Fruta t�pica de lavouras de clima frio, a uva desmente a cren�a de que s� alcan�a o resultado ideal onde as temperaturas s�o baixas, a exemplo das terras do Rio Grande do Sul, do Chile ou de pa�ses da Europa.
A viticultura tamb�m est� se adaptando bem �s regi�es tropicais, com bons lucros oferecidos aos produtores. Prova disso est� no Projeto de Irriga��o do Ja�ba, no munic�pio hom�nimo do Norte de Minas Gerais, regi�o quente e �rida. S�o cultivadas em �reas do empreendimento as variedades destinadas ao consumo de mesa: Ni�gara, Benitaka, Vitoria, Isabel e Nubia.
O cultivo de uva � feito na etapa 2, a �rea empresarial do projeto de irriga��o, onde as lavouras de frutas avan�am. Com o plantio de 30 hectares de uva, a empresa Alpa Agr�cola investe na cultura e est� em plena colheita. De acordo com gerente e respons�vel t�cnico pelo plantio irrigado, o engenheiro-agr�nomo Sidney Scharmone Alves da Silva, a expectativa � de que sejam colhidas 900 toneladas nesta safra, que come�ou em julho e vai at� novembro.
Todas as variedades de uva de mesa escolhidas mant�m id�nticos n�veis de produtividade no clima quente, e a irriga��o � feita pelo sistema de gotejamento. A empresa emprega 70 pessoas na colheita da uva, com a marca Colibri. A produ��o � distribu�da em mercados consumidores de Belo Horizonte, Triangulo Mineiro, Goi�nia, na capital de S�o Paulo e nas principais cidades do interior paulista, como Campinas e Ribeir�o Preto.

O produto j� sai do Norte de Minas em embalagens prontas para serem entregues nos sacol�es e supermercados. Atualmente, em fun��o do per�odo de safra, quando costuma funcionar a chamada lei da oferta e da procura, o pre�o da fruta tem se mantido sem sobressaltos. A bandeja de 500 gramas tem sido negociada, segundo comerciantes do setor, entre R$ 2,50 e R$ 3.
Por ser uma fruta perec�vel, a uva precisa de cuidado especial no transporte e um sistema r�pido de escoamento. Por isso, as embalagens saem do Norte do estado em caminh�es refrigerados. Para evitar perdas, o intervalo de tempo entre a colheita e a comercializa��o n�o deve ultrapassar cinco dias.
O plantio de uva no Projeto Ja�ba foi iniciado h� 10 anos. O dono do empreendimento da Alpa Agr�cola � natural de S�o Gotardo, no Alto Parana�ba. Sidney Scharmone revela que antes de aportar no Ja�ba, o investidor fez estudos sobre a viticultura em regi�es de clima quente. Ele visitou o projeto de irriga��o de Petrolina/Juazeiro, na divisa da Bahia e Pernambuco, onde � colhida uva at� mesmo para a produ��o de vinho. Conheceu ainda as videiras irrigadas no munic�pio de Pirapora, tamb�m no Norte de Minas.
O agr�nomo destaca que a uva cultivada nas regi�es quentes tem um custo mais elevado do que o plantio nas regi�es de clima frio do Sul do pa�s, por causa da necessidade da irriga��o. Por outro lado, o plantio em �reas como o Norte de Minas apresenta algumas vantagens. A principal delas � que, em fun��o de maior luminosidade (mais horas di�rias de luz do sol), a fruta dessas regi�es apresentam um melhor paladar devido � propor��o refor�ada de a��car (brix). Segundo dados do Distrito de Irriga��o do Ja�ba (DIJ), a regi�o tem uma m�dia de insola��o de 2.892 horas por ano.
Outro aspecto a cultura das regi�es de clima frio t�m apenas uma safra por ano, que vai de dezembro mar�o. “Nas regi�es de clima quente, com a introdu��o de novas tecnologias, se consegue produzir uva praticamente o ano inteiro, alcan�ando melhor pre�o no mercado no per�odo da entressafra”, explica Sidney Scharmone. Ele observa, ainda que, al�m do atual per�odo, a uva do Jaiba oferece uma esp�cie de safrinha, que vai de mar�o a junho. H� mais um ganho na produ��o em �reas com maior intensidade de calor, uma vez que nelas ocorre menor frequ�ncia de ataque de pragas. Isso reduz os custos com defensivos para o produtor, e para o consumidor proporciona um produto mais saud�vel, com menos riscos � sa�de.
�GUA ESCASSA O engenheiro agr�nomo lembra que o cultivo da uva irrigada em regi�es de clima semi�rido exige um manejo adequado e cuidados, que come�am na prepara��o do solo e na escolha de mudas de qualidade. Por isso, a cultura irrigada, que – depois do plantio, demora um ano e seis meses para entrar em produ��o –, necessita de investimento elevado, de cerca de R$ 150 mil por hectare.
Scharmone n�o revela os percentuais de lucros obtidos com a cultura da uva tropical, mas d� uma pista sobre os resultados: o dono da empresa planeja plantar mais de 30 hectares no per�metro irrigado. No momento, adiou a amplia��o da �rea plantada por causa da redu��o do volume do Rio S�o Francisco, que for�ou restri��es de uso da �gua para as lavouras irrigadas do Projeto Ja�ba.
Potencial das lavouras � de 19,2 mil hectares
Com �rea total de 28,025 mil hectares, o Ja�ba dedica 12,225 mil hectares � etapa 1, ocupada por cerca de 1,8 mil agricultores familiares. A etapa 2, destinada � empresas, conta com 15,8 mil hectares, com 684 lotes, segundo o Distrito de Irriga��o do Ja�ba. O potencial deste �ltimo segmento � de 19.276 hectares irrig�veis. Em 2016, a produ��o anual da etapa 1 alcan�ou 252,6 mil toneladas, proporcionando faturamento bruto de R$ 565 milh�es, de acordo com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do S�o Francisco e Parna�ba (Codevasf), respons�vel pela implanta��o do empreendimento.
Ainda falta obras de infraestrutura (canais de irriga��o) nas etapas 3 (12, mil hectares) e 4 (9.734 hectares), que tamb�m ser�o destinadas � agricultura empresarial. Atualmente, a produ��o de frutas em larga escala � incrementada por empres�rios na etapa 2 do per�metro irrigado, tendo como carro-chefe a banana.
Com base em informa��es da Asssocia��o dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), a bananicultura ocupa 6.711,91 hectares no Ja�ba. Em seguida, aparecem o lim�o (2.040,91 ha) e a manga (1.761,42 ha), produtos que est�o sendo exportados para a Europa e o Oriente M�dio.
A Abanorte informa, ainda, que uma �rea de 1.589,94 hectares no per�metro irrigado do Norte de Minas � ocupado por outras frutas, incluindo uva, atem�ia, goiaba, mam�o, maracuj� e tangerina. O projeto conta tamb�m com o plantio de cana-de-a��car (9.193 ha), oler�colas, ou seja, hortali�as e culturas folhosas e de ra�z (2.283 ha), pastagem (1.167,42 ha) e outros cultivos, a exemplo de batata-doce, feij�o, mandioca, milho e soja, que abrangem 2.148 hectares.
