
“Cheg�” a alegria das festas juninas. Os “arrai�s” n�o se restringem ao forr�, �s quadrilhas e �s brincadeiras com o linguajar. As fogueiras de Santo Ant�nio, S�o Jo�o e S�o Pedro aquecem a economia, incrementando as vendas das “coisas da ro�a” como milho de canjica, milho de pipoca, goma de mandioca (usada para fazer biscoitos e beiju/tapioca), coco, rapadura e amendoim, al�m da cacha�a e do gengibre (usados para fazer o quent�o). Assim, a tradi��o tamb�m leva mais contentamento ao campo e contribui com a eleva��o da renda dos produtores.

O maior faturamento nesta �poca � comemorado por pequenos agricultores, como Maria Ros�ngela Ferreira Fonseca, da comunidade de Boa Vista do Pacu�, no munic�pio de Cora��o de Jesus, no Norte do estado. Ela prepara del�cias como mingau de milho verde, e doces como p� de moleque e pa�oca. “Realmente, este � um m�s muito bom para todo mundo”, diz Ros�ngela, que leva a seus atrativos em feiras na �rea urbana.
A satisfa��o pela chegada da temporada junina � observada tamb�m entre os feirantes e donos de bancas do Mercado Municipal de Montes Claros, ponto tur�stico da cidade-polo norte-mineira, que tem como principais atrativos as mercadorias produzidas pelos pequenos agricultores da regi�o.
Os comerciantes do local salientam ainda que a tradi��o da fogueira de s�o-jo�o no Norte do estado “j� n�o � mais como antigamente”, mas, nesta �poca, as pessoas n�o abrem m�o do consumo da canjica, do biscoito e da pipoca e de outras guloseimas, como a pa�oca e a vaca atolada (caldo � base de mandioca e carne de sol). As comidas t�picas tamb�m s�o consumidas nas quadrilhas realizadas pelas escolas de ensinos fundamental e m�dio (p�blicas e particulares) e nas festas juninas organizadas por empresas, colegas de trabalho, igrejas e por clubes sociais, al�m de entidades filantr�picas.

“As nossas vendas aumentam 50% nesta �poca do ano”, afirma Walter Pereira dos Santos, dono das barracas de produtos da ro�a do mercado de Montes Claros. Ele salienta que, nesta �poca, mesmo fora das festas, as pessoas consomem mais iguarias como a canjica e o p� de moleque. “Isso acaba se refletindo no com�rcio e beneficiando todo mundo”, observa Walter, lembrando que, nesta ocasi�o, tamb�m existe maior procura pelos alimentos nos supermercados e mercearias. O comerciante revela que todos os produtos sertanejos que revende s�o produzidos na pr�pria regi�o.
Walter conta que, dos seus 67 anos de vida, 53 s�o de trabalho no mercado de Montes Claros. Al�m de milho (de canjica e de pipoca), amendoim e coco, ele tem como um dos atrativos da sua barraca a boa cacha�a, com v�rias marcas de Salinas, cidade norte-mineira conhecida internacionalmente pela boa qualidade da aguardente que produz. “Mas, para fazer quent�o, � melhor usar a cacha�a ‘solta’, a ‘curraleira’ de alambique”, diz o comerciante, referindo-se � bebida produzida artesanalmente e que n�o passa pelo processo de engarrafamento.
A “pinga solta” � vendida a R$ 8 o litro, quantidade suficiente para preparar cinco litros de “quent�o”. Al�m de aguardente e �gua (que devem ser fervidos por, no m�nimo, meia hora) e do a��car (a gosto), a bebida tem outro ingrediente que n�o pode faltar: o gengibre, tamb�m vendido na banca de Walter.
INCREMENTO

Daniel Gon�alves Costa, de 80, outro antigo comerciante do mercado de Montes Claros (27 anos de trabalho no local), alega que o com�rcio estava “um pouco devagar”, mas melhorou neste m�s, com o incremento das vendas de milho de canjica, milho de pipoca, goma e de outros ingredientes das festas juninas. “Os produtos s�o vendidos em supermercados. Mas o pessoal gosta de comprar no mercado porque aqui podem conferir a qualidade das mercadorias soltas, sem embalagem fechada”, comenta “seu” Daniel.
Tamb�m propriet�ria de uma barraca diversificada do Mercado Municipal da cidade do Norte de Minas, Ivone Gon�alves Veloso lamenta que a tradi��o da fogueira de s�o-jo�o n�o seja t�o forte nas comunidades rurais da regi�o como era no passado. “Mas as pessoas nunca deixam de consumir a canjica e outros produtos juninos. As nossas vendas aumentam muito nesta �poca”, comenta
A melhoria do faturamento neste per�odo tamb�m � comemorada por Juciene Figueiredo Fernandes. A banca dela se destaca no mercado de Montes Claros pela venda de um produto: rapadura, mat�ria-prima do p� de moleque. “Nesta �poca, as pessoas procuram muito pela rapadura e n�o somente para fazer o doce, mas para consumo pr�prio mesmo. Isso � muito bom, pois a rapadura � muito saud�vel”, diz Juciene. A rapadura � vendida ao consumidor a R$ 10, a unidade.
A fisioterapeuta Pedrina Magalh�es confessa que, neste per�odo, compra e consome produtos juninos como a canjica. “Isso faz parte da nossa cultura. As festas juninas acabam incentivando o consumismo e fomentam a economia”, conclui a consumidora.