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Estado de Minas COVID-19

Coronav�rus: cuidado com o que voc� coloca no prato

O isolamento social provoca mudan�a de h�bitos alimentares. H� quem decidiu fazer escolhas saud�veis e quem chutou o balde diante da ansiedade


28/06/2020 04:00 - atualizado 27/06/2020 22:07

(foto: arquivo pessoal)
(foto: arquivo pessoal)

Eles s�o jovens, bem-informados, sabem o que est� certo e errado e na vida pr�-pandemia praticavam atividade f�sica e tinham crit�rio na escolha dos alimentos, com deslizes programados. Nada rigorosos, mas dispostos a fazer o melhor para manter a sa�de sem abrir m�o do prazer.

Com o caos instaurado a partir do isolamento social imposto pela COVID-19, tudo mudou. A alimenta��o se tornou o melhor acesso � felicidade diante do confinamento e muitos assumiram o risco de comer o que t�m vontade, o que gostam. E s� se preocupar depois.

A quarentena provoca mudan�a de h�bito, o que influencia a vida de todos. N�o seria diferente com a alimenta��o. Muitos passaram a ter outra rela��o com a comida, para o bem e para o mal.

Em casa, alguns retomaram o ato de cozinhar, outros est�o aprendendo, h� aqueles que decidiram consumir alimentos mais saud�veis, quem est� fazendo uma reeduca��o do que coloca no prato e a turma que tem “enfiado o p� na jaca”, fazendo escolhas que podem colocar em risco a sa�de.

“Sei cozinhar bem. Nos primeiros dias, empolguei e fiz v�rios pratos gostosos, feijoada, churrasco e pizza. Mas eles refletiram no corpo. Ent�o, decidi adotar um card�pio mais light, leve, com arroz integral, salada, frango grelhado, pasta de gr�o-de-bico. E at� passei a praticar ioga pela manh�. Durou 15 dias. Em home office desde 17 de mar�o, passei a ficar muito ansioso e triste, sentia falta da alegria da comida gorda”, conta Eduardo Marques, de 26 anos, designer.

Depois de chutar o balde, em maio ele confessa ter passado o m�s inteiro ligado ao delivery s� consumindo pizza, sandu�che e tantas outras comidas nada saud�veis.
 
 
(foto: arquivo pessoal)
(foto: arquivo pessoal)
 

Decidi enfiar o p� na jaca e quando o apocalipse passar eu volto para o novo mundo%u201D



Eduardo Marques, de 26 anos, designer
 
 

Vivendo fases, Eduardo conta que em uma delas decidiu n�o fazer dieta, mas evitar “comidas pesadas”. Ent�o, passou a preparar arroz, feij�o, carne e salada. Agora, est� em uma nova onda de mesclar uma semana com essa refei��o trivial e na seguinte fazer lasanha, torta de frango, sandu�che. E assim segue. “Parei com a ioga h� muito tempo, tentei v�rias vezes, mas o home office toma tempo, fico cansado no fim do dia e n�o quero acordar cedo no in�cio. Ent�o, decidi enfiar o p� na jaca e quando o apocalipse passar eu volto para o novo mundo.”
 
  

PELO PRAZER 


A jornalista Carolina Capozzi, de 35, est� no mesmo ritmo do Eduardo. “N�o vou me penalizar ainda mais. O que me d� prazer agora � comer doce. E estou comendo. N�o vou me preocupar com uma alimenta��o rigorosa e saud�vel neste momento. N�o quero me colocar mais press�o. Depois corro atr�s, e tenho at� medo do quanto terei de correr.” Sincera e com bom humor, ela est� em quarentena desde 21 de mar�o, chegando a ficar 35 dias sem sequer pegar o elevador do pr�dio onde mora, em S�o Paulo.

Carolina confessa que seus pecados com a alimenta��o t�m sido di�rios. Mas sem culpa: “Em home office, como a maioria, trabalhamos mais, tem toda a tens�o da pandemia, j� assisti a todas as s�ries e n�o aguento mais ver TV. Fa�o academia, ent�o at� tentei seguir v�deos no YouTube, n�o deu certo, desisti. Resta a comida, sempre � m�o. � o que me d� prazer e, asseguro, que quem est� rigorosamente cumprindo a quarentena, sem nenhuma escapada, nem para o mercado, vai descontar na comida”.
 

