
No in�cio de junho de 2018, os produtores de frutas dos projetos de irriga��o do Ja�ba e do Gorutuba, no Norte de Minas Gerais, assim como empres�rios de outros setores, tiveram enormes preju�zos em fun��o da greve dos caminhoneiros, com perdas de toneladas de frutas, que foram perdidas, devido a interrup��o da passagem nas rodovias. Agora, passado um ano do movimento dos transportadores, os fruticultores ainda buscam a recupera��o, mas ainda sentem os efeitos da “greve que parou o pa�s”.
“As consequ�ncias da paralisa��o dos caminhoneiros ainda s�o sentidas, principalmente, pelos pequenos agricultores que, com a interrup��o nas vendas no per�odo da greve, ficaram inadimplentes e, at� hoje, n�o conseguiram quitar as d�vidas”, afirma o ex-presidente da Associa��o dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), Saulo Bresinski Lage.
“A greve dos caminhoneiros teve efeito traum�tico para toda classe produtora”, destaca Bresinki Lage, que, na �poca do protesto, presidia a entidade, tendo deixado a fun��o em mar�o �ltimo. Ele considera que os preju�zos da paralisa��o dos motoristas de caminh�o foram maiores para a produ��o de banana, o carro-chefe da fruticultura no Norte de Minas.
Segundo a Abanorte, os bananais abrangem cerca de 20 mil hectares no Norte do estado, ocupando grandes �reas nos per�metros irrigados do Ja�ba (munic�pio hom�nimo) e do Gorutuba, que compreende os munic�pios de Jana�ba e Nova Porteirinha. A produ��o semanal da regi�o enche cerca de 500 caminh�es (6 mil toneladas) de banana, que tem como principais destinos a Companhia de Abastecimento (Ceasa Minas, em Contagem, na Grande Belo Horizonte; e os mercados do Rio Janeiro e S�o Paulo, chegando ainda �s regi�es Centro-Oeste e Sul do pa�s.
De acordo com o ex-presidente da Abanorte, durante a greve dos caminhoneiros (iniciada em 21 de maio e encerrada no come�o de junho de 2018), cerca de 400 caminh�es de banana (4,8 mil toneladas) ficaram retidos no Norte de Minas, tendo em vista que os motoristas interromperam a estradas, impedindo a chegada da fruta ao entreposto da Ceasa Minas na Grande BH e a outras unidades de abastecimento.

“Podemos dizer que todas as 4,8 mil toneladas de banana foram perdidas”, afirma Saulo Lage, que � bananicultor em Jana�ba. Por causa da interrup��o nas rodovias, tamb�m houve perdas de outras frutas da regi�o como mam�o, manga, lim�o e uva, al�m de verduras.
O produtor observa que logo depois da paralisa��o dos transportadores, os produtores ainda foram afetados por v�rios desdobramentos negativos do protesto.
“Como a produ��o tinha ficado retida, assim que terminou o movimento dos caminhoneiros, houve uma superoferta da banana. O pre�o da fruta, que j� estava baixo, caiu mais ainda”, relata o ex-presidente da Abanorte. Ele disse que o pre�o do quilo da banana pago ao produtor, que estava na faixa de R$ 1,20 caiu tanto ap�s a libera��o das estradas que chegou a R$ 0,40 em julho de 2018.
Efeito cascata
A Atual presidente da Abanorte, Nilde Antunes Rodrigues Lage, tamb�m ressalta que at� hoje o setor ainda sofre com a consequ�ncias da paralisa��o dos caminhoneiros. Ela lembra que os efeitos do protesto afetaram outros segmentos da economia da regi�o que s�o movidos pelos empregos e pela renda da fruticultura.
“Se voc� comparecer a um posto de combust�veis em Jana�ba perceber� que ele � mantido com a venda do diesel que abastece os caminh�es de banana. Da mesma forma, existem f�bricas na regi�o de embalagens de frutas. Toda a cadeia produtiva foi afetada pela greve dos caminhoneiros em efeito cascata”, assegura a dirigente da Abanorte.
Atualmente, destaca Saulo Lage, o mercado da banana experimenta uma melhoria de pre�o. Segundo ele, na segunda quinzena de maio, o pre�o da fruta pago ao produtor na regi�o de Jana�ba, que, chegou a R$ 2,20 o quilo e depois recuou, continua em boa cota��o, a R$ 1,90 o quilo.
Segundo o ex-dirigente da associa��o de fruticultores, houve melhoria do pre�o da banana devido � redu��o da produ��o no Vale do Ribeira, em S�o Paulo. “Com queda em S�o Paulo, os compradores do Sul est� vindo buscar a fruta do Norte de Minas”, conta Lage, destacando que cargas de banana da regi�o est�o chegando aos mercados do Paran�, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e no Mato Grosso do Sul.
Custos
Ele lembra que o consumo tamb�m cresceu, o que influencia os pre�os, em raz�o da lei da oferta e da procura. Ao mesmo tempo em que experimentam a melhoria da cota��o do produto, plantadores de banana sofrem com o aumento dos custos. A observa��o � do produtor Rodolfo Rebello. “Enfrentamos o aumento dos custos da energia, dos fertilizantes e de outros insumos com a alta do d�lar”, lamenta Rebello.
Ele afirma que o custo do frete � um dos maiores encargos dos bananicultores norte-mineiros. “Gastamos muito com o transporte, pois estamos longe dos grandes centros consumidores. Para piorar, ainda temos que arcar com as despesas dos ped�gios nas rodovias”, reclama o produtor.
Rodolfo Rebello disse que, passado um ano, muitos pequenos produtores de banana do Projeto Ja�ba est�o descapitalizados e endividados, sem condi��es de pagar a conta de luz. “Para os pequenos produtores, a situa��o � pior, pois eles ficam nas m�os dos atravessadores, vendendo a fruta por pre�os mais baixos”, afirma.
Festa mostra potencial e qualidade
O potencial da fruticultura do Norte de Minas � mostrada na Exposi��o Agropecu�ria de Jana�ba (Exp� Jana�ba), aberta na sexta-feira e que prossegue at� domingo. Em parceria com o Sebrae Minas, a Abanorte montou estande na feira, com o objetivo de mostrar o funcionamento da cadeia produtiva da banana e a qualidade de outras frutas da regi�o, al�m da troca de informa��es entre os produtores.
Neste s�bado, ser�o realizados os concursos do “Melhor Cacho de Banana” (das variedades Prata An�, Nanica e Princesa) e concurso de culin�ria, com o preparo de pratos a partir das frutas produzidas na regi�o. Tamb�m est� prevista aula da professora de gastronomia Bernadete Guimar�es.
A presidente da Abanorte, Nilde Antunes Lage, informa que durante a Exp� Jana�ba, ser� tamb�m promovido o concurso “Hackathon da Fruticultura”, envolvendo alunos e egressos de diversos cursos da Faculdade do Vale do Gorutuba (Favag). Os concorrentes ter�o como desafio elaborar trabalhos sobre a melhoria da troca de informa��es entre os fruticultores.
A feira agropecu�ria contar� tamb�m com estande da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), voltado para a divulga��o dos estudos e pesquisas desenvolvidos por professores e alunos dos cursos de Agronomia e Zootecnia (gradua��o e mestrado) e de Produ��o Vegetal no Semi�rido (mestrado e doutorado). Ser�o ministradas palestras voltadas para estudantes de escolas do ensino fundamental e m�dio.