Equil�brio emocional. Entenda a import�ncia da medita��o para crian�as

“A medita��o � uma boa pr�tica de autoconhecimento e que melhora a capacidade de auto-observa��o e gest�o das emo��es, mas para isso deve ser compreendida como uma pr�tica que exige disciplina.

Se voc� quer que uma crian�a aprenda a jogar t�nis, por exemplo, voc� automaticamente considera que ela precisa fazer aulas, precisa praticar. E voc� tamb�m sup�e que ela vai desenvolver algumas habilidades, como agilidade, e talvez fortale�a alguns m�sculos espec�ficos. Com a medita��o n�o � diferente.”

 

� o que diz a diretora de Conte�do do Programa Soul – curso que contempla o ensino socioemocional e de mindfulness para crian�as e adolescentes – Fl�via Sato, ao comentar sobre a necessidade de se manter certa disciplina na pr�tica da medita��o como um todo, bem como na voltada para as crian�as, a fim de alcan�ar os resultados esperados.

Segundo ela, as habilidades fortalecidas neste exerc�cio podem ser importantes para toda a vida e, inclusive, no contexto atual, o de pandemia.

 

A partir disso, de acordo com Fl�via, os benef�cios da pr�tica de medita��o com crian�as pode ser quase que imediato. A princ�pio, as crian�as tendem a se apresentar mais calmas e centradas, o que, a longo prazo, se o incentivo e a disciplina se mantiverem, pode se transformar em melhor autorregula��o emocional, mais controle da aten��o e, tamb�m, mais empatia e compaix�o.

 

Foi o que Cristiane Tamer, de 44 anos, comunicadora social e produtora de conte�dos, conta ter percebido aflorar em seus fi- lhos. “Eles se tornaram mais autoconscientes e calmos, pois n�o reagem mais impulsivamente, mas analisam a situa��o, mesmo pequenos.

E eles sentem que isso faz bem e pode ajudar. Outro dia, os dois me viram nervosa, chegaram perto de mim e falaram: ‘Mam�e, respira. Vamos l�, tr�s respira��es conscientes’. E isso � muito legal e bonito de ver.”

 

Tudo come�ou com o h�bito da ora��o antes de dormir, desde que Raphael Tamer, de 12, e Thomas Tamer, de 10, eram beb�s. Com o passar do tempo e dos anos, Cristiane relata que come�ou a estudar sobre a pr�tica de medita��o e inserir em sua vida, o que, posteriormente, passou a fazer parte da rotina dos pequenos tamb�m.

Por�m, a comunicadora social destaca que, apesar de j� haver um hor�rio dedicado � pr�tica, sempre que percebe situa��es de conflito emocional ela utiliza os m�todos de medita��o para acrescentar formas pr�ticas de lidar com o ocorrido.

 

 

 

 

“Eles j� sentem falta de praticar e compreendem a import�ncia de estarmos juntos para fazer esse exerc�cio. Uma vez, um monge nos disse que meditar juntos era muito bom, porque a energia se tornava mais forte e poderosa, e eles me falaram assim: ‘T� vendo, mam�e? � por isso que a gente fala que tem que estar juntos na hora da medita��o � noite, porque a� ficamos bem mais fortes’.”

 

“E �, de fato, uma experi�ncia �mpar. � um divisor de �guas e uma descoberta verdadeira do que � a vida e de como viv�-la de forma mais feliz e plena. E isso porque, a vida � o que se passa dentro da gente e n�o do lado de fora, e depende de quem est� do seu lado e se o tempo est� sendo usado de forma �til. A partir disso, percebemos que est� tudo dentro de n�s e que podemos alcan�ar todas essas coisas a qualquer momento”, completa.

OBST�CULOS Manter os pequenos quietos, reflexivos e, �s vezes, em posi��es quase im�veis pode ser uma das maiores dificuldades encontradas pelos pais na inser��o do m�todo de medita��o.

Por�m, outro aspecto desafiador est� ligado � pr�pria conduta dos respons�veis. E isso porque, segundo Fl�via, exercitar a aten��o e o equil�brio de modo a se tornar exemplo para os filhos pode ser bem dif�cil para os adultos. A solu��o �: praticar.

 

Sendo assim, a especialista recomenda que todas as pr�ticas sejam alinhadas com a idade da crian�a e suas limita��es, visto que cada ser, individualmente, t�m necessidades, desafios e experi�ncias diferentes.

“Para uma crian�a de 4 anos, por exemplo, n�o precisa falar sobre a necessidade de combater o estresse ne- gativo. Com essa crian�a, pode-se dar in�cio com pr�ticas que propiciem mais aten��o ao corpo, de modo que ela possa se conectar com as sensa��es f�sicas.”

 

Al�m disso, a linguagem tamb�m deve ser adequada. “Quando se ensina medita��o para adultos, � positivo falar sobre neuroci�ncia para que se entenda mais sobre o que est� acontecendo no c�rebro, mas nem sempre a crian�a j� tem esse repert�rio, ent�o � mais interessante usar atividades l�dicas que criam as bases da pr�tica, mas que fa�am parte do universo da crian�a.”

 

Quanto ao tempo destinado � pr�tica, Fl�via destaca que, devido � dificuldade de manter as crian�as focadas em sess�es que demandam mais tempo, pr�ticas curtas de respira��o e exerc�cios guiados de, em m�dia, cinco ou 10 minutos podem ser inseridos com mais facilidade.

“Aos poucos, esse tempo pode ser aumentado, caso a crian�a se sinta confort�vel. Mas, independentemente disso, a periodicidade � importante e deve ser mantida, de prefer�ncia de forma di�ria, como parte da rotina da crian�a.”