Nesta �poca do ano, ocorre uma sens�vel melhoria do pre�o do leite, por conta da entressafra. Por essa raz�o, o per�odo � favor�vel para que o produtor consiga aumentar o faturamento e os lucros.
Essa condi��o ganha import�ncia no Norte de Minas que, historicamente, enfrenta estiagens prolongadas. A pecu�ria leiteira tem um grande peso na economia da regi�o, garantindo o sustento de milhares de pequenos agricultores, que, neste per�odo do ano, n�o t�m como se dedicar a outras atividades produtivas devido � falta d �gua.
O consultor t�cnico Reinaldo Nunes de Oliveira, aposentado da Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural (Emater-MG), ressalta que em fun��o da falta de pasto e da escassez de �gua - consequ�ncias de cinco anos seguidos de estiagens rigorosas, muitos produtores norte-mineiros se viram obrigados a vender as matrizes e interromper a produ��o leiteira.
Mesmo assim,a atividade se mant�m como carro-chefe do campo no Norte do estado, onde ainda existem cerca de 30 mil agricultores familiares que sobrevivem quase que exclusivamente da pequena produ��o leiteira no per�odo crucial da seca (abril a outubro).
“Nesta �poca, a produ��o de leite � a �nica atividade que garante aquele dinheirinho mensal para o pequeno agricultor se manter e cobrir os custos da propriedade”, comenta Nunes de Oliveira.
Segundo ele, cada pequeno produtor norte mineiro possui entre 25 e 30 reses, mantendo em lacta��o cerca de oito a 10 vacas no per�odo mais cr�tico da falta de chuvas.
O t�cnico afirma que o Norte de Minas j� produziu cerca de 600 mil litros de leite por dia. Hoje, a produ��o di�ria da regi�o � de aproximadamente 250 mil litros na �poca da seca.
Ele ressalta que a m�dia da produ��o di�ria de cada produtor de leite da regi�o j� oscilou entre 50 e 80 litros por dia. Atualmente, est� em torno de 30 litros di�rios, na fase crucial da estiagem.
O diretor de Pecu�ria Leiteira da Sociedade Rural de Montes Claros, Otaviano de Souza Pires J�nior, salienta que a busca de melhor rendimento e do lucro por parte do produtor come�a bem antes do per�odo da estiagem.
“O produtor deve se preparar na �poca das chuvas, fazendo o plantio de cana, de sorgo ou de milho, com uma boa silagem para alimentar o rebanho durante a seca”, afirma Pires J�nior.
Ele disse que o cultivo da cana � a alternativa mais barata para se produzir a ra��o na propriedade e garantir a manuten��o do rebanho diante da falta de pasto.
“Mas, em termos de custo/benef�cio, desde que seja feito o plantio correto, sorgo � melhor, por ser uma cultura mais resistente � seca e que apresenta melhor qualidade nutricional”, assinala.
O diretor da Sociedade Rural destaca que em torno de 70 a 80 por cento dos produtores de leite do Norte de Minas s�o pequenos agricultores, que t�m com uma produ��o inferior a 200 litros por dia.
No entanto, Pires Junior destaca que � poss�vel conseguir uma produ��o de leite mais elevada na regi�o de clima semi�rido durante a estiagem, somente com a silagem ou com o uso da ra��o como alimenta��o complementar de vacas no pasto.
Pires Junior cita o seu pr�prio caso. Ele conta com 45 vacas em lacta��o em sua propriedade no munic�pio de Bocaiuva e alcan�a uma produ��o de 800 litros por dia - m�dia de quase 18 litros/dia por r�s.
“Os animais s�o mantidos com a pastagem seca e refor�o proteico, com concentrado de milho, farejo de soja, sorgo e outras formas de alimenta��o complementar”, explica o pecuarista.
O produtor norte - mineiro cria vacas holandesas puro sangue. Ele explica que a ra�a se adapta tamb�m �s regi�es de clima semi�rido.
“N�o existe uma ra�a espec�fica para se produzir leite em uma regi�o seca. Existem criat�rios de gado holand�s de clima quente como a Calif�rnia. Tudo depende do manejo adotado pelo criador”, afirma Otaviano Pires Junior.
Projeto leva efici�ncia ao pecuarista do Vale do A�o

Os investimentos na alimenta��o do rebanho leiteiro para assegurar bons n�veis de produ��o na �poca da seca s�o feitos por produtores de outras regi�es mineiras. � o caso do produtor Avelino Lage, do munic�pio de Nova Era, no Vale do A�o. Com 25 vacas da ra�a Girolando em lacta��o, ele consegue uma produ��o di�ria de 500 litros.
Avelino afirma que o atual per�odo � ideal para que o pecuarista, mesmo diante da diminui��o do pasto (por conta da estiagem), consiga um bom n�vel de produ��o, aproveitando a boa remunera��o do leite para o produtor.
No entanto, ele salienta que para ter lucro nesta �poca do ano, o produtor precisa ficar atento para algumas medidas, principalmente, em rela��o aos custos. “Precisamos trabalhar com o planejamento da atividade, com o manejo correto e com o controle dos gastos”, observa o pecuarista de Nova Era. Ele acrescenta que tamb�m investiu na melhoria gen�tica da sua cria��o.
Avelino integra um grupo de produtores do Vale do A�o que, em car�ter permanente, recebem a visita de um t�cnico, que orienta sobre a gest�o, o planejamento e o controle de gastos na propriedade.
A orienta��o t�cnica � fornecida por meio do Programa Educampo, implantado na regi�o pelo Servi�o de Apoio a Pequena M�dia Empresa (Sebrae Minas), em parceria com a Cooperativa de Latic�nios Vale do Mucuri (Coolvam), sediada em Carlos Chagas.
A Coolvam � uma das cooperativas mais antigas do interior de Minas Gerais em atividade. Na �ltima sexta-feira, a entidade completou 70 anos de exist�ncia. Atualmente, a entidade conta com cerca de 650 associados.
O projeto Educampo, que auxilia produtores de leite no Vale do A�o, � uma iniciativa criada pelo Sebrae Minas desde 1997. o projeto foi idealizado como modelo de assist�ncia gerencial e tecnol�gica intensiva, para grupos de produtores de uma mesma atividade econ�mica, vinculados a parceiros ligados diretamente com a atividade.
Conforme o Sebrae, ao longo de duas d�cadas, o Educampo “tem buscado agregar ao conceito da assist�ncia t�cnica tradicional, a gest�o de neg�cios, normalmente uma das maiores defici�ncias encontradas junto aos empres�rios rurais, ampliando a capacidade do produtor em gerir sua atividade”.
Este diferencial - diz o �rg�o, “permite aplicar melhorias t�cnicas capazes de imprimir ganhos quantitativos e qualitativos ao produto prim�rio, melhorando os indicadores tecnol�gicos e econ�micos das propriedades”.
Atualmente, informa o Sebrae, o Projeto Educampo atende cerca de 800 produtores de leite em 203 munic�pios de Minas Gerais, com 53 projetos, em parceria com 26 agroind�strias, abrangendo 5% da produ��o leiteira do estado. O rebanho envolvido no projeto chega a 133,2 mil animais, com 52.379 vacas em lacta��o.