
Ser� que pensamos com cuidado que um dia nossos pais sa�ram do hospital com um “pacotinho” lindo e maravilhoso, desencadeante de um imediato amor, mesmo antes do seu nascimento, mas que exigia cuidados constantes: dar banhos, amamentar, trocar fraldas, levantar a noite ao menos movimento daquele “pacotinho” rechonchudinho e boas bochechas rosinhas?
Imposs�vel n�o se apaixonar, por�m tamb�m n�o podemos nos esquecer que este mesmo serzinho t�o af�vel nos tirou os tempos de lazer, passeios, viagens (em que t�nhamos de levar um caminh�o de tralhas para passar cinco dias de praia). E olha que vamos entender que aquele beb� n�o veio para ficar por um tempo. Ele seria para sempre. Dia e noite a gente faz vig�lia ao lado do ber�o, damos de mamar, colocamos eretos para arrotar e os aninhamos nos bra�os para que o beb� volte a dormir.
Curiosamente, na maioria das vezes os pegamos do lado direito do nosso corpo, j� que assim o rec�m nato consegue olhar diretamente nos nossos olhos, contaminando o nosso lado direito do nosso c�rebro com mais e mais amor. Ahhhhhh...... cada sorrisinho parece que fez com que o mundo se transformou em algo melhor. Acabou aquele tempo de nossa liberdade plena de ficarmos conosco mesmo sem fazer nada. O centro do mundo sofreu um deslocamento: virou nossos filhos.
Imposs�vel n�o se apaixonar, por�m tamb�m n�o podemos nos esquecer que este mesmo serzinho t�o af�vel nos tirou os tempos de lazer, passeios, viagens (em que t�nhamos de levar um caminh�o de tralhas para passar cinco dias de praia). E olha que vamos entender que aquele beb� n�o veio para ficar por um tempo. Ele seria para sempre. Dia e noite a gente faz vig�lia ao lado do ber�o, damos de mamar, colocamos eretos para arrotar e os aninhamos nos bra�os para que o beb� volte a dormir.
Curiosamente, na maioria das vezes os pegamos do lado direito do nosso corpo, j� que assim o rec�m nato consegue olhar diretamente nos nossos olhos, contaminando o nosso lado direito do nosso c�rebro com mais e mais amor. Ahhhhhh...... cada sorrisinho parece que fez com que o mundo se transformou em algo melhor. Acabou aquele tempo de nossa liberdade plena de ficarmos conosco mesmo sem fazer nada. O centro do mundo sofreu um deslocamento: virou nossos filhos.
S�o tempos calculados em d�cadas em que preparamos nossos filhos para que possam ter uma vida em paz, com prosperidade e comportamento �tico, e quem sabe, at� perpetuar a vida, nos dando netos. Quando s�o assim criados, chegar� inevitavelmente um tempo que eles assumir�o suas pr�prias vidas e o ciclo se reinicia. Por�m aqui o problema ser� como n�s, pais, nos comportaremos: teremos orgulho da nossa conquista de formarmos seres aptos a viverem por sua conta e risco ou teremos raiva de sermos abandonados. Muitas vezes n�o entendemos que nossos filhos n�o est�o nos abandonando. Jamais. Eles est�o assumindo suas pr�prias vidas.
Muitas vezes ficamos realmente chateados de nossos filhos n�o precisarem de n�s para tudo, que n�o seguem mais cegamente as nossas determina��es ou fazer tudo como acredit�vamos que seria o melhor caminho. N�o. Estes filhos j� desenvolveram a sua individualidade, autonomia, independ�ncia e, realmente, est�o desesperados para colocar todas estas ferramentas que adquiriram no decorrer da vida em pr�tica.
A� voltamos ao que citamos acima para analisar as duas formas t�o distintas de encarar esta realidade - que se realmente criamos os filhos de maneira correta, a vivenciaremos: ficaremos exultantes com nossa capacidade de criar filhos que realmente se transformaram em adultos e t�m vida pr�pria ou ficaremos deprimidos para acreditarmos que eles assim atuam porque nos abandonam? Ser� que realmente isso � um abandono ou uma demonstra��o de que est�o aptos ao mundo?
