
“Eu tenho meus dois rins em bom funcionamento, apesar de n�o operarem 100%. Mas meu diagn�stico m�dico � de que eles est�o agonizados, ou seja, est�o machucados”, conta Tatiana. A corretora come�ou a fazer hemodi�lise em maio do ano passado, e, agora, cumpre tamb�m o tratamento com a filtra��o do sangue em casa (di�lise peritoneal).
Ela assumiu os cuidados, com todos os equipamentos cedidos pelo Sistema �nico de Sa�de (SUS), e n�o se assustou com a op��o de se tratar em casa, aprendendo como fazer o procedimento. Ainda que a doen�a n�o seja gen�tica e/ou heredit�ria, o pai dela tamb�m teve complica��es graves nos rins e precisou fazer a mesma hemodi�lise. Na �poca, era ela quem tratava do pai, que morreu � espera de um rim.
“Por ironia do destino, precisei fazer o mesmo tratamento, mas n�o me incomodo. Para mim, � bem melhor, pois, por faz�-lo em casa, todos os dias na parte da noite, posso trabalhar, ter contato com minha fam�lia no decorrer do dia e, quando chega a hora de dormir, fa�o a di�lise peritoneal”, diz Tatiana.
Sa�da
O transplante � a �nica sa�da para um paciente renal e, por isso, Tatiana mant�m a esperan�a de que seus pr�prios familiares sejam aprovados como futuros doadores. Quando se trata do rim, pessoas ainda em vida podem doar um de seus �rg�os. No entanto, o otimismo ainda fala mais alto e Tatiana sonha em n�o necessitar da cirurgia.

Outro objetivo que tamb�m alimenta o sonho de Tatiana � poder, novamente, viajar e nadar sem limita��es. “O transplante � a luz no fim do t�nel para que eu possa ter uma nova chance na vida, de viv�-la melhor, porque, com a hemodi�lise, me sinto bem, mas ela me priva de viajar ou tomar um banho de piscina, devido ao cateter inserido na regi�o do abd�men”, explica. Ela tem vontade de passear por longos dias, e ter que levar a m�quina tamb�m atrapalha.
Felicidade
Transplantado em 2019, ap�s espera de tr�s anos por um rim, o porteiro Ronaldo Rodrigues, de 37 anos, n�o se esquece do dia em que recebeu a not�cia sobre a cirurgia. “Fiquei muito feliz. Sempre acreditei que conseguiria e esse transplante mudou a minha vida. Depois da cirurgia, passei a acreditar mais na vida, a dar mais valor �s pequenas coisas e � minha fam�lia”, afirma. Ele tem tr�s filhas.
Ronaldo conta que, durante o per�odo de espera, se manteve calmo e confiante, principalmente por causa da motiva��o que sentia ao acompanhar suas filhas. Foi a maior alegria de sua vida receber a not�cia de que o transplante seria agendado. Surgiram medo e ang�stia antes da cirurgia, mas, agora, restam os cuidados necess�rios ap�s o procedimento.
Desejo deve ficar claro em vida
A espera por um �rg�o, segundo Cec�lia Bicalho, coordenadora de enfermagem do Servi�o de Hemodi�lise, Transplante e Di�lise Peritoneal do Hospital da Baleia, n�o tem rela��o com o tempo em que o paciente aguarda na fila do transplante, mas, sim, com a compatibilidade frente ao doador.
“Uma pessoa pode estar na fila por 20 anos e um paciente que est� h� apenas um ano receber o �rg�o primeiro. Isso ocorre porque existem crit�rios r�gidos de compatibilidade e, por isso, infelizmente, muitas pessoas acabam falecendo antes de receber a doa��o em raz�o de complica��es da doen�a”, explica. Para cada �rg�o disponibilizado � doa��o, o transplante depender� de caracter�sticas imunol�gicas, cl�nicas e sorol�gicas, entre outras, do doador e do receptor.
Cec�lia destaca, ainda, ser muito importante que o paciente em espera siga com as orienta��es m�dicas e tratamentos, pois para que o transplante ocorra, o receptor precisa estar em bom estado geral de sa�de. “O dia da liga��o telef�nica com a not�cia do transplante vai chegar e, com isso, o dia de receber o novo �rg�o tamb�m. � preciso que os cuidados necess�rios sejam mantidos.”
Para que esse momento chegue, a coordenadora de enfermagem do Hospital da Baleia observa que a doa��o de �rg�os (cora��o, pulm�o, rim, f�gado e p�ncreas) ou tecidos (medula �ssea, ossos e c�rneas) precisa ser feita.
As pessoas que desejam doar seus �rg�os ap�s a morte precisam comunicar � fam�lia esse desejo, pois, caso isso n�o ocorra, os familiares � quem tomar�o essa decis�o.
“A doa��o de �rg�os � um ato de amor, principalmente porque no momento mais dif�cil de uma fam�lia, quando um ente querido se vai, ela opta por doar e salvar outra vida. � preciso se colocar no lugar do outro.” Com o desejo manifestado � fam�lia, o doador poder� ser atendido pela equipe m�dica ap�s ser constatada a morte encef�lica irrevers�vel.
Em vida, as pessoas podem doar um rim, parte do pulm�o, parte do f�gado ou parte da medula. Para isso, o m�dico dever� avaliar a hist�ria cl�nica do doador, bem como se h� doen�as pr�vias em seu organismo. Al�m disso, � preciso haver compatibilidade sangu�nea, o que � necess�rio em qualquer ocasi�o.
P�s-transplante
P�s-transplante
Na nova vida p�s-transplante, alguns cuidados precisam ser tomados pelo receptor, a fim de garantir o sucesso da cirurgia, bem como de evitar riscos. De acordo com o Manual de Orienta��o ao Paciente Transplante, divulgado pelo Grupo de Apoio aos Transplantados (GAT), esses cuidados se dividem em dois per�odos diferentes: os que devem ser tomados durante a interna��o e aqueles a serem aplicados permanentemente ao longo da vida.
*Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Marta Vieira