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Estado de Minas COLUNA

O tortuoso caminho eleitoral de Sergio Moro

''Com a subida nas pesquisas de Moro, n�o � irrelevante a probabilidade de que vire alvo tanto do PT quanto do atual presidente''


29/11/2021 04:00 - atualizado 29/11/2021 07:03

O ex-juiz brasileiro e ministro da Justiça Sergio Moro fala durante evento para anunciar sua filiação ao partido PODEMOS em Brasília, em 10 de novembro de 2021
"� indispens�vel para Moro aprender com o que aconteceu com Marina Silva em 2018" (foto: Evaristo S�/AFP)

Ainda que desponte momentaneamente como o nome mais bem colocado nas pesquisas para fazer frente ao presidente Jair Bolsonaro e ao ex-presidente Lula, � dif�cil ver hoje em Sergio Moro a consist�ncia de um candidato forte o bastante para aguentar a sanguinol�ncia de uma campanha eleitoral e, menos ainda, para conseguir governar caso ven�a. Existem caminhos para construir tal consist�ncia?

Em primeiro lugar, � indispens�vel para Moro aprender com o que aconteceu com Marina Silva em 2018. Pouco antes da vota��o do primeiro turno, no final de agosto, Marina parecia nome certo no segundo. A morte de Eduardo Campos fez com que Marina ultrapassasse A�cio Neves e empatasse com Dilma Rousseff.

O que se viu depois disso foi uma verdadeira campanha tanto do PT quanto do PSDB para uma desconstru��o da candidata, com foco nas suas contradi��es ideol�gicas e program�ticas. Deu certo e a terceira via ficou pelo caminho.

Marina n�o dispunha – como Moro ainda tamb�m n�o disp�e – de uma estrutura partid�ria suficiente para enfrentar os ataques. O seu partido, PSD, n�o tinha palanques regionais relevantes, nem tempo de TV. Mesmo dentro do partido, Marina n�o era unanimidade. O ent�o secret�rio-geral do PSD na �poca, Carlos Siqueira, abandonou a coordena��o de sua campanha dizendo: “N�o participo da campanha de Marina. Ela n�o � do PSD.”

Com a subida nas pesquisas de Moro, n�o � irrelevante a probabilidade de que vire alvo tanto do PT quanto do atual presidente. Moro precisa urgentemente de alian�as para poder chegar ao segundo turno, j� que a estrutura do Podemos n�o ser� suficiente. Uma possibilidade seria a alian�a com o rec�m-criado Uni�o Brasil, jun��o do PSL e do DEM, que poderia oferecer a for�a necess�ria para suportar a ofensiva de Lula e Bolsonaro.

N�o que seja f�cil mover um partido rec�m-criado e com caciques que concordam em quase nada se mover na mesma dire��o. ACM Neto, e a maior parte da ala que veio do DEM, parece mais recept�vel � ideia de apoiar Moro. J� Luciano Bivar, e parte dos que vieram do PSL, parecem mais resistentes. Atualmente, o �nico pr�-candidato do Uni�o Brasil � o ex-ministro da Sa�de de Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta. Na semana passada, Mandetta teve que desmentir que havia desistido da corrida presidencial, mas poucos ainda acreditam em sua viabilidade.

Mesmo que Moro consiga trazer o Uni�o Brasil, reunindo for�as para n�o “marinar”, o ex-juiz precisar� construir uma imagem que abarque pautas al�m do combate � corrup��o e uma narrativa defens�vel para sua nova base de apoio. 

� uma armadilha, por exemplo, tentar falar profundamente de economia e detalhar seus planos de governo agora. O que � necess�rio � transmitir a preocupa��o com o impacto da infla��o, desemprego e imensa desigualdade social. Lula nunca entendeu nada de teoria econ�mica, mas sempre mostrou empatia pelos mais pobres e pelo achatamento da classe m�dia. At� Bolsonaro se rendeu: hoje aposta boa parte das fichas em um programa social para reduzir sua imensa rejei��o.

Em rela��o a narrativas, � perfeitamente vi�vel para um bom marqueteiro suplantar as afirma��es de que tenha “virado comunista” ou de que tenha “tra�do o capit�o”, ou ainda de que “prendeu o principal advers�rio para poder virar ministro”. Mais dif�cil parece ser a tarefa de se reconciliar com a pol�tica para poder governar, caso ganhe.

N�o far� isso se cercando de militares. A filia��o do ex-ministro Santos Cruz ao Podemos � uma boa not�cia para atrair as for�as armadas, j� que alguns ainda temem a rea��o dos quart�is caso Bolsonaro perca. Mas Moro precisar� dos agentes pol�ticos para governar: seria uma estupidez negar a pol�tica ou repetir erros de amadores no estilo “governar por bancadas tem�ticas”.

A escolha do vice tamb�m � estrat�gica. Lula busca um nome que atraia votos da centro-direita para sua candidatura, mas s� faz isso porque sua base � s�lida o suficiente para suportar at� um Geraldo Alckmin ao seu lado. Ser� que valeria a pena colocar um nome de centro-esquerda na chapa de Moro para atrair votos desse espectro ideol�gico? Provavelmente n�o: o advers�rio do ex-juiz � Bolsonaro no primeiro turno. Talvez ceder a vaga ao Uni�o Brasil, para garantir o apoio de um partido de peso j� no primeiro turno, seja mais conveniente. 

Joga a favor de Moro a confus�o das pr�vias do PSDB, o acordo fr�gil que permitiu a ida de Bolsonaro para o PL e as falas tresloucadas de Lula em defesa de ditaduras. Nem por isso existe qualquer garantia de que o ex-juiz reunir� as condi��es pol�ticas para ser um candidato vencedor e muito menos um presidente eficiente. Mesmo existindo caminhos, eles n�o deixam de ser tortuosos.

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