
Ap�s quase uma semana do an�ncio da gravidez da atriz Cl�udia Raia, nos colocamos a refletir se o motivo de tanto espanto foi mesmo uma gravidez aos 55 anos ou o “susto”, por parte da sociedade, pela constata��o de que uma mulher de 55 anos pode n�o apenas ter um filho, mas tamb�m uma vida sexual ativa e feliz.
Ningu�m precisa ter d�vida de que, com o avan�ar da idade, muitas de nossas fun��es fisiol�gicas passam a ficar comprometidas. A idade transforma o corpo e tais altera��es podem dificultar a nossa vida sexual.
Com o implemento da idade, pode haver uma diminui��o da libido, da lubrifica��o vaginal, al�m de perda involunt�ria de urina, redu��o dos horm�nios na menopausa e redu��o da produ��o de testosterona nos homens, situa��es estas que, se n�o mitigadas, podem transformar a vida sexual na maturidade em uma fonte de ansiedade constante. Tais fatores, muitas vezes associados a doen�as cr�nicas e ao abuso de medicamentos, podem comprometer sobremaneira a percep��o que o sujeito maduro tem de si mesmo e de suas capacidades relacionais.
Com o implemento da idade, pode haver uma diminui��o da libido, da lubrifica��o vaginal, al�m de perda involunt�ria de urina, redu��o dos horm�nios na menopausa e redu��o da produ��o de testosterona nos homens, situa��es estas que, se n�o mitigadas, podem transformar a vida sexual na maturidade em uma fonte de ansiedade constante. Tais fatores, muitas vezes associados a doen�as cr�nicas e ao abuso de medicamentos, podem comprometer sobremaneira a percep��o que o sujeito maduro tem de si mesmo e de suas capacidades relacionais.
Para as pessoas maduras que j� t�m um parceiro sexual, as dificuldades, apesar de existirem, podem ser menores - j� que, nos relacionamentos mais longos, o di�logo tende a ser mais rotineiro e as dificuldades na esfera sexual, mais facilmente super�veis.
Quanto mais as pessoas v�o envelhecendo, mais elas v�o percebendo que, em troca da intensidade sexual de outrora, podem ter uma rela��o mais afetiva e carinhosa, de modo que Eros vai cedendo espa�o para Philia. Assim concebido, amor e sexo se tornariam instrumentos de eleva��o corporal e espiritual. Haveria um alargamento no conceito de sexo, pois a partir da� surgiria a compreens�o de que a sexualidade � bem mais ampla que o ato sexual em si.
Por outro lado, para aquelas pessoas maduras que n�o t�m um parceiro sexual fixo, a situa��o pode ser um pouco mais complicada, pois, al�m de n�o ser simples discorrer sobre as dificuldades sexuais com parceiros eventuais, as press�es sociais quanto ao desempenho, forma e dimens�o do ato podem ser gatilhos para o surgimento de inseguran�as.
As formas do corpo, a aus�ncia do t�nus muscular e a possibilidade de impot�ncia s�o fantasmas a interferir na vida sexual das pessoas maduras. Al�m disso, quanto mais idosas as pessoas v�o ficando, maiores s�o as chances de que precisem de aux�lio e, por isto mesmo, acabem indo morar com filhos ou parentes, o que diminuiria sua privacidade e possibilidade de manter uma vida sexualmente ativa.
Uma quest�o de grande relev�ncia quando o tema � a sexualidade das pessoas maduras est� relacionada ao preconceito, muitas vezes surgido no seio da pr�pria fam�lia. A velhice, como temos defendido aqui, � uma constru��o cultural e, ligada a ela est� a no��o de que pessoas velhas n�o devem fazer sexo, principalmente, se forem solteiras. Aos velhos devem ser reservadod apenas a constri��o e o recatamento, comportamentos que n�o admitem o prazer sexual.
J� nos fins do s�culo passado, a sexualidade deixou de ser assunto tabu e passou a fazer parte do cotidiano das pessoas, isto, desde que n�o diga respeito � sexualidade de uma pessoa madura ou idosa. N�o s�o poucos os casos em que filhos e netos repreendem familiares que demonstrem ainda sentir apetites sexuais. A autora Tania Colid�nio escreveu um livro chamado Mist�rios da Libido na Velhice, em que traz in�meros exemplos de preconceitos e estigmas que sofrem os sujeitos idosos que ainda querem manter sua vida sexualmente ativa.
Como nos mostrou a atriz Cl�udia Raia, o prazer na maturidade n�o pode e n�o deve ser desconsiderado e relegado a assunto de menor import�ncia. No exerc�cio da sexualidade, os sujeitos podem se reconhecer, se reconectar e reativar desejos e impress�es h� tempos j� esquecidos. A sexualidade na maturidade n�o diz respeito apenas ao ato sexual em si, mas envolve tamb�m car�cias, toques, beijos e afagos, ampliando nossa percep��o sobre o que �, de fato, o contato �ntimo e sua capacidade de nos fazer conectar com os parceiros.
Assim concebida, a sexualidade deve ser pensada como algo que nos ajuda a ofertar sentido � exist�ncia e concebida de modo amplo, j� que afetividade, carinho, aconchego, amar e se sentir amado e o desejo por intimidade n�o terminam com a idade e fazem parte do desenvolvimento saud�vel do indiv�duo.
Como dito, o processo de envelhecimento pode trazer dificuldades na vida sexual dos sujeitos, mas isso pode ser muito bem mitigado com uma forma diferente de conceber o ato sexual, para al�m do pr�prio ato, deixando de lado preconceitos e julgamentos sociais preconcebidos e que acabam condenando as pessoas maduras a renunciar ao prazer do sexo.
Al�m disso, muitas vezes temendo olhares cr�ticos, as pessoas maduras que residem em moradias multigeracionais nem ao menos pensam que ter contato �ntimo com algu�m ainda lhes � poss�vel, sem saber que n�o h� nenhuma proibi��o, seja moral, �tica, ps�quica ou f�sica, para o exerc�cio da sexualidade com responsabilidade.
Siga seu cora��o, exer�a suas vontades, realize seus desejos e tenha uma vida sexual plena e respons�vel. Isto em qualquer idade!