
Ant�nio Roberto, por que temos uma tend�ncia a criticar constantemente as pessoas que nos rodeiam? Principalmente em fam�lia, nos damos sempre o direito de ficar apontando os pontos negativos do outro
Fernando, de Governador Valadares
A caracter�stica fundamental do humano � a sua imperfei��o e, portanto, a sua transitoriedade. Esses limites � que permitem o crescimento, a mudan�a, a procura de n�veis cada vez maiores e mais significativos em nossas vidas.
As mudan�as pessoais que permitem nosso aperfei�oamento, para que ocorram, t�m alguns pressupostos. Primeiramente, a consci�ncia dos aspectos que nos atrapalham na dire��o da felicidade. Depois, o desejo verdadeiro de mudar e, finalmente, as a��es necess�rias para a transforma��o. Qualquer mudan�a de comportamento � pessoal, intransfer�vel � inalien�vel. Em outras palavras: “Ningu�m muda ningu�m”.
A ignor�ncia desses princ�pios � que leva uma pessoa a querer mudar uma outra, por meio da cr�tica e do julgamento. Nada mais pesado e deteriorante nas rela��es que a cr�tica. Considerada o inimigo n�mero 1 dos casamentos e da fam�lia, a cr�tica ocupa lugar de destaque na maioria dos relacionamentos.
Os cr�ticos acreditam que, agindo assim, conseguir�o, no decorrer do tempo, uma melhoria nos relacionamentos. Ocorre o contr�rio: as rela��es pioram, tornam-se azedas e hostis. O criticado tende a uma postura de defensividade e se firma, cada vez mais, nos comportamentos cuja mudan�a a cr�tica pretendia. O clima do relacionamento se torna tenso de vez que, em vez da alegria e da harmonia, a culpa e o medo come�am a reger o encontro daquelas pessoas.
A cr�tica � sempre comparativa e tem alto teor de destrutividade. Ela aparece com mais veem�ncia nas competi��es, nas disputas, em que uma pessoa quer se situar de maneira superior � outra. O comportamento cr�tico esconde algumas mensagens destrutivas, embora subliminares, tais como “sou melhor que voc�, voc� � incapaz, voc� n�o � digno de amor, voc� n�o merece etc.”. Situada no campo da hostilidade, a cr�tica n�o � boa para as rela��es amorosas, mesmo porque o sentimento predominante na pessoa cr�tica n�o � o amor, e sim o ci�me e a inveja. Amigo � aquela pessoa que conhece meus pontos fracos, conhe�o os pontos fracos dela, e vamos nos ajudar a conviver melhor com essas fragilidades.
Nas nossas rela��es, temos duas posturas a escolher. A primeira, pr�pria dos pessimistas, � centrar-se no negativo, nos defeitos, nas faltas. H� pessoas que agem assim sistematicamente. A consequ�ncia � a cr�tica, o julgamento obsessivo, o controle sobre o comportamento do outro. A outra postura � a capacidade de privilegiar o lado positivo, a qualidade, os talentos da outra pessoa. As consequ�ncias s�o a admira��o, o entendimento e a ajuda no desenvolvimento do outro. � imposs�vel o amor sem a admira��o.
Os casamentos fracassam, assim como as rela��es entre pais e filhos quando as pessoas envolvidas n�o t�m olhos para o lado claro das pessoas. Marido e mulher, pais e filhos, amigos deveriam se ajudar mutuamente no desenvolvimento do potencial de cada um, em vez de querer acabar com os defeitos m�tuos.
H� uma hist�ria antiga, em que Proscrustes, ex�mio anfitri�o, recebia seus h�spedes com muita pompa e esmero. Havia, por�m, uma condi��o: ao apresentar os aposentos de dormir para o h�spede, esse deveria experimentar a cama que lhe era oferecida. Proscrustes pedia que o h�spede se deitasse na cama, para ver se ela estava adequada a ele. Se a cama ficasse pequena para aquele h�spede e, portanto, seus p�s ficassem pra fora da cama, o cruel anfitri�o mandava cortar-lhe os p�s. H� pessoas que seguem esse modelo nos seus relacionamentos. Ai de quem n�o se enquadrar no tamanho de suas ideias e de suas convic��es. Por meio da cr�tica, cortam do outro a autoestima e a alegria, que s�o p�s no caminho da felicidade.