
Baixa da produ��o e distribui��o ap�s a paralisa��o nacional dos caminhoneiros em maio e junho pode rebaixar o Brasil de quarto para sexto maior produtor de leite do mundo, segundo avalia��es feitas durante a 15ª Exposi��o Brasileira do Agroneg�cio do Leite, Megaleite, que reuniu produtores e investidores em tecnologias do setor leiteiro entre os dias 20 e 23 de junho, no Parque de Exposi��es da Gameleira, em Belo Horizonte.
Durante o protesto, que durou 11 dias, houve priva��o de alimenta��o dos animais matrizes lactantes e que n�o recuperar�o os est�gios de marca��o em que se encontravam. “Muitas delas foram secadas por falta de ra��es e at� mesmo de combust�vel para movimentar os maquin�rios provocando uma grande queda de produ��o e fornecimento em todos os estados”, reconhece o presidente da Associa��o Brasileira do Leite (Abraleite), Geraldo Borges.
Entre 2015 e 2017 o setor cresceu, em m�dia, 4% ao ano. Borges diz que as estimativas indicam queda de at� 10% neste ano. “A paralisa��o gerou descarte de 300 milh�es de litros em todo o pa�s”. Segundo o �ltimo censo do IBGE, o Brasil conta com 5 milh�es de propriedades rurais, destas 1,350 milh�o de propriedades produtoras de leite. Mesmo ocupando a quarta coloca��o na produ��o mundial, com um volume anual de 37 bilh�es de litros, o pa�s n�o � autossuficiente e importa o produto.
O presidente da Abraleite reclama do livre acesso ao mercado brasileiro dos produtos oriundos o Uruguai e Argentina que, segundo as regras do Mercosul, podem exportar para o Brasil sem restri��es de quantidade ou de �poca do ano. Ele diz que a entidade vem trabalhando junto � Frente Parlamentar Agropecu�ria, no Congresso Nacional, para corrigir essas “assimetrias”.
De acordo com Geraldo, a competitividade tamb�m fica prejudicada diante da cargar tribut�ria e obriga��es trabalhistas existentes no Brasil, as quais classifica de “excessivas”. Ele reclama ainda da falta de incentivos por parte do governo local. Segundo o presidente da entidade a categoria aguarda aprova��o no Senado de projeto de lei, j� aprovado pela C�mara, que retira 9% da cobran�a do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre ra��es bovinas. “� um paliativo”, pontua.
Geraldo Borges recha�ou a responsabilidade atribu�da aos produtores rurais pela alta dos pre�os do produto nas g�ndolas dos supermercados: “O leite jogado fora por n�o haver transporte por 11 dias, foi um preju�zo exclusivo dos produtores, ningu�m mais pagou essa conta. Os aumentos nas g�ndolas ainda n�o chegaram ao produtor”, garantiu.
Jos� Renato Chiari veterin�rio e criador de gado girolando, em Morrinhos, Goi�s, considera que o mercado interno passa por problemas de consumo “que vem caindo, principalmente nos produtos mais elaborados” e acredita que ainda h� grande capacidade de crescimento, mas aposta na exporta��o. “O futuro � ser exportador de leite, o Brasil tem potencial, mas precisa superar dificuldades sanit�rias, e entrar nessa briga”.
Gen�tica
Para o criador de gado leiteiro e gerente da Genex, uma das empresas l�deres no segmento de insemina��o artificial (IA) no Brasil, Bruno Scarpa Nilo o mundo est� olhando para o agroneg�cio brasileiro e a gen�tica do gado leiteiro sendo vislumbrada por outros pa�ses, principalmente dos continentes asi�tico e africano. “L� h� escassez de alimentos e eles olham com muita aten��o nossas cria��es, principalmente das ra�as Girolando e Gir, essa �ltima vinda da �ndia. S�o ra�as r�sticas e muito resistentes �s varia��es clim�ticas”.
Bruno, rec�m-chegado da �ndia, foi a convite de governo e empres�rios do ramo, onde apresentou dados de cuidados em melhoramentos gen�ticos de nossos bovinos, disse que os resultados da viagem foram muito positivos, “eles ficaram deslumbrados” e bastante interessados em nossas experi�ncias com a gen�tica. “S�o mercados gigantes e uma excelente oportunidade. H� sim algumas barreiras sanit�rias, mas nada que n�o possa ser resolvido”, garante.
