� comum que em determinados momentos de desespero, um governo busque aparentar fazer oposi��o a si pr�prio. Mas, em geral, n�o passa disso mesmo: cortina de fuma�a para esconder o que realmente importa. Foi esse teatro de tolos que foi encenado para um suposto empenho na cria��o de uma Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito para pressionar a administra��o da Petrobras.
“Eu assinaria essa CPI se fosse deputado. � para voc� ver, entre outras coisas, como � a composi��o do pre�o do combust�vel na Petrobras”. Essa declara��o foi dada pelo presidente na quarta-feira (22/6) em entrevista para a r�dio Itatiaia de Belo Horizonte. � bem prov�vel que o deputado Bolsonaro assinasse mesmo, j� que � �poca que estava na C�mara dos Deputados, pouco tinha a perder e nenhuma perspectiva de poder. Agora � diferente.
Bolsonaro encontra-se em um quadro eleitoral delicado, no qual seu principal advers�rio permanece com chances reais de vencer j� no primeiro turno no pleito presidencial de outubro. Mesmo sabendo que a estrat�gia � terceirizar a culpa do aumento dos combust�veis, uma CPI � imprevis�vel e pode terminar escrachando o evidente: o presidente � quem nomeia o principal administrador e a maior parte do conselho da Petrobras.
Aparentemente, tanto Bolsonaro quanto Arthur Lira (PP-AL) defenderam a cria��o da tal CPI. Na pr�tica, o partido do presidente da C�mara dos Deputados decidiu n�o assinar o requerimento para a cria��o da comiss�o. Seriam necess�rias as assinaturas de pelo menos 171 deputados para abertura da CPI. Esse n�mero poderia ser alcan�ado com tranquilidade caso Bolsonaro e Lira quisessem mesmo a institui��o da Comiss�o.
Para se ter uma ideia, em apenas dois dias, faltavam s� 39 assinaturas em apoio ao requerimento do deputado Altineu Cort�s (PP-RJ), que ali�s � do mesmo partido do presidente Bolsonaro. No entanto, nitidamente, os governistas tiraram o p� do acelerador depois de quarta-feira.
Com o pedido de demiss�o de Jos� Mauro Coelho da presid�ncia da empresa, o entendimento � que n�o seria mais t�o necess�ria a CPI, al�m de o efeito eleitoral das declara��es p�blicas contra a pol�tica de pre�os j� terem afastado Bolsonaro do centro da culpa. Mas o principal motivo para esfriar o �mpeto para a cria��o da CPI foi mesmo o receio de ser capturada pela oposi��o.
Abrir palanque para criticar o governo n�o parece ser a melhor estrat�gia em momento algum, mas principalmente em ano eleitoral. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) chegou a postar no Twitter sobre o requerimento de cria��o da CPI: “Serei o 1º na fila para assinar”. Na mesma linha, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) publicou na mesma rede “Ei, Bolsonaro! De CPI a gente entende e sabe conduzir com excel�ncia”.
No final, a ficha parece ter ca�do de que esse teatro de fazer oposi��o a si pr�prio poderia parecer demais com a realidade. Hoje, se depender da base governista, a encena��o termina antes mesmo do primeiro ato.