Pronta a confessar seus pecados, Carolina revela que nos primeiros dias da quarentena chegou a montar um kit de guloseimas que carregava para o escrit�rio de casa: salgadinhos, bolachas e chocolate. Durou quatro dias, e ela percebeu que n�o deveria continuar. Mas, na sequ�ncia, com irm� e cunhado m�dicos na linha de frente do combate � COVID-19, as sobrinhas de 6 e 9 anos foram para sua casa.

“E adoram besteiras. Eu me tornei a terceira crian�a. Ent�o, se fa�o pipoca para elas, tamb�m como e por a� vai.” Fora a conviv�ncia com a fam�lia, que tem feito despertar a food confort, aquele prato que s� a m�e sabe fazer, mem�ria do paladar insubstitu�vel: “Outro dia, minha m�e preparou bolinhos de chuva. N�o comia havia uns 20 anos. Foi um reencontro e, claro, ao levar para mim no escrit�rio j� disse para deixar o prato, comi toda a receita”.
 
 
(foto: arquivo pessoal)
(foto: arquivo pessoal)
 
 

"N�o vou me preocupar com uma alimenta��o rigorosa e saud�vel neste momento. 
N�o quero me colocar mais press�o”

Carolina Capozzi, jornalista

 
A jornalista conta que teve potencializado nesta quarentena um comportamento que j� tinha controlado, a mania de criar v�cios por determinado tempo. Ent�o, diz que j� passou pela fase p�o de mel, tr�s por dia; do wafer, um pacote inteiro em horas; e agora, com tranquilidade, Nutela com morango.

“Como relaxada, porque estou comendo fruta! Fico controlada no caf� da manh� e no almo�o, o pior � a parte da tarde e � noite. Trabalho duro at� as 20h, as 21h e vou encerrar o dia com uma salada? N�o mesmo, quero uma pizza!”

Especialmente neste momento, h� muitos argumentos e justificativas que n�o passam de desculpas. Comportamento adotado por grande parte dos brasileiros. Mas � preciso uma dose extra de esfor�o e sacrif�cio em raz�o da sa�de, ainda mais agora. Comer besteira � viver perigosamente.

Muitos t�m ido na contram�o do que � recomend�vel pelos profissionais da sa�de. Pesquisas, antes da pandemia, j� comprovaram que o arroz com feij�o, combina��o nutricional das mais ricas do mundo, acess�vel a todas as classes sociais, tem perdido lugar para produtos industrializados, congelados, ultraprocessados, cheios de aditivos qu�micos. N�o existe pretexto. Existe consci�ncia, for�a de vontade e h�bito.

Por outro lado, h� uma parcela da popula��o que tem seguido as regras. Entre os motivos, a preocupa��o com a sa�de, seguran�a, solidariedade, j� que tem muitos comprando produtos org�nicos de pequenos produtores (via plataformas ou WhatsApp) e o fato de ter oportunidade de fazer as refei��es em fam�lia, dar exemplo aos filhos.

BEBIDA ALCO�LICA  


Adauto Versiani, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Minas Gerais (SBEM-MG), destaca que a alimenta��o mais colorida, variada, frugal e rica em verduras � mais saud�vel. E lembra que o arroz com feij�o forma uma dupla perfeita, preenchendo, em grande parte, nossas necessidades.

Se combinados com verduras, legumes e uma carne magra (peixe ou frango sem a pele) tem praticamente tudo de que a gente precisa para uma refei��o completa. N�o � necess�ria uma refei��o cara para se comer de modo saud�vel.

Esse almo�o, aliado durante o dia a frutas e cereais, mant�m a pessoa saciada e todo o organismo agradece, contribuindo para a melhoria do humor e do bem-estar.

A preocupa��o do m�dico tamb�m recai sobre o consumo de bebida alco�lica. Ele lembra que algumas pessoas descontam a ansiedade n�o na comida, mas na bebida alco�lica, que tem calorias, mas sem nutrientes. “O excesso pode levar a altera��es do colesterol, principalmente o triglic�rides, problemas de alcoolismo, esteatose hep�tica (gordura no f�gado), atrapalha a qualidade do sono, a pessoa fica mais cansada no dia seguinte, pode ter ressaca e desidrata��o, comprometendo o sistema imunol�gico, podendo levar ao ganho de peso e a uma depend�ncia qu�mica.”


