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Estado de Minas

Antigo vil�o, morango ganha selo em Minas

Produtores da fruta em Pouso Alegre s�o reconhecidos por certifica��o estadual, que valoriza a planta��o. Dois agricultores receber�o, ainda, distintivo livre de agrot�xico


postado em 22/07/2019 06:00 / atualizado em 22/07/2019 08:42

Principal polo produtor de morango em Minas, o Sul do estado abriga plantações que envolvem o traBbalho de toda a família(foto: Márcia França/Seapa/Divulgação)
Principal polo produtor de morango em Minas, o Sul do estado abriga planta��es que envolvem o traBbalho de toda a fam�lia (foto: M�rcia Fran�a/Seapa/Divulga��o)
O morango, que ainda integra a lista dos alimentos que mais cont�m agrot�xicos em sua produ��o, foi alvo de duas boas not�cias na semana passada. Quatro produtores de Pouso Alegre, no Sul de Minas Gerais, receberem os primeiros atestados do Programa de Certifica��o de Produtos Agropecu�rios e Agroindustriais (Certifica Minas), criado no governo passado: Reinaldo Jos� Pereira, Clemilson Assis de Oliveira, M�rcio Pereira Tosta e Carlos Rozimir Pereira. Dois deles, Carlos Rozimir e Reinaldo Jos� Pereira, tamb�m dever�o receber em breve o selo SAT (Sem agrot�xico).

A cidade � o principal polo produtor da fruta no estado, com volume estimado em torno de 98 mil toneladas por ano. A regi�o responde por 84% da produ��o mineira (116 mil toneladas), de acordo com levantamentos da Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural de Minas Gerais (Emater-MG). As lavouras do fruto no Sul de Minas envolvem toda a fam�lia, num atividade mantida por v�rias gera��es.
Carlos Rozimir Pereira cultiva a fruta sem agrot�xicos h� nove meses e se disse muito empolgado com a conquista do selo. “Ficamos sabendo ontem (na quinta-feira) que a an�lise de nosso produto foi negativa quanto � presen�a de agrot�xicos e estou ansioso para saber quando receberemos o SAT”.

O pai de Carlos, Rodolfo Jos� Pereira, come�ou o cultivo em 1977 e toda a fam�lia de oito irm�os passou a trabalhar na agricultura familiar. Ele conta que h� muito tempo se interessou pelo mercado org�nico, mas que encontrou algumas dificuldades para esse tipo de cultivo. No entanto, continuou as experi�ncias com controle biol�gico de pragas.
“Passamos ao plantio suspenso e em estufas, o que facilitou esse controle”. Ele se utiliza de �caro predador que � inimigo natural das pragas e os fungos s�o combatidos com produtos biol�gicos. A fam�lia cultiva 40 mil plantas e a expectativa � de colher 40 toneladas do fruto neste ano. Toda a produ��o � enviada a Curitiba, no Paran�. A propriedade no S�tio dos Pinheiros, no bairro Massaranduba, produz durante todo o ano, mas os melhores resultados ocorrem entre maio e outubro.

Transformações na lavouras são destacadas pelos produtores que receberam a certificação, e, com ela, reforçam competitividade(foto: Marcia França/Divulgação/Seapa)
Transforma��es na lavouras s�o destacadas pelos produtores que receberam a certifica��o, e, com ela, refor�am competitividade (foto: Marcia Fran�a/Divulga��o/Seapa)

Reinaldo Jos� Pereira, um dos produtores certificados pelo programa Certifica Minas, aprendeu com o pai, Jos� Rodolfo, de 88 anos, que iniciou os plantios em 1967 e ainda est� na atividade. Em meio s�culo de atividade familiar, Reinaldo testemunhou muitas transforma��es: em sua propriedade, o plantio no ch�o foi substitu�do pelo modelo suspenso, dentro de estufas; a chegada de novas variedades; a mudan�a nas embalagens e a redu��o em torno de 90% do uso de agrot�xicos. “� poss�vel produzir morango sem agrot�xico e, a partir dessa constata��o, decidi investir na certifica��o para agregar valor � minha produ��o e buscar mercado diferenciado”, afirma.

Gest�o

A safra de 33 toneladas anuais da fam�lia Pereira, que tem como destino Juiz de Fora, na Zona da Mata, � negociada no ano anterior, com o pre�o j� definido. “A preocupa��o da gente � com a qualidade, em primeiro lugar, e depois com o volume, porque o pre�o a gente j� fecha antecipadamente para o ano inteiro. Com o selo SAT, a gente espera agregar mais valor ainda, um acr�scimo em torno de 20%, calcula”.

A certifica��o vem atraindo o interesse dos produtores, que est�o de olho na mudan�a de perfil dos consumidores. Al�m de praticidade, sabor e pre�o, o mercado consumidor est� exigindo outros par�metros, como a rastreabilidade do produto (saber quem est� produzindo e em qual regi�o); quer transpar�ncia nas informa��es que garantam a seguran�a daquilo que ele est� consumindo e quer saber se os requisitos socioambientais est�o sendo respeitados em todas as fases de produ��o.