Precisamos apoiar nossos filhos na sua jornada de vida, mesmo que a sensa��o do ninho vazio corroa nossa alma. Sim..... eles conhecer�o outras pessoas, se apaixonar�o, se unir�o a elas e ainda existe a possibilidade maravilhosa de nos darem netos, em que todo o ciclo recome�a, inclusive aquele amor imenso que citamos no come�o do artigo, s� que com a diferen�a de que, quando cansamos de cuidar, devolvemos aquela belezinha para os seus pais. Olha que beleza: ficamos s� com a parte maravilhosa do cuidado e do amor aos nossos netos.
E ainda com a grande vantagem de que nascemos em um pa�s que segue muito os padr�es latinos de estrutura familiar, em que os filhos geralmente est�o mais perto dos pais e os visitam com frequ�ncia. Somos beneficiados pela possibilidade de mantermos unida nossas fam�lias durante todo o nosso existir e talvez esta seja a explica��o de que em menos de 20 anos os pa�ses de maior longevidade ser�o os portugueses e os espanh�is, que j� ter�o todo acesso �s tecnologias alem�s ou japonesas, mas manter�o a m�gica do bem viver: o carinho de quem nos ama. As fam�lias mant�m-se muito unidas e cuidando um dos outros.
Por muitas vezes, h� uma dist�ncia enorme, do ponto de vista f�sico, que n�o nos permite um abra�o, mas contactar pais com filhos e filhos com pais atrav�s desta imensidade de formas de comunica��o pode manter o equil�brio ps�quico de todos.
Por�m, em algum momento, � necess�rio que os pais sejam diretos e objetivos em uma conversa muito dif�cil: a grande longevidade que hoje j� � uma realidade nos obriga a planejarmos como ser� o nosso final de vida e esta nossa realidade precisa ser compartilhada com nossos filhos antes que a fragilidade se manifeste. Devemos cham�-los ao dever de cuidar de n�s no final da vida. Devemos cumprir nossa parte: cuidar da nossa sa�de, cumprir as orienta��es m�dicas, seguir dietas adequadas, fazer atividades f�sicas, exercitar nossa cogni��o, mas, mesmo fazendo tudo isso, iremos, inevitavelmente, envelhecer e a cada dia ficarmos mais fr�geis.
Esta � uma conversa dif�cil, pois n�o cabe a n�s lembrarmos aos flhos que passamos mais de 20 anos de nossas vidas suprindo todas as necessidades de nossa prole. Podemos sim pedir que eles dispensem tempo de qualidade, ajuda financeira, demonstra��es de carinho, cuidado e amor. Sejamos delicados neste pedido, mas � fundamental que o fa�amos. Como eles podem adivinhar o que estamos carecendo sem que deixemos isso claro para eles?
Por�m, em algum momento, � necess�rio que os pais sejam diretos e objetivos em uma conversa muito dif�cil: a grande longevidade que hoje j� � uma realidade nos obriga a planejarmos como ser� o nosso final de vida e esta nossa realidade precisa ser compartilhada com nossos filhos antes que a fragilidade se manifeste. Devemos cham�-los ao dever de cuidar de n�s no final da vida. Devemos cumprir nossa parte: cuidar da nossa sa�de, cumprir as orienta��es m�dicas, seguir dietas adequadas, fazer atividades f�sicas, exercitar nossa cogni��o, mas, mesmo fazendo tudo isso, iremos, inevitavelmente, envelhecer e a cada dia ficarmos mais fr�geis.
Esta � uma conversa dif�cil, pois n�o cabe a n�s lembrarmos aos flhos que passamos mais de 20 anos de nossas vidas suprindo todas as necessidades de nossa prole. Podemos sim pedir que eles dispensem tempo de qualidade, ajuda financeira, demonstra��es de carinho, cuidado e amor. Sejamos delicados neste pedido, mas � fundamental que o fa�amos. Como eles podem adivinhar o que estamos carecendo sem que deixemos isso claro para eles?
