
As uvas finas de mesa come�aram a ganhar impulso no Brasil entre as d�cadas de 1960 e 1970. Segundo o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho Jos� Fernando da Silva Protas, os primeiros trabalhos foram voltados para adapta��o nas condi��es de manejo do pa�s. A ni�gara, mais r�stica, foi pioneira. Na sequ�ncia vieram a rubi, a benitaka e a brasil, assim como a it�lia e suas varia��es. Entre as sem sementes, a thompson e a crimso, foram das primeiras a chegar. Mas diante do maior interesse dos produtores rurais por esse tipo de uva, a Embrapa come�ou a desenvolver as cultivares nacionais, na d�cada de 1990. Em 2004, foram lan�adas as primeiras sem sementes totalmente nacionais: BRS morena, BRS clara e BRS linda. Mas at� hoje ainda enfrentam um lento processo de inser��o no campo. “O manejo delas exige aprendizado e adapta��o”, observa o pesquisador.
Foi s� em 2014, quando foi lan�ada a vit�ria, que houve um encantamento por parte de alguns produtores rurais. E, por isso, para Protas, � ela que vai deslanchar tanto no cen�rio nacional quanto no internacional. A Fazenda Labrunier, do Grupo JD, que � a maior produtora de uvas de mesa do pa�s, � um exemplo do encantamento proporcionado pela vit�ria. “Eles plantaram 32 hectares com a vit�ria no Vale do S�o Francisco e fizeram pesquisa com estrangeiros, que tamb�m a aprovaram”, conta o pesquisador. “Ela � labrusca, tem o tradicional sabor da uva e todas as caracter�sticas que o mercado internacional quer”, refor�a.
Edis Ken Matsumoto, da Coana, lembra que come�ou a produzir as uvas sem sementes no in�cio de 2000. “Mas n�o fomos os pioneiros”, observa. Ele conta que os testes com materiais importados come�aram em meados da d�cada de 1990, de uma forma muito experimental. “S� depois de 2000, que virou comercial”, afirma. Para Protas, as cultivares lan�adas s� t�m “final feliz” quando encantam o produtor, que � o respons�vel por valid�-la. Al�m da vit�ria, ele ainda aposta no potencial da BRS isis e das tr�s primeiras lan�adas anteriormente.
CLIMA BOM
Com a fruticultura irrigada, Petrolina se destacou pelo fato de conseguir produzir a uva o ano todo, com a possibilidade de concentrar a colheita na �poca da entressafra do hemisf�rio norte. “T�nhamos as sem sementes em uma temporada que ningu�m do mundo tinha, que era de setembro a outubro”, recorda Matsumoto. Por causa da baixa oferta, conseguiam valores excelentes para a exporta��o. No in�cio eram apenas tr�s variedades sem sementes: suggar one, crimson e thompson.
Atualmente, cinco grandes empresas multinacionais trabalham com o desenvolvimento gen�tico das uvas, al�m da Embrapa. O resultado � visto em um portf�lio com cerca de 70 cultivares (entre testes e as que j� est�o em campo). “Algumas t�m diferenciais vantajosos, como a candy cotton, que tem sabor de algod�o-doce, outras que puxam para morango ou abacaxi, ou a witch thinger, que � compridinha como dedos de bruxas”, diz Matsumoto. Ele garante que essas ex�ticas t�m “conquistado o mundo”. Em sua opini�o, a tend�ncia � a substitui��o das com sementes pelas sem. Mesmo porque, as plantas s�o multiplicadas por ramos (estacas) e n�o h� a necessidade das sementes para o cultivo. At� ent�o, as variedades plantadas no pa�s tamb�m foram desenvolvidas ou melhoradas por cruzamentos. “N�o s�o transg�nicas”, afirma o fruticultor. Mas para Protas, ainda haver� mercado para as com sementes: “Para p�blicos e consumos diferentes”.