Estufas de morango conquistaram as primeiras certificações de programa, do qual o IMA é o órgão responsável e que assume auditorias nas fazendas (foto: Mariana Penaforte de Assis/Epamig/Divulgação 29/7/11)
Estufas de morango conquistaram as primeiras certifica��es de programa, do qual o IMA � o �rg�o respons�vel e que assume auditorias nas fazendas (foto: Mariana Penaforte de Assis/Epamig/Divulga��o 29/7/11)
“O principal motivo que me fez buscar a certifica��o � ter um produto diferenciado e de boa proced�ncia”, afirma M�rcio Pereira Tosta, produtor de morango de Pouso Alegre que tamb�m recebeu o certificado do programa. Ele ainda destaca outros benef�cios que conquistou, ao adequar a propriedade e os processos de produ��o aos requisitos exigidos pelo programa. “Passei a ficar mais organizado, a fazer anota��es de tudo que eu fa�o. N�o era acostumado a fazer e nunca sabia o que gastava. Hoje, consigo saber o quanto gasto na minha lavoura, se tenho preju�zo ou o quanto eu estou ganhando”, afirma.

A ades�o ao programa de certifica��o � volunt�ria. O interessado deve possuir inscri��o estadual em Minas Gerais, requerer ao IMA a ades�o ao produto/segmento de seu interesse e assinar o contrato. O produtor deve, tamb�m, permitir o acesso dos t�cnicos da Emater-MG ou de profissional credenciado para orienta��es e dos auditores para a realiza��o de auditorias nos empreendimentos inscritos no Certifica Minas, al�m do pagamento das taxas de certifica��o, quando aplic�veis. O selo de certifica��o tem a validade de um ano, podendo ser revalidado, de acordo com o interesse do produtor, ap�s novas auditorias do �rg�o certificador.

Passo, agora, � buscar na produ��o em escala

O produtor Clemilson Assis de Oliveira optou pela certifica��o porque queria produzir com mais responsabilidade. Buscando se aperfei�oar na atividade, desde quando iniciou o neg�cio nos anos 1990, ele tamb�m melhorou a gest�o da propriedade e o gerenciamento da lavoura de 44 mil plantas, no munic�pio de Esp�rito Santo do Dourado. “A expectativa � de poder oferecer, cada vez mais, um produto com responsabilidade para o consumidor, al�m de agregar valor � nossa produ��o”, afirma.
Segundo o superintendente de Desenvolvimento Agropecu�rio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Seapa), Carlos Eduardo Oliveira Bovo, a certifica��o de produtores de morangos do Sul de Minas � um marco para o programa.

“A regi�o de Pouso Alegre � o principal polo mineiro produtor de morango, cultura que � historicamente associada ao uso inadequado de defensivos agr�colas. A certifica��o vem ao encontro de um trabalho intenso e de muitos anos junto aos produtores, feito pela Seapa, Emater-MG, IMA e outros parceiros na redu��o e controle do uso de defensivos”, afirma. O pr�ximo passo ser� partir para ganho de escala na produ��o, uma vez que a demanda para os certificados � muito maior que a oferta nas regi�es metropolitanas.

Com o objetivo de manter maior n�mero de t�cnicos prestando assist�ncia t�cnica e ajudando os produtores a alcan�ar os pr�-requisitos necess�rios � certifica��o de sua produ��o, a Seapa regulamentou o credenciamento de institui��es privadas e profissionais aut�nomos para a presta��o desses servi�os dentro do Certifica Minas. No ano passado, a equipe t�cnica da secretaria apresentou o programa e realizou diversos treinamentos para os grupos interessados.

A engenheira-agr�noma M�riam Xavier participou dos treinamentos e se credenciou para trabalhar no Certifica Minas, orientando os quatro produtores de morango que receberam a certifica��o do programa. “A gente apresentou o Certifica Minas Frutas para os produtores da regi�o de Pouso Alegre e desenvolvemos o trabalho com grupos de produtores por cerca de nove meses. Foi uma experi�ncia que deu muito certo, porque eles trocavam informa��es e as boas pr�ticas entre eles. O valor da consultoria foi dividido entre o grupo, reduzindo os custos”, explica M�riam, que atua na empresa Compartveg, de consultoria de qualidade e seguran�a de alimentos.

A certifica��o j� existe h� mais de 10 anos para outras culturas e, no ano passado, foi lan�ada para frutas. “Treinamos produtores, promovendo toda orienta��o exigida para a certifica��o em quest�es ambientais, trabalhistas, seguran�a no trabalho e rastreabilidade”. A primeira coisa � conseguir comprovar como o alimento foi produzido. A rastreabilidade � exigida, por lei, desde ano passado para todos os hortifrutigranjeiros. Instru��o Normativa Conjunta n�mero 02 (do Minist�rio da Agricultura e da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria – Anvisa) cria crit�rios, que, ao serem cumpridos, permitem tamb�m melhorar a gest�o da propriedade, proporciona mais seguran�a ao produto, ajuda a identificar a origem de eventuais problemas e agiliza o combate a eles.

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As a��es de certifica��o de produtos agropecu�rios s�o desenvolvidas no estado h� mais de uma d�cada. O caf� � um dos produtos mais tradicionais contemplados pelo programa. Cacha�a, algod�o, alimentos sem agrot�xicos e org�nicos tamb�m j� faziam parte da rela��o de produtos atendidos pelas a��es. No ano passado, o governo estadual transformou em pol�tica p�blica todas as a��es de certifica��o agropecu�rias que j� estavam sendo realizadas, incorporando novos produtos ao programa. Passaram a fazer parte das a��es leite, frutas, carne bovina, queijos artesanais, azeite, mel e oler�colas (hortali�as). O Certifica Minas � coordenado pela Secretaria de Agricultura e desenvolvido em conjunto com as institui��es vinculadas (Emater-MG, Epamig e o Instituto Mineiro de Agropecu�ria, que � o �rg�o certificador, respons�vel pelas auditorias nas propriedades), al�m das parcerias com a iniciativa privada.


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