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Estado de Minas O BRASIL VISTO DE MINAS

Dois caminhos errados a caminho de uma encruzilhada existencial

'A ordem que faz evoluir uma sociedade � a ordem cuja fonte � o consentimento coletivo e n�o a que � imposta verticalmente'


15/08/2022 04:00 - atualizado 15/08/2022 07:19

Eleitores da Rocinha encontram longas filas para votar em 7/10/18
'No final ser� uma elei��o em que a maioria vai votar contra e s� uma minoria vai votar a favor' (foto: T�nia R�go/Ag�ncia Brasil)

As elei��es que se aproximam est�o sendo movidas quase que exclusivamente pelas paix�es pol�ticas, n�o deixando lugar sequer para um m�nimo de competi��o entre ideias ou projetos. Estes parecem n�o fazer falta para animar as campanhas ou convencer os eleitores. � o verde contra o vermelho e n�o � preciso mais nada.

As pessoas se re�nem em torno destes s�mbolos, sem se perguntar muito o seu alcance e o seu significado. H� quem diga, e n�o sem raz�o, que muitas vezes ser verde � mais odiar o vermelho do que amar o pr�prio verde. E vice-versa. No final ser� uma elei��o, como disse algu�m, em que a maioria vai votar contra e s� uma minoria vai votar a favor.

Uma na��o n�o se sustenta com esses sentimentos puramente negativos. Se continuar assim, o pa�s estar� se encaminhando para uma encruzilhada existencial. H� dias, David Brooks, um excelente colunista do New York Times, discorrendo sobre a complexidade do mundo contempor�neo, concluiu que o principal problema de qualquer sociedade � a ordem: a ordem moral, a legal e a social.
Quando falta ordem, as sociedades n�o t�m como evoluir, e na verdade retrocedem. Eu acrescento que a ordem que faz evoluir uma sociedade � a ordem cuja fonte � o consentimento coletivo e n�o a que � imposta verticalmente por meio da autoridade e da for�a. O Brasil corre hoje o risco de tornar-se um conjunto social incapaz de produzir consensos por meio do compromisso pol�tico, uma vasta arena em que reinar� apenas a obsess�o de vencer, de destruir e de eliminar.

Se � verdade que este clima de paix�o e de antagonismo reflete uma realidade mais profunda, que est� encarnada no tecido social, os dois candidatos que disputam de fato a elei��o, porque concentram a maioria do apoio popular, n�o t�m feito nada para amenizar os conflitos e prometer algum tipo de pacifica��o no futuro.

A campanha do presidente Bolsonaro optou por ocupar a agenda pol�tica com temas da religi�o, da moral e da cultura, quest�es que n�o se prestam a solu��es pr�prias da pol�tica, constitu�das pela negocia��o e pelo compromisso, em que cada lado cede uma parte para se chegar a um denominador comum.

Estas quest�es s�o de car�ter absoluto, dividem as pessoas de modo duradouro e n�o t�m solu��o por meio da raz�o. Divis�es religiosas e culturais t�m sido a maldi��o de alguns povos, separando irm�os e at� derramando sangue inocente. A hist�ria nos livrou por s�culos desta maldi��o e cabe agora a n�s impedir que ela venha se instalar entre n�s.

Do outro lado do campo pol�tico, a candidatura do ex-presidente Lula tem como meta principal reconstituir o passado, prometendo voltar aos tempos id�licos dos governos do PT, revogando as mudan�as legais implantadas ap�s a interrup��o do governo Dilma.

"Divis�es religiosas e culturais t�m sido a maldi��o de alguns povos. A hist�ria nos livrou por s�culos desta maldi��o e cabe agora a n�s impedir que ela venha se instalar"



A interpreta��o dos fatos sociais e econ�micos est� sempre exposta � controv�rsias, mas � imposs�vel negar que de 2014 a 2016 o Brasil viveu um verdadeiro desastre, com a maior recess�o acumulada de nossa hist�ria, com o descontrole da infla��o e um grave desarranjo fiscal, tudo isto claramente provocado por erros do governo.

O governo Temer foi um per�odo de reconstru��o do Estado e das empresas p�blicas e de reformas importantes, cujos efeitos s�o inequivocamente positivos. Revogar o que foi feito n�o � um programa para o futuro, mas um movimento francamente reacion�rio.

De um lado e de outro da luta pol�tica n�o se nota qualquer preocupa��o com as duas quest�es essenciais: como voltar a crescer a economia a taxas suficientes para diminuir a pobreza e melhorar o padr�o de vida da maioria dos brasileiros e como preparar o pa�s para aproveitar as novas mudan�as geopol�ticas que est�o em marcha e que abrem inesperadamente oportunidades para a reindustrializa��o do Brasil e sua inser��o mais profunda na economia do Ocidente.

Enquanto as oportunidades passam, o debate pol�tico pobre e m�ope impede nosso pa�s de aproveit�-las. Isto nos lembra com tristeza o vatic�nio do velho Roberto Campos: o Brasil n�o perde a oportunidade de perder uma oportunidade.

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