
Com o caos instaurado a partir do isolamento social imposto pela COVID-19, tudo mudou. A alimenta��o se tornou o melhor acesso � felicidade diante do confinamento e muitos assumiram o risco de comer o que t�m vontade, o que gostam. E s� se preocupar depois.
Em casa, alguns retomaram o ato de cozinhar, outros est�o aprendendo, h� aqueles que decidiram consumir alimentos mais saud�veis, quem est� fazendo uma reeduca��o do que coloca no prato e a turma que tem “enfiado o p� na jaca”, fazendo escolhas que podem colocar em risco a sa�de.
Depois de chutar o balde, em maio ele confessa ter passado o m�s inteiro ligado ao delivery s� consumindo pizza, sandu�che e tantas outras comidas nada saud�veis.

Decidi enfiar o p� na jaca e quando o apocalipse passar eu volto para o novo mundo%u201D
Eduardo Marques, de 26 anos, designer
Decidi enfiar o p� na jaca e quando o apocalipse passar eu volto para o novo mundo%u201D
PELO PRAZER
“E adoram besteiras. Eu me tornei a terceira crian�a. Ent�o, se fa�o pipoca para elas, tamb�m como e por a� vai.” Fora a conviv�ncia com a fam�lia, que tem feito despertar a food confort, aquele prato que s� a m�e sabe fazer, mem�ria do paladar insubstitu�vel: “Outro dia, minha m�e preparou bolinhos de chuva. N�o comia havia uns 20 anos. Foi um reencontro e, claro, ao levar para mim no escrit�rio j� disse para deixar o prato, comi toda a receita”.

"N�o vou me preocupar com uma alimenta��o rigorosa e saud�vel neste momento.
N�o quero me colocar mais press�o”
“Como relaxada, porque estou comendo fruta! Fico controlada no caf� da manh� e no almo�o, o pior � a parte da tarde e � noite. Trabalho duro at� as 20h, as 21h e vou encerrar o dia com uma salada? N�o mesmo, quero uma pizza!”
Muitos t�m ido na contram�o do que � recomend�vel pelos profissionais da sa�de. Pesquisas, antes da pandemia, j� comprovaram que o arroz com feij�o, combina��o nutricional das mais ricas do mundo, acess�vel a todas as classes sociais, tem perdido lugar para produtos industrializados, congelados, ultraprocessados, cheios de aditivos qu�micos. N�o existe pretexto. Existe consci�ncia, for�a de vontade e h�bito.
BEBIDA ALCO�LICA
Se combinados com verduras, legumes e uma carne magra (peixe ou frango sem a pele) tem praticamente tudo de que a gente precisa para uma refei��o completa. N�o � necess�ria uma refei��o cara para se comer de modo saud�vel.
Esse almo�o, aliado durante o dia a frutas e cereais, mant�m a pessoa saciada e todo o organismo agradece, contribuindo para a melhoria do humor e do bem-estar.
Prefira o equil�brio no prato
Mesmo em quarentena � poss�vel se alimentar bem, de forma saud�vel. Sem cair na tenta��o ou, pelo menos, ter controle para encontrar o equil�brio. A nutricionista cl�nica e comportamental Juliana Nakabayashi diz que a melhor forma � buscar uma alimenta��o mais simples, j� que todos t�m de lidar com uma nova rotina dentro de casa, da faxina a aulas on-line e home office.
Ela acredita na alimenta��o descomplicada, que deve ser gostosa, pr�tica, nutritiva e com custo acess�vel. Ent�o, a dica � priorizar refei��es caseiras com alimentos mais naturais, evitando excesso de ultraprocessados. � priorizar a comida t�pica do brasileiro.
Em contrapartida, h� outros que pioraram. Seja porque est�o comprando mais quantidade para evitar sair de casa e acabam fazendo estoque (e com mais oferta no arm�rio e ansiedade acabam excedendo), seja pela aus�ncia da empregada que prepara as refei��es ou pela facilidade em pedir comida pelos aplicativos.

