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Estado de Minas ROBERTO BRANT

Os candidatos v�o ao mercado

Os candidatos parecem diferentes nas apar�ncias, mas nenhum deles d� o menor sinal de que tem um projeto de governo transformador


06/12/2021 04:00 - atualizado 07/12/2021 09:01

Painéis da Bovespa
Pain�is Bovepa: conquistar a confian�a dos investidores tem sido a t�nica dos discursos de candidatos � Presid�ncia nos �ltimos anos (foto: Miguel Schincariol/AFP - 29/10/18)


O Brasil chegou ao ponto no qual � imposs�vel a qualquer um fechar os olhos para nosso fracasso econ�mico. H� mais de 10 anos estamos regredindo em quase todos os indicadores de bem-estar e prosperidade, num per�odo em que praticamente todos os pa�ses de alguma relev�ncia econ�mica cresceram. Agora mesmo nossa economia acaba de ingressar naquilo que os economistas chamam de recess�o t�cnica, quando o crescimento do PIB � negativo por dois trimestres seguidos, ap�s um breve ensaio de recupera��o.
 
Se estiv�ssemos em tempos normais, o tema dominante da agenda pol�tica s� poderia ser o crescimento econ�mico. Os efeitos do baixo crescimento e do alto desemprego j� n�o est�o segregados nas periferias long�nquas. A pobreza crescente est� expondo seus tristes tra�os nos centros das grandes cidades, at� em S�o Paulo. Percorrer o centro da nossa cidade mais rica chega a ser um espet�culo de horror. Mas, onde quer que se v� em todo o pa�s a pobreza e a mis�ria est�o expostas cruamente diante dos olhos de todos.
 
� uma ilus�o acreditar que a �ndole resignada dos brasileiros pobres n�o deixar� que se turve a paz e a tranquilidade dos ricos e dos remediados. Em algum momento, o crescimento da pobreza e a aus�ncia clara de oportunidades para quem est� de fora pode produzir uma explos�o social.

Apesar de tudo isto, o tema do crescimento econ�mico e do combate � pobreza pelo aumento dos empregos e das atividades produtivas nem sequer � mencionado. Quando um esp�rito mais livre ousa tocar na quest�o � imediatamente rotulado de anacr�nico ou herege, pois esta n�o � absolutamente uma tarefa do Estado. A rea��o � de tal forma contundente e avassaladora que os esp�ritos mais sens�veis preferem retroceder e voltar ao sil�ncio. O papel dos governos, segundo este consenso, � manter um r�gido conservadorismo fiscal e neutralizar a a��o direta do Estado.
 
Quando o Brasil tinha uma sociedade muito mais simples e uma economia muito menor, o debate pol�tico era muito mais substantivo do que hoje, girando em torno de quest�es centrais como o desenvolvimento, as pol�ticas distributivas e at� vis�es opostas do mundo. Mesmo depois da redemocratiza��o tivemos em 1994, 1998 e 2002 confrontos de ideias substantivas. Da� em diante, elei��es foram apenas uma competi��o vazia entre personalidades e o sil�ncio sobre o destino estrat�gico do nosso pa�s e de nossa sociedade.
 
Apesar do estado em que se encontra o Brasil, n�o tem faltado candidatos � Presid�ncia da Rep�blica. At� agora os candidatos parecem diferentes nas apar�ncias, mas nenhum deles d� o menor sinal de que tem um projeto de governo transformador, � altura dos recursos do pa�s e das mudan�as do s�culo 21. O que os une � a submiss�o aos consensos dos economistas do mercado financeiro e suas adjac�ncias.
 
Na nossa tradi��o pol�tica, candidatos � Presid�ncia mostravam for�a reunindo em torno de si figuras pol�ticas de prest�gio, cujas biografias antecipavam a orienta��o do futuro governo e facilitavam a identifica��o dos eleitores. Agora a hist�ria � outra. Os candidatos t�m primeiro que escolher o seu economista, que passa a falar em seu nome, porque economia � conversa para adultos, n�o para pol�ticos.
 
N�o pode ser qualquer economista. Se for da Universidade, n�o serve. Tem que ser do mercado, de confian�a dos investidores, para garantir que as pol�ticas do governo n�o saiam dos trilhos. Por estes trilhos, entenda-se: rigor fiscal, super�vits or�ament�rios, pol�ticas monet�rias severas, ampla desregulamenta��o financeira e neutraliza��o da lideran�a do Estado em pol�ticas de crescimento. Quem n�o seguir este protocolo ser� inscrito numa lista negra, que ser� amplamente divulgada pela imprensa.
 
Excetuadas estas quest�es “especializadas” de economia e de crescimento, o candidato tem ampla liberdade para prometer e, depois, fazer qualquer coisa que quiser. Se alguma coisa der errado, n�o tem import�ncia. Os capitais, ao contr�rio das pessoas, podem fugir para qualquer lugar, onde ser�o muito bem recebidos.

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