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Estado de Minas

Pesquisa alerta para amea�a de infec��o por bact�ria nos frangos

Foram detectados mais de 230 mil casos de infec��es na Europa em 2015. Estudo da Universidade de Uberl�ndia aponta para subnotifica��o �s autoridades brasileiras


postado em 17/09/2018 06:00 / atualizado em 17/09/2018 08:56

Bactéria campylobacter na carne das aves causa problemas a humanos e pode provocar danos às exportações(foto: Sindiavipar/Divulgação 21/1/16)
Bact�ria campylobacter na carne das aves causa problemas a humanos e pode provocar danos �s exporta��es (foto: Sindiavipar/Divulga��o 21/1/16)

Mais de 230 mil casos de infec��o por campylobacter, uma bact�ria comum na carne de frango, foram registrados em 2015 na Europa, segundo levantamento do European Centre for Disease Prevention and Control. No Brasil, por�m, a presen�a dessa bact�ria � subnotificada. � o que indicam os estudos desenvolvidos na Faculdade de Medicina Veterin�ria da Universidade Federal de Uberl�ndia (UFU). Para investigar a presen�a ou n�o deste microrganismo no frango nacional, a bi�loga e veterin�ria Roberta Torres de Melo desenvolveu a tese de doutorado “Emerg�ncia de campylobacter jejuni no setor av�cola e na sa�de p�blica do Brasil”, orientada pela professora Daise Aparecida Rossi, no Programa de P�s-Gradua��o em Ci�ncias Veterin�rias.

As pesquisadoras analisaram as amostras da campylobacter colhidas em uma empresa exportadora, que a cada ano foi se tornando mais agressiva e resistente a desinfetantes e antibi�ticos. O consumo de alimentos contaminados por campylobacter pode ocasionar gastroenterite, inflama��o no est�mago que provoca diarreia, febre e c�licas abdominais. Esse microrganismo tamb�m est� relacionado � s�ndrome de Guillain-Barr�, doen�a autoimune que atinge o sistema nervoso.

Para o consumidor, a melhor forma de prevenir a contamina��o � cozinhando bem a carne de frango, pois a bact�ria n�o resiste �s altas temperaturas. Mas, segundo Melo, a falta de controle da campylobacter nas empresas nacionais pode comprometer a nossa exporta��o de frango – que corresponde � maior fatia, 40%, do mercado mundial. “Os pa�ses que importam a nossa carne v�o exigir a an�lise desse microrganismo nesses produtos, principalmente na carne de frango que � o maior problema”, afirma a bi�loga e veterin�ria.

"Elas (as campylobacters) se juntam como se fosse uma comunidade e se organizam para dividir fun��es para se tornar mais fortes no ambiente"

Roberta Torres de Melo, bi�loga e veterin�ria



A subnotifica��o da campylobacter no Brasil, segundo as pesquisadoras da UFU, est� relacionada � dificuldade de se isolar e processar essa bact�ria. Foi por isso que, em 2005, a veterin�ria e ent�o mestranda Belchiolina Beatriz Fonseca, que hoje � professora da UFU, foi para o Chile estudar o aperfei�oamento em diagn�stico de campylobacter e trouxe as informa��es para a Faculdade de Medicina Veterin�ria.

Roberta Torres de Melo explica a metodologia usado no estudo: “Avaliei a capacidade da bact�ria formar biofilme, um aglomerado de bact�rias. Elas se juntam como se fosse uma comunidade e se organizam para dividir fun��es para se tornar mais fortes no ambiente. As que ficam mais na superf�cie do biofilme s�o respons�veis por capturar nutrientes. As que ficam ali no meio est�o mais protegidas de qualquer a��o”.

Controle

A pesquisadora constatou que a carne de frango � um ambiente prop�cio para a prolifera��o de campylobacter. “No laborat�rio eu forneci todas as condi��es que ela poderia ter no frigor�fico: temperatura de refrigera��o, pois o frigor�fico � um ambiente mais frio, e coloquei como nutriente para ela crescer aquele sumo do frango (chicken juice). Quando a gente compra carne de frango e corta o pl�stico, sai aquele sangue com �gua. E o que a gente observou? Que ela forma muito mais biofilme quando est� nessa condi��o do que quando se utiliza meios de cultura que a gente compra para ela poder crescer”, explica.

