
Nada disso � novidade, at� porque Carlos Bolsonaro, ainda em junho, fez quest�o de expor o descontentamento com os rumos da campanha coordenada pela ala pol�tica. O publicit�rio escolhido pelo Partido Liberal foi Duda Lima e foi dele a ideia do slogan para reelei��o do presidente “Sem Pandemia, sem corrup��o, com Deus no cora��o. Ningu�m segura essa na��o.”
Logo na sequ�ncia da divulga��o, Carlos publica no Twitter: “Vou continuar fazendo o meu aqui e dane-se esse papo de profissionais do marketing. Meu Deus!”
� verdade que depois do lan�amento oficial, pouco se ouviu o tal slogan, mas como a campanha ainda n�o come�ou oficialmente, ent�o � dif�cil saber se a ideia foi abandonada ou se ressurgir� na propaganda oficial. De qualquer forma, o presidente ainda oscila entre os defensores da campanha tradicional e seus antigos apoiadores. Prova disso foi a fat�dica reuni�o com os embaixadores na semana passada.
O n�cleo que lidera a campanha tradicional avaliou como negativa a apresenta��o contra as urnas eletr�nicas. Segundo eles, pesquisas internas sinalizam para uma queda na inten��o de votos do presidente e o foco deveria permanecer nas pautas positivas produzidas pelo governo recentemente, que t�m potencial para reduzir sua rejei��o.
Ali�s, essa ala pol�tica entende que a rejei��o � a determinante dessa campanha. A �ltima pesquisa Exame/Ideia indica que 46% n�o votariam em Bolsonaro de forma alguma, contra 40% de Lula.
Esses n�meros s�o bastantes semelhantes aos outros institutos de pesquisa que tamb�m convergem para os recortes do eleitorado no qual essa rejei��o � maior: jovens, estudantes, a popula��o com renda abaixo de tr�s sal�rios-m�nimos ou desempregados e mulheres.
A rejei��o entre as mulheres � especialmente preocupante, j� que hoje 53% do eleitorado � feminino. O marqueteiro oficial de Bolsonaro buscou envolver a primeira-dama na pr�-campanha, mas enfrentou muita resist�ncia.
At� aqui, a rec�m-nomeada presidente da Caixa Econ�mica Federal Daniella Marques colaborou mais para a redu��o da rejei��o do que Michelle Bolsonaro. Ainda existe expectativa de que a primeira-dama, juntamente com a ex-ministra Damares Alves, se engajem mais e ajudem o presidente a reduzir a rejei��o.
A vacina contra a desaprova��o entre os mais pobres seria a exposi��o do programa social refor�ado, a prov�vel redu��o da infla��o nos meses que anteceder�o a elei��o e as visitas constantes �s regi�es onde o presidente � mais rejeitado, em especial, o Nordeste. Nota-se que nessa programa��o n�o existe espa�o para reuni�o com embaixadores.
Do ponto de vista dos apoiadores mais ideol�gicos, basta Bolsonaro conseguir manter seus 30% de eleitorado coeso para passar ao segundo turno e, assim, vencer a elei��o novamente considerando a for�a do antipetismo. Seria importante manter bandeiras antissistemas presentes no discurso do presidente (“Lula � candidato do Fachin e de Alexandre de Moraes”, por exemplo).
Quando esse ponto de vista encontra eco entre o que os militares que rodeiam o presidente entendem adequado, o resultado � o espet�culo esdr�xulo para os embaixadores.
Ontem (24/7) foi lan�ada oficialmente a campanha do presidente Bolsonaro, em evento no Maracan�zinho. Por se tratar de uma conven��o partid�ria, quem deu as cartas foi mesmo a ala pol�tica da campanha, mas isso est� longe de indicar que Carlos Bolsonaro n�o ser� figura extremamente influente.
Agora, se existe d�vida em qual ser� a estrat�gia para sair vencedor em outubro, n�o existe nenhuma que para governar, Bolsonaro precisar� de Valdemar e companhia. Esse parece ter sido um dos principais aprendizados do primeiro mandato e permanecer� para o segundo: se Bolsonaro ganhar, a pol�tica tradicional � quem manda.