Interessantemente, muitas vezes a forma com que cuidamos dos nossos pais j� � mais que suficiente para que eles entendam como os idosos precisam ser cuidados. � a quest�o do exemplo: nossos filhos repetir�o o que nos veem fazendo com nossos pais e provavelmente assim nos tratar�o. N�o mais importante na educa��o que o exemplo. Nossos filhos absorvem h�bitos e pensamentos da forma como percebem a forma de como cuidados dos nossos anci�es.
Devemos permitir que os nossos filhos percebam que a cada vez vamos ficar mais dependentes e precisamos clarear a vis�o dos nossos filhos de que precisamos de outros para manter nossas vidas. A primeira rea��o dos nossos filhos � a dificuldade de enxergar que precisam cuidar de pessoas que sempre tiveram o papel completamente diferente: eram eles que nos cuidavam. Agora cuidaremos deles? Devemos ser muito cautelosos com nossas palavras, do cuidado ao orientar-lhes em situa��es de maior risco, chamar todos os familiares para que possam se unir neste cuidado.
N�o podemos nos esquecer de que a sensa��o de estarmos realmente manifestando nosso amor aos nossos progenitores, cuidando deles nesta fase dif�cil desta vida t�o ef�mera. Para que n�o nos sintamos sobrecarregados ou mesmo sobre usados, devemos encarar como uma fase de aprendizado, de viv�ncia com o exerc�cio da empatia e da humanidade para com as pessoas que mais nos amaram e nos fizeram o que somos. Se eles nos deram ferramentas para cuidar de tantas coisas, certamente est�o municiados de conhecimentos e dedica��o para nos cuidarem.
Existem v�rias rela��es pais e filhos que foram permeadas por dificuldades, abandono, faltas diversas e talvez esta fase seja um �timo per�odo para que possamos exercer o perd�o, lembrando sempre que, se eles n�o nos deram mais em determinadas fases da vida, n�o era porque n�o queriam. Provavelmente era porque n�o receberam ou n�o tinham mecanismos e ferramentas para dar mais. Se pudessem, provavelmente teriam nos oferecido.
Assim pensando, quem sabe consigamos perdoar com mais facilidade? Quando manifestamos o cuidado de cuidar de quem nos cuidou podemos desencadear sensa��es maravilhosas, com a alegria de crermos que estamos dando o melhor para quem, indubitavelmente, nos amou e muito se esfor�ou para forjar os seres humanos que hoje somos. Sejamos gratos a eles. Entendamos este cuidar como uma forma de retribuir e refor�ar o amor filial, que nasceu do amor paternal e que, a depender de como tratamos nossos pais, far�o tamb�m com que seus netos exer�am este papel.
Assim pensando, quem sabe consigamos perdoar com mais facilidade? Quando manifestamos o cuidado de cuidar de quem nos cuidou podemos desencadear sensa��es maravilhosas, com a alegria de crermos que estamos dando o melhor para quem, indubitavelmente, nos amou e muito se esfor�ou para forjar os seres humanos que hoje somos. Sejamos gratos a eles. Entendamos este cuidar como uma forma de retribuir e refor�ar o amor filial, que nasceu do amor paternal e que, a depender de como tratamos nossos pais, far�o tamb�m com que seus netos exer�am este papel.
Assim, creio que a mensagem final � que podemos e devemos ter uma conversa franca e direta com quem amamos: um dia vou precisar dos seus cuidados, pois diferentemente de quando eu te criei, quando a cada dia que passava voc� ficava mais independente e eu, menos necess�rio na sua sobreviv�ncia, agora ocorre exatamente o contr�rio: a cada dia que passa seremos mais dependentes e mais precisaremos de cuidados. Cremos que este cuidado � que realmente diferencia os seres humanos (esp�cie) dos humanos (pessoas com alma e sentimentos).