 

Prefira o equil�brio no prato


 

Mesmo em quarentena � poss�vel se alimentar bem, de forma saud�vel. Sem cair na tenta��o ou, pelo menos, ter controle para encontrar o equil�brio. A nutricionista cl�nica e comportamental Juliana Nakabayashi diz que a melhor forma � buscar uma alimenta��o mais simples, j� que todos t�m de lidar com uma nova rotina dentro de casa, da faxina a aulas on-line e home office.

Ela acredita na alimenta��o descomplicada, que deve ser gostosa, pr�tica, nutritiva e com custo acess�vel. Ent�o, a dica � priorizar refei��es caseiras com alimentos mais naturais, evitando excesso de ultraprocessados. � priorizar a comida t�pica do brasileiro.


Muitos est�o mudando o comportamento alimentar. Tem os que est�o comendo melhor, j� que antes havia muitas op��es apetitosas e atrativas perto do trabalho ou da escola e, agora, est�o comendo uma comida mais caseira.

Em contrapartida, h� outros que pioraram. Seja porque est�o comprando mais quantidade para evitar sair de casa e acabam fazendo estoque (e com mais oferta no arm�rio e ansiedade acabam excedendo), seja pela aus�ncia da empregada que prepara as refei��es ou pela facilidade em pedir comida pelos aplicativos.
 
Nutricionista clínica e comportamental, Juliana Nakabayashi sugere priorizar refeições caseiras, nutritivas e descomplicadas (foto: Felipe Muller/Divulgação)
Nutricionista cl�nica e comportamental, Juliana Nakabayashi sugere priorizar refei��es caseiras, nutritivas e descomplicadas (foto: Felipe Muller/Divulga��o)
 
Para a nutricionista, o risco desse tipo de alimenta��o � a queda na qualidade nutricional: “A m� qualidade alimentar, juntamente com o sedentarismo e o estresse, podem trazer problemas tanto a curto como longo prazo. Quem tem comido, predominantemente, uma alimenta��o r�pida tipo pizza, massa, congelados, p�es e bebidas ado�adas, consome menos vitaminas e minerais, que s�o fundamentais para garantir a imunidade. J� estamos no inverno e as quest�es respirat�rias s�o mais incidentes, junto com a amea�a da COVID-19”.

Para quem n�o sabe cozinhar, Juliana indica como op��o se arriscar a aprender o trivial, como arroz, feij�o, legume e carne, ou procurar comprar em locais que prezam n�o s� pelo sabor, mas pela qualidade e variedade.

Para os habituados ao delivery e congelados, a sugest�o � buscar intercalar esse tipo de alimenta��o com uma mais caseira, j� que este tipo de alimenta��o costuma ter pouca oferta de vitaminas, minerais e fibras.
 
 
A nutricionista comportamental destaca que a rela��o comida e ansiedade � desafiante em tempos de incertezas, porque muitos tendem a compensar com comida seus desconfortos. � o chamado ‘comer emocional’, em que cada um come por estresse, ansiedade, cansa�o e n�o por fome fisiol�gica.

Dependendo do grau de ansiedade, vai comer de forma autom�tica, sem se dar conta. E n�o adianta alimentos que ajudam na saciedade ou que sejam fit e light, por exemplo. A pessoa est� comendo sem prestar aten��o se est� com fome.

Nesse caso, � preciso buscar melhorar o comportamento alimentar para ajud�-la a sair desse ciclo emocional e autom�tico. O importante � cuidar do que vem antes do comer (organiza��o e planejamento) e durante (o ambiente onde vai comer).
 
 
Junia Bethonico, nutricionista, diz que as pessoas perceberam que manter a saúde em dia é a melhor estratégia para enfrentar doenças (foto: Arquivo Pessoal)
Junia Bethonico, nutricionista, diz que as pessoas perceberam que manter a sa�de em dia � a melhor estrat�gia para enfrentar doen�as (foto: Arquivo Pessoal)
 
 
IMUNIDADE 

A nutricionista Junia Bethonico, propriet�ria da cl�nica Sa�de com Prazer, no Bairro Belvedere, destaca que uma grande preocupa��o das pessoas tem sido se informar sobre a imunidade. Elas perceberam que manter a sa�de em dia � a melhor estrat�gia para enfrentar n�o apenas essa, mas qualquer doen�a.

