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Estado de Minas VITALidade

Os idosos e a guerra na Ucr�nia

Muitos n�o aguentam andar at� a fronteira para fugir. Com o desabastecimento, faltam mantimentos e rem�dios, sem os quais a sa�de se fragiliza ainda mais


14/03/2022 08:01

Idosa, de 76 anos, fuma cigarro em frente à casa dela, atingida por ataque aéreo na região de Kiev, na Ucrânia
Idosa, de 76 anos, fuma cigarro em frente � casa dela, atingida por ataque a�reo na regi�o de Kiev, na Ucr�nia (foto: Dimitar DILKOFF / AFP)

Semana passada nos chocou a cena de um senhor de 80 anos na Ucr�nia que se alistou para servir seu pa�s contra o ex�rcito russo. O fato foi noticiado pela digital influencer ucraniana Kateryna Yuschenco, que afirmou que o idoso, ao se alistar, disse que o fazia pelos netos. O nome dele n�o foi revelado, mas isto n�o � o mais importante, e sim sua resigna��o, for�a e coragem para enfrentar a segunda guerra em uma �nica vida.

Sonh�vamos com um mundo conectado, plugado, interligado e sem fronteiras. E isto nos parecia at� poss�vel, principalmente ap�s a Segunda Grande Guerra Mundial, com a Declara��o Universal de Direitos Humanos, que em 1945 teve seu espectro de influ�ncia profundamente modificado, se tornando uma Carta de Direitos da Humanidade.

Parecia-nos que a paz perp�tua sonhada por Kant estava pr�xima �s nossas janelas, com a amplia��o cada vez maior dos canais de comunica��o entre os pa�ses e com a cria��o da Organiza��o das Na��es Unidas para intermediar eventuais conflitos.

Por mais estranho que possa parecer para os mais pessimistas, est�vamos em um mundo em evolu��o, capaz de usar o di�logo para se aproximar ao inv�s das armas para se afastar, mas os ataques da R�ssia a uma na��o livre e soberana, na semana passada, nos mostraram o quanto podemos involuir como seres humanos em apenas um instante.

De 1945 em diante houve guerras isoladas, mas n�o imagin�vamos como poss�vel uma guerra que tivesse por finalidade destituir do poder um cidad�o democraticamente eleito e apoiado pela maioria do seu povo. Era inimagin�vel para n�s, idealistas e libert�rios, que em pleno s�culo XXI, depois de toda o horror que experimentamos na Segunda Guerra, que um presidente pouco democr�tico invadisse um outro pa�s, a fim de evitar a influ�ncia europeia em sua regi�o.

Diante da civiliza��o, a barb�rie voltou a tomar corpo e o Ocidente perplexo assiste de modo at�nito a destrui��o da Ucr�nia e de seu povo. Provavelmente, os pa�ses aliados at� gostariam de ajudar mais, mas temem que seu aux�lio possa deflagrar a Terceira Guerra Mundial e com consequ�ncias nefastas, pois a R�ssia � uma das maiores pot�ncias nucleares do planeta.

O resultado s�o os j� in�meros mortos que a guerra provocou e os milhares de cidad�os deixando seu pa�s rumo ao desconhecido. Todo o fruto do trabalho de uma vida, de uma hora para outra, deve ser abandonado em nome da sobreviv�ncia. N�o faltam relatos de filhos que precisaram deixar os pais para fugir da guerra. Mulheres que, com seus filhos no colo, caminham por mais de seis horas para chegar at� a fronteira. Tudo isto enquanto bombas s�o jogadas ininterruptamente sobre suas cabe�as.

Diante do horror, nos vem � cabe�a a situa��o dos idosos, principalmente dos mais fr�geis, nas situa��es de guerra. Muitos deles n�o aguentam andar por horas a fio, pernoitar no tempo ou viver em condi��es inadequadas para sua sa�de, pois precisam de cuidados especiais. Com o desabastecimento, comum nas guerras, n�o faltam apenas mantimentos, mas tamb�m os rem�dios, sem os quais sua sa�de se fragiliza ainda mais.

N�o bastasse, os idosos na guerra ainda precisam conviver com o medo e com a solid�o. A solid�o, decorrente da aus�ncia dos parentes que tiveram que deixar o pa�s e viver no ex�lio. E o medo de terem sua p�tria vilipendiada por estrangeiros, enquanto seus filhos morrem nos campos de batalha.

Gostar�amos de finalizar sendo otimistas diante do absurdo e falarmos das lindas a��es humanit�rias, vindas de diversas partes da Europa, em apoio ao povo ucraniano. Mas n�o, hoje n�o h� espa�o para comemora��es ou apelos dram�ticos, ficou em n�s apenas a sensa��o de que algo muito valioso nos foi tirado... Como ficar�o nossos sonhos, feitos para serem sonhados juntos, e um mundo compartilhado?

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