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Estado de Minas VITALidade

O aumento da contamina��o pelo HIV na popula��o idosa

Quando o assunto � HIV, n�o � incomum vermos publicidade, principalmente nessa �poca de carnaval, voltada para os jovens


20/02/2023 06:00 - atualizado 19/02/2023 19:04

mãos de idoso seguram cápsulas de medicamento
(foto: Freepik)
Ao contr�rio do que muita gente imagina, o carnaval n�o tem sua origem na �frica. Ele veio desembarcado diretamente da Europa para as ruas brasileiras no s�culo XVII, mas ganhou corpo mesmo a partir do s�culo XX, quando os escravos, em sua maioria, ocupavam as ruas com os rostos pintados, jogando bolinhas de farinha nas pessoas que passavam, tocando seus tambores e relembrando os tempos de alegrias vivenciados em sua terra natal.

Inicialmente a festa era tipicamente popular e n�o contava com a participa��o das classes mais abastadas, que viam na brincadeira de jogar bolinhas algo ofensivo. 

Com o passar do tempo a festa se tornou mais democr�tica, com as marchinhas de carnaval dominando as paradas musicais e maior participa��o de outras classes sociais, contagiando v�rias esferas da sociedade com a sua alegria. O que dizer dos bailes do in�cio do s�culo passado no Rio de Janeiro? Eram verdadeiros eventos culturais a reunir a elite carioca para comemorar os dias de folia. Rapidamente nosso pa�s sucumbiu � alegria da festa. 

O certo � que o carnaval chegou e muitos de n�s comemoram a data com alegria, disposi��o e entusiasmo. Afinal, � um per�odo em que, geralmente, estamos mais abertos para os deleites sensoriais. N�o � incomum que o carnaval esteja associado � uma festa da carne, relacionada aos prazeres, talvez por ser este um per�odo que antecede uma �poca de penit�ncia crist�, que � a quaresma.

A etimologia da palavra tamb�m a liga � no��o de prazer, pois oriunda de carnis valles, que significa, literalmente, prazeres da carne.  

O prazer � algo que deve ser vivido e desfrutado pelas pessoas maduras, e isto sem culpa. Tendo em vista que os novos idosos de hoje t�m uma qualidade de vida muito superior que seus antepassados e que medicamentos para disfun��o er�til tornaram a vida sexual dos idosos mais ativa, um fen�meno vem sendo percebido pelos profissionais de sa�de, que � o aumento dos casos de HIV na popula��o acima dos cinquenta anos.

A S�ndrome da Imunodefici�ncia Adquirida, surgida na d�cada de 80, ataca o sistema imunol�gico, notadamente as c�lulas respons�veis pela defesa do organismo e pode acarretar uma s�rie de infec��es oportunistas e doen�as. O v�rus � transmitido por meio de contato com fluidos corporais, tais como s�men, secre��es vaginais e leite materno.

Uma quest�o de suma import�ncia � diferenciar o portador do HIV, daquele que j� desenvolveu a doen�a. Enquanto o primeiro � apenas portador da doen�a (soropositivo), o segundo j� desenvolveu o quadro associado a AIDS, com suas doen�as oportunistas, pois seu sistema de defesa imunol�gico j� se encontra muito debilitado.

Nos primeiros cinco anos de exist�ncia do v�rus foram registrados apenas quatro casos de HIV em pessoas idosas, no entanto, o aumento no n�mero de casos na popula��o cinquenta mais aumentou consideravelmente nos �ltimos anos. Em 2000 as pessoas com mais de cinquenta anos diagnosticadas com HIV eram de 8,64%, nos anos 2010 esse percentual pulou para vertiginosos 17,23%.

Dados do Boletim HIV/Aids de 2018 mostraram que houve um incremento de 21,2% entre os anos de 2007 e 2017 nos casos de cont�gio de mulheres acima dos 60 anos.

De acordo com a Organiza��o Mundial de Sa�de, se os casos continuarem no atual patamar de crescimento, em 2030, 70% da popula��o mundial com sessenta anos ou mais ser� portadora do v�rus.

Quando o assunto � HIV, n�o � incomum vermos publicidade, principalmente nessa �poca de carnaval, voltada para os jovens, contudo, pouco ou nada � dito sobre o risco da doen�a na popula��o idosa. No livro Sexo e Aids depois dos 50, o autor afirma que os idosos acreditam que as v�timas do HIV s�o apenas os jovens e que, de alguma forma, estariam protegidos do cont�gio, o que demonstra a necessidade de que pol�ticas p�blicas de esclarecimento sejam adotadas em rela��o a esta popula��o. 

Mas n�o bastam apenas pol�ticas de orienta��o � tamb�m preciso que as pessoas maduras fa�am ades�o aos m�todos de prote��o, como os preservativos. Estudos demonstram que as mulheres se sentem constrangidas em pedir a seus parceiros mais velhos o uso do preservativo, j� que muitos s�o refrat�rios ao seu uso. Tal situa��o, t�o comum, n�o deveria ser, principalmente para uma gera��o que viu o nascimento do HIV e as consequ�ncias f�sicas e emocionais da contamina��o. 

Como dito, as pol�ticas p�blicas s�o bem-vindas, mas o maior esfor�o deve ser feito pelas pessoas maduras, que precisam compreender sua responsabilidade em evitar a propaga��o do v�rus que, na popula��o idosa, tem desdobramentos ainda mais cru�is que nas pessoas mais jovens. 

Al�m de todas as consequ�ncias universalmente conhecidas do HIV, in�meras pesquisas demonstram que a presen�a do v�rus acelera o processo de envelhecimento e que doen�as comuns apenas em idades mais avan�adas, podem se apresentar mais cedo para o portador do HIV.

Inevitavelmente o processo de envelhecer diminui as reservas fisiol�gicas, mas quando este envelhecimento � acompanhado da infec��o pelo HIV, a susceptibilidade de desenvolver v�rias doen�as aumenta exponencialmente.

A contamina��o pelo v�rus HIV, a despeito da presen�a de medicamentos capazes de mitigar suas consequ�ncias imediatas, deve ser evitada e, para tanto, os novos idosos, sexualmente ativos, precisam se conscientizar sobre a import�ncia do uso de preservativos e do diagn�stico precoce. Aproveitemos o carnaval com responsabilidade e autocuidado. 


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