Para os habituados ao delivery e congelados, a sugest�o � buscar intercalar esse tipo de alimenta��o com uma mais caseira, j� que este tipo de alimenta��o costuma ter pouca oferta de vitaminas, minerais e fibras.
Dependendo do grau de ansiedade, vai comer de forma autom�tica, sem se dar conta. E n�o adianta alimentos que ajudam na saciedade ou que sejam fit e light, por exemplo. A pessoa est� comendo sem prestar aten��o se est� com fome.
Nesse caso, � preciso buscar melhorar o comportamento alimentar para ajud�-la a sair desse ciclo emocional e autom�tico. O importante � cuidar do que vem antes do comer (organiza��o e planejamento) e durante (o ambiente onde vai comer).

“Nunca se falou tanto acerca de sa�de, sobre manter bons h�bitos e, principalmente, sobre praticar um estilo de vida saud�vel. Esse certamente � um legado que ficar� da pandemia. H�bitos saud�veis constru�dos agora t�m grande potencial para fazer parte da rotina de forma definitiva.”
O consumo de ch�s ajuda muito na hidrata��o, que fica reduzida com a queda de temperatura. Ele sugere ch� de gengibre, de casca de abacaxi, de canela em pau, de erva-doce e cidreira.


Seis pilares para seguir
A forma como cada um vive tem grande impacto na sa�de. N�o � toa, doen�as decorrentes do estilo de vida, como obesidade, diabetes, hipertens�o e at� c�ncer, figuram entre as principais causas de morte no mundo. Por aqui, desde 2018, o Col�gio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida tem dado passos nesse caminho.

Segundo ela, � cientificamente comprovado que at� mesmo octogen�rios podem se beneficiar de mudan�as no estilo de vida. A incid�ncia do Alzheimer, por exemplo, � diminu�da em 54% com a pr�tica de atividades f�sicas tr�s vezes por semana durante 30 minutos, independentemente da idade do paciente. Sabe-se que com mudan�as de estilo de vida � poss�vel n�o apenas prevenir, mas tamb�m reverter grande parte das doen�as.
Como se preparar para comer
Tome uma atitude: mude!

Copo cheio ou copo vazio?
Adauto Versiani, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Minas Gerais (SBEM-MG), enfatiza que a incid�ncia de obesidade na popula��o brasileira � em torno de 20%, e de sobrepeso, 55%.
“Assim, criou-se um quadro de estresse e ansiedade que, geralmente, � descontado na comida, com maior ingest�o de alimentos gordurosos, pr�-fabricados, condimentados, al�m dos doces, podendo contribuir para o maior ganho de peso e agravando a situa��o”, afirma Versiani.

Mas podemos melhorar a imunidade tendo uma alimenta��o saud�vel, variada, colorida, mais rica em verduras, legumes, frutas, tomar mais �gua, menos bebida alco�lica. Al�m disso, evitar o cigarro, tomar sol, dormir e acordar cedo, praticar atividade f�sica regular, criar uma rotina de hor�rios alimentares, evitando os conhecidos petiscos.
"Tudo isso combate a ansiedade e, consequentemente, n�o vai gerar alto n�vel de cortisol, n�o dar� excesso de fome ou vontade de comer doces. Acabando esta pandemia, a pessoa sair� de casa em forma, com uns quilinhos a menos, tendo mais disposi��o para encarar a vida p�s-pandemia.”
Segundo ele, a pessoa pode ver a pandemia como um sinal de que, ao ter de fazer confinamento, vai gerar ansiedade que ela descontar� na comida, como forma de fuga e de aliviar o estresse. Isso vai desenvolver obesidade, sendo que seu excesso pode levar a outras doen�as, como diabetes, hipertens�o, colesterol alto, problemas articulares e/ou problemas respirat�rios. E quando acabar a pandemia, a pessoa ter� que procurar tratamento m�dico.