O Brasil exporta matrizes e s�men para a Bol�via, Paraguai, Chile, Col�mbia, Punjab, Siri-Lanka. “Falamos do Gir que veio da �ndia e mostramos o que evolu�mos, s�o mais de 80 mil lacta��es controladas, mais de 400 touros testados, tem n�mero significativo de colaboradores e produtores de leite. Nosso banco de dados indica uma m�dia de produ��o da ra�a que � o dobro da produ��o deles”.
O Brasil nos �ltimos anos tem exportado em torno de 150 mil a 180 mil doses de s�men de Girolando, Gir e Nelore e Guzer�. O mercado mundial gira em torno de 600 mil doses de girolando, 400 mil de Gir. “Se somente a �ndia passar a importar nossos produtos, teremos que nos readequar uma vez que se trata de um gigante”. Bruno Scarpa atribui a evolu��o do setor gen�tico no pa�s ao trabalho incans�vel das associa��es que “t�m embasado em n�meros o controle rigoroso das informa��es de lacta��o, idade de primeiro parto, qualidade do leite”, respaldando a sele��o dos melhores indiv�duos a serem ofertados no mercado.
Inova��es no curral

Um pacote tecnol�gico de gest�o de rebanho que se comunica com a de dados de produ��o, o MilkCheck, foi apresentado pela empresa Genex, durante a feira do agroneg�cio do leite, acontecida em Belo Horizonte. A ideia inicial seria um programa de manejo trivial – controlar nascimento, cobertura, monta, insemina��o artificial, alimenta��o, reprodu��o e etc, mas a expans�o para �rea de produ��o � uma inova��o, existem softwares que s� fazem gest�o de rebanho, explica o gerente de marketing da empresa Daniel Carvalho.
O grande diferencial, segundo Bruno Scarpa Nilo, gerente de produto leite da empresa, “al�m de toda a expertise trazida de grandes t�cnicos dos EUA e do Brasil na sua estrutura��o, � a facilidade de inclus�o de dados e a praticidade do manuseio”. “Gerir esses dados hoje � primordial para o sucesso de qualquer projeto, ‘O que n�o se mede, n�o se controla’, e o MilkCheck traz essa solu��o e apoio ao produtor, de maneira simples, pr�tica, cooperativa e m�tua de gest�o”, detalha.
Com um mercado cada vez mais exigente, os elos da cadeia aliment�cia passaram a se preocupar em garantir produtos seguros e de qualidade. Por isso, o rastreamento com informa��es que trazem a origem e o hist�rico dos animais leiteiros, por exemplo, se tornou foco de aten��o para a Associa��o Brasileira dos Criadores de Girolando, que utiliza sistemas de identifica��o e monitoramento em parceria com a Allflex, l�der mundial em identifica��o de animais.
Um colar de monitoramento que capta dados da atividade animal, de rumina��o, de estresse t�rmico permitindo a an�lise de qual e em que hor�rio cada vaca dever� ser inseminada, ou aquela que n�o est� bem, adiantando a pesquisa para precisar a patologia a ser diagnosticada, foi a inova��o apresentada pela All Flex, na Megaleite 2018. O equipamento de tecnologia israelense permite a observa��o de gado leiteiro independente da ra�a ou tamanho da propriedade.
O softwer transforma tudo em �cone, n�mero e cor permitindo que o gestor possa visualizar os animais a serem trabalhados. “O dispositivo fica num colar no pesco�o do animal com um peso para ponderar a posi��o do tag, para o colar n�o ficar virando e capta todos os dados do animal. S�o mais de 5 milh�es de vacas sendo monitoradas em todo o mundo, 20 mil cabe�as no Brasil”, explica a m�dia veterin�ria da empresa, Brenda Barcelos. O valor do colar � em torno de R$ 600. O sistema com instala��o e treinamento em torno de 18 mil reais.
Brinco
Os animais Girolando, possuem um brinco de identifica��o com o n�mero de registro, que atende as especifica��es do Servi�o de Registro Geneal�gico, custeado pela Associa��o. “Essa iniciativa tem como objetivo conscientizar os produtores e incentiv�-los a investir na tecnologia. Procuramos mostrar para os criadores os benef�cios de utilizar os brincos como uma forma de identifica��o dos animais, principalmente pela agilidade e seguran�a na localiza��o que a utiliza��o do brinco proporciona. Outra vantagem � a praticidade na aplica��o, quando comparado com outros m�todos de identifica��o”, explica o superintendente t�cnico da Associa��o Brasileira dos Criadores de Girolando, Leandro Paiva.