“Nunca se falou tanto acerca de sa�de, sobre manter bons h�bitos e, principalmente, sobre praticar um estilo de vida saud�vel. Esse certamente � um legado que ficar� da pandemia. H�bitos saud�veis constru�dos agora t�m grande potencial para fazer parte da rotina de forma definitiva.”

A primeira recomenda��o de Junia Bethonico � aumentar o consumo de plantas. “A melhor forma que encontrei s�o os shots (dose pequena). Um cl�ssico e eficiente � um lim�o espremido com cinco a 10 gotinhas de pr�polis. E por a� podemos abusar das produ��es das abelhas, consumindo mel, geleia real e o p�len. Se j� criou h�bito de tomar um shot por dia, aumente para dois ou tr�s, j� que o frio est� a�.”

O consumo de ch�s ajuda muito na hidrata��o, que fica reduzida com a queda de temperatura. Ele sugere ch� de gengibre, de casca de abacaxi, de canela em pau, de erva-doce e cidreira.
 
 
 
 
Ainda sobre a imunidade, a nutricionista destaca a import�ncia de ter os n�veis de �mega 3 normais. Se n�o consumido na dieta, ela indica suplementa��o. Alimentos ricos em �mega 3 s�o a linha�a e peixes de �guas profundas. N�o menos importante � nutrir as bact�rias que vivem, especialmente, em nosso intestino, com probi�ticos, prebi�ticos.

Para quem tem mais d�vidas e deseja mudar, n�o s� a alimenta��o, mas o estilo de viver, Junia Bethonico acaba de lan�ar o primeiro volume de uma s�rie de e-books intitulada Filosofia: sa�de com prazer, incluindo a gastronomia funcional. On-line, gratuito, � s� acessar: https://forms.gle/UDbYkNBKfg2G1T3t5.

 
 

» Como cultivar hortas em apartamentos?

 
A construtora AP Ponto e a BeGreen fizeram uma live sobre o plantio 
de hortali�as e alimenta��o saud�vel. Todos os condom�nios da construtora t�m hortas comunit�rias para que os moradores tenham acesso a alimentos livres de agrot�xicos e alimenta��o saud�vel. Na live, Allan Farah, bi�logo e gestor da experi�ncia pedag�gica na BeGreen, e a nutricionista funcional Daniele Adjuto falaram dos benef�cios de uma horta em casa.
 
 
A salsinha é uma das hortaliças fáceis de cultivar em pequenos espaços (foto: Wolfgang Eckert/Pixabay)
A salsinha � uma das hortali�as f�ceis de cultivar em pequenos espa�os (foto: Wolfgang Eckert/Pixabay)
 
 
1 – Ter um espa�o em casa onde bata luz do sol direta pelo menos algumas horas por dia.
2 – O ideal � come�ar com plantas generalistas, hortali�as, que s�o mais resistentes: boldo, alecrim, erva-cidreira, r�cula, salsinha, manjeric�o, cebolinha e coentro.
3 – Plantas aliment�cias n�o convencionais e gr�os germinados em casa (lentilha, gr�o-de-bico, mostarda) t�m alto valor nutricional e podem ser cultivados em qualquer lugar de maneira f�cil e r�pida.
4 – Ter uma horta em casa � ter uma minifarm�cia natural. Voc� pode complementar sua alimenta��o com diferentes receitas, usar para fazer ch�s, saladas, al�m de poder fazer o pr�prio repelente e �leos essenciais.
5 – Plantando em apartamentos, voc� pode compartilhar com outros vizinhos, fazendo a economia criativa girar, gerando menos pl�stico e lixo. Escolha sustent�vel.
6 – Al�m dos benef�cios nutricionais, estudos compravam que o poder do verde na sa�de mental colabora para diminuir o estresse e a ansiedade. Ajuda a regularizar o humor.


 
 

Seis pilares para seguir 



A alimenta��o � t�o fundamental, ainda mais no enfrentamento � COVID-19, que o Brasil deveria adotar, como j� � nos EUA, a especialidade m�dica “medicina do estilo de vida”, criada em 2004 pelo American College of Lifestyle Medicine, que ganha cada vez mais espa�o entre a comunidade m�dica nacional e internacional.

