, se foi. 

Aos 75 anos, ap�s uma luta heroica, bem-humorada, digna e encorajadora contra o c�ncer, sempre assistida, amparada e amada por seu companheiro de vida, Roberto de Carvalho, um guerreiro fiel e homem de infinito car�ter, nossa musa morreu.

Deus bem que tentou, mas “Baby baby, n�o adianta chamar quando algu�m est� perdido, procurando se encontrar” (Ovelha Negra). Ela n�o deu ouvidos ao Todo-Poderoso e decidiu que n�o havia “Nada melhor do que n�o fazer nada, s� pra deitar e rolar com voc�” (Mania de Voc�). No caso, com Roberto, seu amado.

Desde crian�a, sei l�, com oito, dez anos de idade eu j� ouvia Rita Lee. “Acho que ela n�o fala comigo, doutor, quando ele est� por perto. � um menino t�o sabido, doutor, ele quer modificar o mundo, esse tal de Roque Enrow” (Esse Tal de Roque Enrow). Talvez fosse isso! Eu me sentia um menino sabido. 

E sempre me senti “Remando contra a mar�. N�o acredito em nada. E at� duvido da f�” (Nem Luxo Nem Lixo). Talvez por acreditar que “Mais louco � quem me diz. E n�o � feliz” (Balada do Louco). Fui em frente, cresci, apareci e c� estou, aos 56 anos, relembrando cada sucesso de Rita, cada fase da minha vida; da nossa vida.

Olho para minha esposa e leio nos olhos dela: "Ah, me acostumei com voc� sempre reclamando da vida, me ferindo, me curando a ferida” (Doce Vampiro). Reclam�o, sim. E como! Mas “Vem c�, meu bem. Me descola um carinho. Eu sou nen�m, s� sossego com beijinho. E v� se me d� o prazer de ter prazer contigo” (Lan�a Perfume).

Por falar em esposa, me lembrei agora da minha filha adolescente: “Mulher � bicho esquisito. Todo o m�s sangra”. E mais ainda: “Sexo fr�gil, n�o foge � luta” (Cor de Rosa Choque). E perdido como qualquer pai normal, “Eu nem vejo a hora de lhe dizer, aquilo tudo que eu decorei” (Ando Meio Desligado).

Eu disse, n�?, que estava visitando o passado e as fases da vida. “Como um c�o danado, seu grito � abafado. � vil e mentirosa! Deus do c�u como � maldosa” (Erva Venenosa). E, claro, como n�o lembrar? “L� no reino de Afrodite, o amor passa dos limites. Quem quiser que se habilite, o que n�o falta � apetite” (Banho de Espuma).

Mas, tudo bem! “Da pr�xima vez eu me mando. Que se dane meu jeito inseguro. Nosso amor vale tanto, (que) por voc� vou roubar os an�is de Saturno” (Desculpe o Au�). Da� voc� me responde: “Escandaloso, voc� � guloso e quer me sequestrar” (Chega Mais). Isso! Sequestro de amor n�o d�i, hehe. Nem � crime, eu acho.

POR FALAR EM AMOR...

“Amor � crist�o, sexo � pag�o. Amor � latif�ndio, sexo � invas�o. Amor � divino, sexo � animal. Amor � bossa nova, sexo � carnaval. Amor � para sempre, sexo tamb�m. Sexo � do bom, amor � do bem. Amor sem sexo � amizade. Sexo sem amor � vontade” (Amor e Sexo). Puta que pariu!! Essa mulher era foda demais!!

Rita teve seu sonho mais ou menos atendido: “Se Deus quiser, um dia eu morro bem velha. E na hora H, quando a bomba estourar, quero ver da janela” (Baila Comigo). Sim, poderia ter ido al�m, n�o foi “bem velha”. O consolo � “Minha sa�de n�o � de ferro, mas meus nervos s�o de a�o. Pra pedir sil�ncio eu berro, pra fazer barulho eu mesma fa�o” (Jardins da Babil�nia).

Nessa canoa furada, Rita, que � a vida, “Seu olhar � simplesmente lindo” (Menino Bonito). Muito obrigado por ter existido. Muito obrigado por continuar existindo. E at� um dia, j� que, “Assim como eu, um filho de Deus” (Nem Luxo Nem Lixo), “Essas pessoas da sala de jantar
s�o as pessoas da sala de jantar, mas as pessoas da sala de jantar est�o ocupadas demais em nascer e morrer” (Panis Et Circenses).

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)