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Estado de Minas COLUNA

Como nossa estupidez � usada para nos manipular politicamente

Os maiores absurdos da humanidade foram cometidos por medos completamente irracionais


27/12/2021 04:00 - atualizado 27/12/2021 06:59

Jogos de azar, isenção de IPTU de templos religiosos e fundo eleitoral foram objetos de deliberação nessa última semana
Jogos de azar, isen��o de IPTU de templos religiosos e fundo eleitoral foram objetos de delibera��o nessa �ltima semana do ano na C�mara dos Deputados (foto: Maryanna Oliveira/C�mara dos Deputados - 4/11/20)
Ter consci�ncia da pr�pria estupidez em rela��o � pol�tica talvez seja a �nica sa�da para a mediocridade do debate p�blico que come�a a se desenhar para o pr�ximo ano eleitoral. O exerc�cio de autoconhecimento � dif�cil, mas n�o imposs�vel. No �ltimo artigo do ano, este espa�o ser� dedicado a alguns exemplos de como nossa estupidez � usada para nos manipular politicamente.

Talvez o principal sentimento para te convencer a ir – e votar – em uma dire��o � aquele inerente ao instinto de sobreviv�ncia: o medo. Os maiores absurdos da humanidade foram cometidos por medos completamente irracionais. Medo de judeus, medo do comunismo, medo do capitalismo, medo de perder privil�gios, e por a� vai.

Quando algum candidato tentar incutir o receio de que, por exemplo, existe uma grande conspira��o global de incentivo ao homossexualismo, pergunte como ele votou – caso tenha sido deputado ou senador – no fundo eleitoral. Sim, porque no momento em que voc� se preocupa com a conspira��o global, voc� esquece que foi aprovado um aumento do fundo de R$ 5,1 bilh�es para campanhas, enquanto tem crian�a pedindo carne para o Papai Noel.

Pois �, amigo leitor, as formas de diversionismo s�o muito variadas. Repetir slogans contra ou a favor de determinado candidato tamb�m � uma forma excelente de fugir da profundidade comprometedora. Enquanto voc� fica publicando em rede social coisas do tipo “candidato xx pela mudan�a”, “candidato y pela fam�lia, tradi��o e sei l� o qu�”, passa despercebido como esse pol�tico votou em rela��o � isen��o de IPTU para templos religiosos em im�veis alugados ou sobre a possibilidade de uma delibera��o mais r�pida sobre regulariza��o dos jogos de azar no Brasil.

O debate raso faz com que exista pouca ou nenhuma responsabilidade pelo que esses parlamentares fazem em Bras�lia durante seus quatro anos de mandato. S�o leis que interferem diretamente na sua vida, leitor, mas que simplesmente passam abaixo do radar do notici�rio e obviamente muito longe das campanhas eleitorais.

Jogos de azar, isen��o de IPTU de templos religiosos e fundo eleitoral foram objetos de delibera��o nessa �ltima semana do ano. Agora, pergunte a si mesmo: voc� sabe como o senador ou deputado em quem voc� votou na �ltima elei��o se posicionou sobre um desses temas ou qualquer outro, leitor?

Buscar essa racionalidade – e ter consci�ncia da nossa atual estupidez – precisa ser nosso objetivo como sociedade. Ali�s, � muito comum em embates pol�ticos o debatedor n�o discutir o argumento em si, mas uma caricatura desse argumento.

Por exemplo: a Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) recomendou que o governo passasse a exigir o certificado de vacina��o em portos e aeroportos para o coronav�rus. O presidente Bolsonaro retrucou: "Estamos trabalhando agora com a Anvisa, que quer fechar o espa�o a�reo. De novo, porra? De novo vai come�ar esse neg�cio? (...)”. O presidente sabe perfeitamente que nunca houve qualquer recomenda��o da Ag�ncia de fechar espa�o a�reo. Mas � mais f�cil combater a caricatura do que o fato em si. Isso acontece o tempo todo, leitor.

O combate � pandemia tem sido uma excelente oportunidade de avalia��o dos pol�ticos. A cria��o de factoides em rela��o � vacina��o (chip chin�s, rela��o com AIDS, inefici�ncia da imuniza��o) foram perpetrados aos montes – ali�s, olha o “medo” a� de novo. Quando n�o se tem mais argumento, inventa-se uma consulta p�blica sobre a aplica��o da vacina em crian�as.

Leitor, o que voc� entende sobre vacina��o infantil? N�o faz mais sentido confiar na ci�ncia? A minha opini�o – e provavelmente a sua – valem muito pouco sobre isso. Trata-se somente de mais uma fal�cia: o Minist�rio da Sa�de n�o d� a m�nima para o que voc� pensa sobre vacina.

Desejo a todos que em 2022 tenhamos mais consci�ncia da nossa pr�pria estupidez, para que sejamos um pouco menos sujeitos � manipula��o no ano que est� por vir.
 

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