A forma como cada um vive tem grande impacto na sa�de. N�o � toa, doen�as decorrentes do estilo de vida, como obesidade, diabetes, hipertens�o e at� c�ncer, figuram entre as principais causas de morte no mundo. Por aqui, desde 2018, o Col�gio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida tem dado passos nesse caminho.

Medicina do estilo de vida � uma maneira de fornecer aos pacientes ferramentas para a mudan�a de seus h�bitos. A cirurgi� pl�stica Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Pl�stica (SBCP), do American College of LifeStyle Medicine e do Col�gio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida, destaca que essa especialidade � multidisciplinar, ou seja, destinada a todas as especialidades m�dicas e outros profissionais da sa�de, incluindo nutricionistas, fisioterapeutas e enfermeiros.
 
 
 Para a angiologista e cirurgiã vascular Aline Lamaita, com mudanças de estilo de vida é possível não apenas prevenir, mas também reverter grande parte das doenças (foto: Arquivo Pessoal)
Para a angiologista e cirurgi� vascular Aline Lamaita, com mudan�as de estilo de vida � poss�vel n�o apenas prevenir, mas tamb�m reverter grande parte das doen�as (foto: Arquivo Pessoal)
 
 
No ramo da cirurgia pl�stica, por exemplo, a medicina do estilo de vida proporcionou protocolos e rotinas que fazem a mudan�a de h�bitos mais efetiva. "Um exemplo � quando um paciente com sobrepeso chega ao consult�rio procurando por uma lipoaspira��o. Em vez de apenas fazermos o procedimento, recomendamos a mudan�a de h�bitos, com a ado��o de uma alimenta��o saud�vel e a pr�tica regular de exerc�cios. � fundamental que o paciente tenha consci�ncia da import�ncia de sua sa�de para o futuro”, enfatiza Beatriz Lassance.

IDADE 

A angiologista e cirurgi� vascular Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) e do American College of Lifestyle Medicine, explica que a medicina do estilo de vida � baseada em seis pilares: alimenta��o, controle do estresse, pr�tica de atividade f�sica, cessa��o do tabagismo, qualidade de sono e rela��es interpessoais. E � destinada a todas as faixas et�rias.

Segundo ela, � cientificamente comprovado que at� mesmo octogen�rios podem se beneficiar de mudan�as no estilo de vida. A incid�ncia do Alzheimer, por exemplo, � diminu�da em 54% com a pr�tica de atividades f�sicas tr�s vezes por semana durante 30 minutos, independentemente da idade do paciente. Sabe-se que com mudan�as de estilo de vida � poss�vel n�o apenas prevenir, mas tamb�m reverter grande parte das doen�as.


Como se preparar para comer

N�o pense no que vai comer somente na hora em que a fome est� nas alturas, isso � um pontap� para pedir um delivery ou abrir a geladeira e comer sem aten��o

» Fa�a um planejamento. Procure programar as refei��es da semana e, a partir disso, leve uma lista de compras. N�o corra o risco de ir ao supermercado e comprar o que n�o precisa e se esquecer do que est� em falta
» Procure uma alimenta��o mais simples, caseira, natural e descomplicada
» Sente-se � mesa para fazer as refei��es
» Desligue o celular, evite ver televis�o ou mexer no computador
» Evite falar de problemas que gerem tens�o enquanto come
» Mastigue devagar, descanse o garfo entre uma garfada e outra
» Sinta-se presente e atento enquanto come. Observe o sabor, a textura, a temperatura
» Evite ter muitas op��es/ofertas diante de voc�. Talvez deixar a comida no fog�o seja melhor que coloc�-la na mesa
» Quando se sentir ansioso, em vez de ir � cozinha pare uns minutos diante da janela ou v� at� a varanda/quintal e fa�a respira��es profundas. As pessoas costumam achar que a agita��o mental vai passar se comer algo

Fonte: Nutricionista cl�nica e comportamental Juliana Nakabayashi



Tome uma atitude: mude!


