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Estado de Minas O BRASIL VISTO DE MINAS

O Brasil � um enigma de ser decifrado. Uma causa � a impot�ncia do Estado

Nossa popula��o deveria estar sempre indignada e numa busca incessante por algo realmente novo para transformar o pa�s


31/01/2022 04:00 - atualizado 31/01/2022 07:04

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O Congresso Nacional criou rubrica de grande valor, para ser distribu�da aos parlamentares de forma secreta, como se fossem recursos privados (foto: NAJARA ARA�JO/C�MARA DOS DEPUTADOS)
Volto hoje a um tema que tem estado presente em muitos dos meus artigos anteriores, mas, cuja discuss�o � cada vez mais urgente: a qualidade da nossa vida democr�tica. O Brasil � um enigma dif�cil de ser decifrado. Temos os recursos e as condi��es para ser uma das na��es mais ricas do mundo. Temos uma grande agricultura, toda a energia de que precisamos, �gua em abund�ncia, petr�leo e muitos minerais, tudo o que � escasso em quase toda parte. Mas permanecemos um pa�s pobre e que cresce menos do que a maioria das na��es. Uma das causas deste fracasso s� pode ser a impot�ncia do Estado devido � m� qualidade da nossa vida democr�tica.
 
Nossa popula��o deveria estar sempre indignada e numa busca incessante por algo realmente novo para transformar o pa�s. Mas, se as pesquisas de inten��o de voto para as pr�ximas elei��es estiverem corretas,  parece que os brasileiros est�o em sua grande maioria dispostos, sem muita reflex�o, a voltar ao passado, tal o horror que sentem do presente. O sentimento dominante tornou-se a procura do mal menor, um dos disfarces preferidos do conformismo e da apatia social.
 
A impress�o � que as novas gera��es de brasileiros s�o gera��es sem esperan�a. � a explica��o que me ocorre para a passividade e at� para o cinismo pol�tico das nossas maiorias eleitorais. Creio que o pensamento dominante est� contido numa passagem de Shakespeare: o que ficou irremedi�vel,  tornou-se indiferente.
 
H� alguma raz�o para isto, pois nosso sistema pol�tico � um ambiente � parte da vida do pa�s. O debate pol�tico n�o cont�m praticamente nada de interesse p�blico como pol�ticas de crescimento e de prote��o social, por exemplo, tudo que diz respeito � vida das pessoas numa sociedade t�o privada de tudo e t�o dependente do Estado. Nada disso separa os partidos que, na verdade, n�o t�m ideologia, nem ideias, nem posi��es. Seu �nico prop�sito � participar dos condom�nios do poder e o fazem sem nenhum pudor e com grande compet�ncia.
 
A conclus�o � que a classe pol�tica na sua maioria, pois h� exce��es � regra nos dois lados do espectro pol�tico, embora bastante minorit�rias, apropriou-se do Estado, seus recursos e seus instrumentos, apenas em benef�cio pr�prio, passando ao largo do interesse comum. Em alguma medida, isto sempre ocorreu, mas numa escala infinitamente menor. Hoje, a domina��o do Estado pela corte pol�tica assumiu propor��es sem precedentes, mesmo para a hist�ria de nossa velha cultura patrimonialista.

Deputados e senadores sempre tiveram um pequeno limite no or�amento para beneficiar as suas bases. Agora, al�m destes recursos, o Parlamento criou uma rubrica de grande valor, para ser distribu�da aos parlamentares de forma secreta, como se fossem recursos privados. A soma das  emendas, secretas e p�blicas, em 2022, est� pr�xima de 40 bilh�es de reais, enquanto o total dos investimentos p�blicos n�o chega a 45 bilh�es. De um lado o pa�s, com seus 200 milh�es de habitantes, de outro, nossos 500 parlamentares,  em p� de igualdade no or�amento da Rep�blica. N�o � mais uma Rep�blica.
 
Como � sabido, o apoio parlamentar ao governo tem como contrapartida a indica��o, por deputados e senadores, de nomes para preencher os melhores cargos da administra��o federal. Por que pessoas eleitas para fazer as leis t�m interesse nestas nomea��es? � uma pergunta que fica no ar. Nesta semana, o ministro da Economia solicitou � Controladoria Geral da Uni�o a cria��o de um sistema que revele os nomes dos "padrinhos" de cada indica��o, para conhecimento de todos. A Controladoria n�o respondeu e as lideran�as pol�ticas se indignaram com a ingenuidade ou a falta de tato do ministro. Quem prefere as sombras para agir, certamente, tem motivos muito fortes.
 
S�o apenas dois exemplos. H� muitos outros, sempre a demonstrar que a democracia brasileira tem donos e estes donos s�o poucos. Que a devolu��o do Estado � popula��o n�o esteja na pauta de nenhum dos candidatos � um sinal de que muito pouca coisa vai mudar nas elei��es de outubro.

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