Tangerina, mexerica, bergamota, tanja. Conhecida por diversos nomes – dependendo da regi�o em que ela � vendida e consumida –, fato � que o cultivo dessa fruta c�trica de cheiro forte tem crescido nos �ltimos anos, levando Minas Gerais a ocupar a segunda coloca��o entre os maiores produtores do pa�s, atr�s apenas de S�o Paulo.
Para se ter uma ideia, a tangerina � a quarta fruta mais produzida no estado, depois da laranja, banana e abacaxi. Os dados mais recentes, de 2015, apontam que h� em Minas Gerais 7,6 mil hectares de planta��o de tangerina, que representam anualmente algo em torno de 186 mil toneladas da fruta.
A lideran�a na produ��o mineira � da tangerina ponkan, aquela maior e de casca mais grossa, cultivada especialmente em Belo Vale e Campanha, onde est�o as maiores produ��es do estado. Mas Minas Gerais tamb�m se destaca no plantio da mexerica murcott e rio, conhecida ainda como montenegrina.
Essa esp�cie � caracterizada por ter um tamanho menor, casca lisa e um cheiro bem mais forte. Com o fim da safra da ponkan, em outubro, come�a a temporada das mexericas rio e Murcott, que vai at� mar�o ou abril.
Minas Gerais se destaca em raz�o das condi��es clim�ticas, favor�veis ao cultivo da fruta em diversas regi�es, al�m de ter a vantagem de as produ��es n�o concorrerem entre si ao longo do ano. Na regi�o Sul, por exemplo, a safra se d� de abril a outubro. J� no Norte, o forte � entre dezembro e mar�o.
“Ent�o, se voc� n�o tem a fruta no Sul, vai ter no Norte. H� uma janela comercial para os produtores. Trata-se de uma boa op��o para a agricultura atual, temos �reas com boa produtividade, os pre�os s�o razoavelmente bons”, pondera Dalton Londe Franco Filho, presidente da Comiss�o de Fruticultura da Federa��o da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg).
Segundo o Sindicato dos Produtores Rurais de Campanha, boa parte da produ��o mineira vai para outros estados. As frutas cultivadas no Sul seguem para S�o Paulo, Paran� e Rio de Janeiro. Aquelas originadas em Belo Vale e Brumadinho s�o enviadas para Belo Horizonte e Bras�lia. A planta��o do Norte, que � bem menor que no restante do estado, � predominantemente para consumo interno.
Greening
Mas ao mesmo tempo em que Minas Gerais comemora �ndices de produ��o da mexerica, os produtores se veem �s voltas com um inimigo: o greeningou huanglongbing (HLB) – a pior doen�a dos pomares das frutas c�tricas e que j� devastou planta��es em todo o pa�s. A doen�a � causada pela bact�ria Candidatus liberibacter asiaticus, transmitida pelo inseto Psil�deo diaphorina citri. As folhas ficam amareladas e os frutos deformados, e a �nica solu��o para exterminar a doen�a � arrancar a planta e a raiz.
“Minas passou a se destacar na produ��o quando a doen�a de greening chegou em S�o Paulo, dizimando v�rios pomares de laranja e ponkan. Muitos produtores mudaram de ramo, para n�o ter que enfrentar a doen�a. Mas agora ela j� chegou tamb�m em Minas, e estamos lutando e tentando control�-la”, diz Rafael Arcuri, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Campanha. Segundo ele, o tratamento tem um alto custo, o que encarece a produ��o e tem penalizado o agricultor.
Uma planta sem a doen�a dura at� 25 anos. Contaminada, a solu��o � arrancar a planta doente – o que representa um enorme preju�zo para quem vive da produ��o. Produtor em Campanha, Rafael Arcuri lamenta a dificuldade em combater a doen�a.
“Evitar a entrada � dif�cil. Essas doen�as s�o propagadas no mesmo estilo da dengue, um mosquitinho que passa de uma planta para outra. A gente tem ent�o que pulverizar alguns tipos de inseticida para diminuir a transmiss�o da doen�a, o que est� encarecendo muito o custo da produ��o”, diz ele, que adotou pol�ticas de combate ao greening h� tr�s anos.
Como se n�o bastasse o greening, outro fantasma assombra os produtores: o cancro c�trico. Por enquanto, a doen�a n�o chegou em Minas Gerais, mas ela � transmitida por uma bact�ria, a Xanthomonas citri, que afeta todas as esp�cies e variedade de frutas c�tricas.
A doen�a chegou ao Brasil em 1957, no Paran� e S�o Paulo, e causa desfolha das plantas, les�es nos frutos, redu��o na produ��o com a queda prematura dos frutos e restri��o da comercializa��o da produ��o. “O cancro n�o existe em Minas. Mas o nosso grande receio � que ele chegue aqui”, diz Arcuri.
Saiba mais...
Seja qual nome receber pa�s afora, as tangerinas (S�o Paulo), mexericas (Minas Gerais), bargamotas (Rio Grande do Sul), mimosas (Paran�) ou tanjos (Piau� e Maranh�o) n�o s�o a mesma fruta. As mexericas s�o variedades da tangerina, planta asi�tica que chegou ao Brasil no final do s�culo 19. Elas se diferem pelo tamanho, tipo de casca e quantidade de suco que produzem.
» Tangerina ponkan – � a mais conhecida de todas, tem a casca esverdeada e f�cil de tirar e os gomos se separam com facilidade. � produzida principalmente em Minas Gerais e S�o Paulo.
» Mexerica – Tem a casca lisa, alaranjada e colada aos gomos, com cheiro forte. � mais �cida que a ponkan.
» Murcott – � resultado do cruzamento da ponkan com a laranja pera. � mais doce e tem cor forte. Indicada para fazer suco.
Fonte: Sindicato dos Produtores
Rurais de Campanha