N�o � preciso esperar a consulta com o m�dico para come�ar a mudar seus h�bitos. Confira as dicas das especialistas para adquirir um estilo de vida mais saud�vel:
 
 
(foto: Arboral/Reprodução da internet)
(foto: Arboral/Reprodu��o da internet)
 
» Alimente-se corretamente: dietas restritivas s�o dif�ceis de manter. Preocupe-se mais com o que voc� coloca no prato do que com o que retira dele. Adote uma alimenta��o de base vegetal, diminuindo o consumo de prote�na animal e produtos industrializados. Vegetais devem compor 75% do prato. A comida deve ser boa, gostosa e feita com ingredientes saud�veis.
» Pare de fumar: 80% dos c�nceres de pulm�o ocorrerem em fumantes, o tabagismo tamb�m est� associado a uma s�rie de outros problemas, incluindo o envelhecimento precoce da pele e o tromboembolismo.
» Gerencie o estresse: medite, limpe a mente. A cada hora de trabalho pare cinco minutos para respirar, tomar um caf�, olhar pela janela ou simplesmente fechar os olhos. Uma vez por semana, procure sair da rotina e fazer uma atividade diferente. Um tempo de descanso � extremamente importante para manejar o estresse.
» Durma bem: a quantidade de horas de sono necess�rias � individual. De modo geral, o ideal � que se tenha 7 horas di�rias de sono. Mas fique atento � sua disposi��o durante o dia. Se sentir sintomas de cansa�o e sonol�ncia pode ser que a qualidade do sono esteja ruim. Evite equipamentos eletr�nicos uma hora antes de dormir, a luz azul interfere na qualidade do sono.
» Socialize: existe uma extensa literatura m�dica comprovando que rela��es interpessoais t�m grande influ�ncia sobre a sa�de e a felicidade do paciente. Ou seja, mantenha por perto as pessoas de quem voc� gosta. Converse, mesmo que seja por videochamadas ou redes sociais.
» Pratique exerc�cios: � comprovado que exerc�cios f�sicos podem prevenir uma infinidade de doen�as e at� reverter casos de diabetes tipo 2, hipertens�o e depress�o. O ideal � fazer semanalmente 150 minutos de intensidade moderada. Mas qualquer atividade j� pode trazer benef�cios, como aumentar o n�mero de passos por dia e subir escada.
 
 

 
Copo cheio ou copo vazio? 


A m� alimenta��o, desregrada, tem como consequ�ncia problemas graves de sa�de. N�o � seguro se enganar e sempre adiar a decis�o de colocar no prato o que � saud�vel, nutritivo e tamb�m saboroso.

Adauto Versiani, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Minas Gerais (SBEM-MG), enfatiza que a incid�ncia de obesidade na popula��o brasileira � em torno de 20%, e de sobrepeso, 55%.

Com a quarentena, geraram-se na sociedade picos de ansiedade promovidos pela incerteza pol�tica, econ�mica e pelos riscos � sa�de pela COVID-19.

“Assim, criou-se um quadro de estresse e ansiedade que, geralmente, � descontado na comida, com maior ingest�o de alimentos gordurosos, pr�-fabricados, condimentados, al�m dos doces, podendo contribuir para o maior ganho de peso e agravando a situa��o”, afirma Versiani.
 
 
(foto: Arquivo Pessoal)
(foto: Arquivo Pessoal)
 
 
"Criou-se um quadro de estresse e ansiedade que, geralmente, � descontado na comida, com maior ingest�o de alimentos gordurosos, pr�-fabricados, condimentados, al�m dos doces, podendo contribuir para o maior ganho de peso e agravando a situa��o”

Adauto Versiani, endocrinologista, presidente da SBEM-MG 
 
 
 
Adauto Versiani alerta que, com o v�rus sem tratamento medicamentoso e nenhuma vacina, para contrair a infec��o depende muito do estado de imunidade, da letalidade do v�rus e da carga viral.

Mas podemos melhorar a imunidade tendo uma alimenta��o saud�vel, variada, colorida, mais rica em verduras, legumes, frutas, tomar mais �gua, menos bebida alco�lica. Al�m disso, evitar o cigarro, tomar sol, dormir e acordar cedo, praticar atividade f�sica regular, criar uma rotina de hor�rios alimentares, evitando os conhecidos petiscos.

"Tudo isso combate a ansiedade e, consequentemente, n�o vai gerar alto n�vel de cortisol, n�o dar� excesso de fome ou vontade de comer doces. Acabando esta pandemia, a pessoa sair� de casa em forma, com uns quilinhos a menos, tendo mais disposi��o para encarar a vida p�s-pandemia.”

