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Estado de Minas VITALidade

O Eu te Amo mais importante

Uma reflex�o sobre a solid�o na terceira idade; isso � um problema? Entenda


12/06/2023 07:10
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Idosos namorando
(foto: Pixabay)


Uma curiosidade sobre o Dia dos Namorados � que, enquanto em quase todo o mundo ele � comemorado no dia 14 de fevereiro, Dia de S�o Valentim, que � considerado o Santo Padroeiro dos Apaixonados, no Brasil, em raz�o de uma estrat�gia de marketing da extinta Loja Exposi��o Clipper, que queria alavancar as vendas do m�s de junho, tradicionalmente fraco no com�rcio, foi eleito o dia 12 de Junho, v�spera de Dia de Santo Ant�nio, o nosso Santo Casamenteiro para comemorar o Dia dos Apaixonados.

Talvez em raz�o de seu surgimento como estrat�gia de marketing, muitos dizem que o Dia dos Namorados � um dia puramente comercial. Deixando de lado essa controv�rsia, � importante lembrar que esse dia pode despertar o inc�modo sentimento de solid�o que nos foi introjetado pela sociedade quando n�o t�nhamos algu�m para comemorar o dia 12 de junho. S� que agora pode ser especialmente cruel, a depender do �ngulo que se olha, pois j� n�o temos todo o tempo do mundo pela frente.

A solid�o provocada pelo Dia dos Namorados pode vir da constante press�o para termos algu�m em nossas vidas, como se a aus�ncia de um parceiro nos impedisse de estar bem ou completos. Isso � uma esp�cie de solid�o imposta pela sociedade. Presos a um modelo de como as pessoas "bem-sucedidas e em processo de amadurecimento" devem ser, inclusive tendo um parceiro, somos constantemente cobrados para estarmos acompanhados, como se a op��o de dedicar tempo para amar e apreciar a n�s mesmos n�o fosse v�lida.

Antes de mais nada, fa�amos uma distin��o entre solid�o e solitude. Enquanto a solid�o � um estado de isolamento social e emocional associado a uma experi�ncia negativa, como tristeza, vazio ou desconex�o, a solitude refere-se a uma escolha consciente de estar sozinho e buscar o isolamento volunt�rio. Ela est� associada a experi�ncias positivas, como autorreflex�o, autoconhecimento, criatividade e renova��o pessoal. N�o h� d�vida de que a solitude � ben�fica e desej�vel!

Diante disso, o Mito da Completude narrado no Banquete de Plat�o pode nos dar uma perspectiva do amor que internamente desejamos, mas que nunca damos e que n�o existe no mundo real, uma vez que as rela��es s�o constru�das por seres imperfeitos. De acordo com o mito, n�s pertenc�amos a uma ra�a de seres chamados Andr�ginos, dotados dos dois sexos e de de grande for�a, agilidade e completude. No entanto, devido � arrog�ncia desses seres, eles tentaram invadir o Olimpo e foram castigados pelos deuses, que os dividiram ao meio, fazendo com que passassem o resto de suas exist�ncias procurando sua outra metade.

Assim como no mito, muitas vezes acreditamos na ideia de completude essencial e desejamos encontrar nossa "cara metade" que foi separada pelos deuses. Achamos que vamos encontrar o parceiro perfeito, algu�m que se encaixe perfeitamente em nossas fissuras. Sem perceber nossas pr�prias imperfei��es, constru�mos uma lista de exig�ncias que nem n�s mesmos passar�amos. 

No livro "A Arte de Amar", Erich Fromm nos ensina que � um equ�voco buscar algu�m que nos complete, pois o amor verdadeiro est� ligado a um processo de autodesenvolvimento e autossufici�ncia. Precisamos compartilhar nossa plenitude, e n�o nossas car�ncias, com algu�m. 

Segundo Fromm, a busca pela completude em relacionamentos rom�nticos leva � depend�ncia emocional e insatisfa��o. A base para construir um relacionamento saud�vel est�, ent�o, no autodesenvolvimento, no desenvolvimento de uma identidade pr�pria, na compreens�o de nossos desejos e necessidades e, acima de tudo, no cultivo do amor por n�s mesmos. Esse amor-pr�prio, longe de ser ego�smo, nos permite amar e cuidar dos outros de maneira mais saud�vel.

� amando e mantendo uma rela��o saud�vel e assertiva conosco que podemos alcan�ar o que temos de melhor e, assim, partilharmos nossa melhor vers�o com os outros. O Dia 12 de Junho � o Dia dos Namorados, mas pode ser tamb�m a data do eu te amo mais importante da vida e do in�cio da constru��o de uma verdadeira e profunda rela��o de amor conosco mesmo. 

� medida que amadurecemos e nos aproximamos do que Fromm ensina, deixamos de buscar por qualquer relacionamento. Tornamo-nos criteriosos em nossas escolhas, pois aprendemos que solid�o e solitude s�o conceitos diferentes e n�o permitiremos que qualquer pessoa nos prive do prazer de nossa pr�pria companhia ou de desfrutar de momentos especiais com nossos amigos!

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