Segundo o estudo, 95% das bact�rias presentes na carne de frango est�o organizadas como biofilme. O problema � que, dessa forma, � quase imposs�vel eliminar a campylobacter. Melo testou diferentes tipos de desinfetantes – hipoclorito de s�dio, clorexidina, �cido perac�tico e at� nanopart�culas de �xido de zinco, que penetram as bact�rias e impedem seu metabolismo -, em concentra��es utilizadas na ind�stria, e observou que eles s�o eficazes contra a Campylobacter na forma livre, sozinha, masm n�o combatem as bact�rias configuradas como biofilme.

Dando sequ�ncia � pesquisa, Melo, que integra o grupo de pesquisa Epidemiologia de Bact�rias Zoon�ticas, coordenado pela professora Daise Rossi, pretende testar na ind�stria doses maiores de agentes desinfetantes para tentar controlar a campylobacter. No momento, a pesquisadora est� analisando, na Universidade de Uberaba (Uniube), onde � professora, a a��o de antibi�ticos, que podem ser utilizados para tratamento em caso de contamina��o humana. O estudo recebeu financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient�fico e Tecnol�gico e da Funda��o de Amparo � Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e foi publicado na revista Frontiers in Microbiology.

Minist�rio faz apelo para preparo correto


Diante do alerta feito pelas pesquisadoras da Universidade Federal de Uberl�ndia (UFU), o Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa) informou que a vigil�ncia sanit�ria dos produtos � da � da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), mas o Departamento de Inspe��o de Produtos de Origem Animal do Mapa tem o Servi�o de Inspe��o Federal que atua nos abatedouros frigor�ficos. Em nota, o minist�rio diz que “a bact�ria campylobacter spp. est� entre as principais causas de gastroenterites em pa�ses desenvolvidos. A manipula��o, o preparo e o consumo de carne de frango insuficientemente cozida s�o apontados como respons�veis por 20% a 30% dos casos de campilobacteriose humana”.

O Minist�rio da Agricultura alerta que campilobacteriose provoca diarreia, sobretudo nas crian�as, acompanhada por dores abdominais e febre, com per�odo sintom�tico de 3 a 5 dias. Podem ocorrer complica��es associadas, como a S�ndrome de Guillain-Barr�, artrite reativa, S�ndrome do Intestino Irrit�vel. “As recomenda��es importantes para o consumidor s�o aplicar regras de higiene como: cozinhar bem a carne de aves, sempre que existir manipula��o de carne fresca de aves lavar convenientemente as m�os, utilizar t�buas de corte espec�ficas para alimentos de origem animal e lavar todos os utens�lios e superf�cies usados na prepara��o dos alimentos”, diz o minist�rio na nota divulgada � imprensa.

Dados na literatura apontam a preval�ncia de campylobacter em carca�as de frango nos Estados Unidos de 21,7% em 2012, no Canad� de 27,4% em 2013 e na Uni�o Europeia (UE) de 75,8% em 2008. Seguindo essa tend�ncia mundial, “o Departamento de Inspe��o de Produtos de Origem Animal do Mapa (Dipoa) iniciou em 2017 o programa explorat�rio para a pesquisa e estimativa de preval�ncia de campylobacter spp. em carca�as de frangos abatidos em estabelecimentos registrados junto ao Servi�o de Inspe��o Federal (SIF) localizados nos estados do Paran�, Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Norma Interna Dipoa/SDA Nº 03, de 12 de junho de 2017)”.

Esses estados, segundo o Mapa, s�o respons�veis por cerca de 64% do total de frangos abatidos no Brasil. As amostras foram coletadas pelo Servi�o de Inspe��o Federal e analisadas no Laborat�rio Nacional Agropecu�rio (Lanagro/RS). As coletas de amostras do programa explorat�rio foram conclu�das em julho de 2018 e a an�lise dos dados est� sendo finalizada pelo DIPOA, possibilitando direcionar as a��es para o monitoramento e controle da doen�a pa�s. “Os estabelecimentos sob SIF tamb�m atendem os requisitos para exporta��o de carne de frango impostos pelos pa�ses mais exigentes como a UE, inclusive em rela��o �s an�lises laboratoriais para campylobacter spp”, afirma o minist�rio em nota, descartando riscos para as exporta��es brasileiras de frango.


 


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