O endocrinologista enfatiza que um dos piores fatores de risco para o agravamento da COVID-19 � o excesso de peso, j� que o tecido adiposo libera uma s�rie de citocinas que criam um ambiente de inflama��o cr�nica. Ent�o, manter o peso saud�vel � uma forma de preven��o do novo coronav�rus.

Adauto Versiani explica que o estresse e a ansiedade aumentam a produ��o do horm�nio cortisol, que, em excesso, estimula o aumento do apetite. “Tem duas maneiras de ver os problemas na vida: ou � um copo meio cheio ou um copo meio vazio."

Segundo ele, a pessoa pode ver a pandemia como um sinal de que, ao ter de fazer confinamento, vai gerar ansiedade que ela descontar� na comida, como forma de fuga e de aliviar o estresse. Isso vai desenvolver obesidade, sendo que seu excesso pode levar a outras doen�as, como diabetes, hipertens�o, colesterol alto, problemas articulares e/ou problemas respirat�rios. E quando acabar a pandemia, a pessoa ter� que procurar tratamento m�dico.

E a outra maneira de lidar com o problema, destaca o m�dico, � a pessoa deixar de lado as comidas cal�ricas (doces, fast-food, salgadinhos, industrializados...) para investir em uma alimenta��o saud�vel, com pouco �leo, muita verdura, tendo hor�rios regulares (caf� da manh�, almo�o, jantar). Se nos intervalos tiver fome, coma uma fruta ou uma barra de cereal.

Adauto Versiani alerta ainda sobre os doces. Ela diz que a ansiedade faz cair o n�vel de serotonina, que � considerado o horm�nio do prazer. E uma forma de o organismo restabelec�-lo � consumindo doces e carboidratos refinados. Entretanto, excesso de caloria pode provocar sobrepeso. O chocolate ao leite tem muito mais caloria e a��car do que o chocolate 70%. Ou seja, fa�a escolhas respons�veis para o seu bem.





GATILHOS

A compuls�o pode ser gerada por v�rios gatilhos: restri��es ou dietas muito r�gidas, obsess�o com a pr�pria imagem, fatores gen�ticos ou dificuldades emocionais como depress�o ou ansiedade, o que durante a pandemia do novo coronav�rus se torna uma amea�a bem real e presente. Aryane Emerick, nutricionista-chefe da n2b, aplicativo que oferece monitoramento nutricional, afirma que a compuls�o � necessariamente uma necessidade psicol�gica, que faz com que a pessoa busque escapes para as emo��es que est� sentindo. Ela enfatiza que compuls�o n�o � um epis�dio de gula, por isso � importante dar aten��o ao que causa esse gatilho, identific�-lo e buscar a��es que ajudam no controle.



Alimentos que minimizam os efeitos da compuls�o alimentar

(foto: Wilson Jr. Rosalin/Freeimages)
(foto: Wilson Jr. Rosalin/Freeimages)

1 – Manter-se bem hidratado � essencial; m�nimo de dois litros de �gua por dia


(foto: Shirley Hirst/Pixabay)
(foto: Shirley Hirst/Pixabay)

2 – Ch�s auxiliam a relaxar e modulam alguns sintomas durante o dia: camomila, erva-cidreira, folhas de maracuj�; durante a noite, ajudam no sono: mulungu ou camomila


(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

3 – Alimentos fontes de magn�sio, como vegetais verde-escuros (espinafre, couve, br�colis) e semente de ab�bora


(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

4 – Alimentos fontes de �mega 3 (sardinha, atum, salm�o, chia, linha�a) e frutas, legumes e verduras ricos em antioxidantes, com a��o anti-inflamat�ria, � melhor nesses casos


(foto: Reprodução da internet)
(foto: Reprodu��o da internet)

5 – Alimentos que mastigue mais, porque ajudam na ansiedade: pipoca, semente de ab�bora ou girassol, chips de frutas


(foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
(foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)

6 – Nas refei��es, n�o se esque�a de caprichar nas fibras: alimentos integrais, verduras e legumes para ter saciedade ao longo do dia


Fonte: Aryane Emerick, nutricionista-chefe da n2b 




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