Um estudo realizado por pesquisadores no Laborat�rio de F�sica Biol�gica do Departamento de F�sica da Universidade Federal de Vi�osa (UFV) atestou que a hidroxicloroquina, medicamento usado no tratamento de mal�ria e recentemente centro das discuss�es sobre o seu uso em casos de COVID-19, tem a capacidade de interagir com o DNA humano. Para os especialistas, tal apontamento exige cautela no uso do f�rmaco.
Isso porque, apesar de, segundo os autores – o professor M�rcio Rocha, do Departamento de F�sica da UFV, o doutorando Tiago Moura, do Programa de P�s-Gradua��o em F�sica da UFV e Raniella Bazoni, ex-aluna de doutorado do Programa e atualmente professora da Universidade Federal do Esp�rito Santo (UFES) –, a pesquisa n�o ter sido realizada em organismos vivos e, portanto, n�o delinear a efic�cia do medicamento, o potencial de intera��o do f�rmaco com o DNA aponta para a possibilidade de que efeitos colaterais significativos ocorram.
“Caracterizamos toda a f�sica e qu�mica da intera��o, e conclu�mos que a hidroxicloroquina interage com o DNA de duas maneiras, dependendo da dosagem. Em baixas concentra��es, se liga � fenda menor da mol�cula. Em doses mais altas, ela deixa de se comportar como um ligante de fenda e passa a intercalar entre pares de base do DNA. E conclu�mos ser essa uma intera��o muito forte, o que � preocupante porque torna-se alto o potencial de causar diversos efeitos colaterais ao organismo”, detalha M�rcio Rocha.
Neste cen�rio, os especialistas pregam cautela ao uso do f�rmaco, principalmente pelo fato de se relacionarem com os �cidos desoxirribonucleicos. “� preciso ter cuidado redobrado nesses casos”, diz Raniella Bazoni, uma das pesquisadoras do estudo. Neste sentido, M�rcio pontua que mesmo n�o tendo sido caracterizados os poss�veis danos ao organismo, em fun��o de ser esta uma pesquisa in vitro, a constata��o de interfer�ncia no DNA humano pode “abrir portas” para um uso mais consciente do medicamento, bem como para futuras pesquisas bioqu�micas.
“H� muitos rem�dios antigos e muito usados que nunca foram testados em n�vel de intera��es moleculares. O uso eficiente desta t�cnica pode sugerir modifica��es na utiliza��o destes medicamentos e dar mais seguran�a a m�dicos e usu�rios”, afirma.
Como foi feito
Para entender essa rela��o, M�rcio Rocha conta que o m�todo utilizado foi o chamado de pin�a �ptica. “Usando equipamentos de �ptica de alt�ssima precis�o e sensibilidade, manipulamos mol�culas de DNA com um laser e as colocamos em uma solu��o com o f�rmaco a ser estudado, no caso a hidroxicloroquina. Utilizando modelos e protocolos j� estabelecidos, avaliamos como a subst�ncia interage e modifica a estrutura local da dupla-h�lice a partir de mudan�as nas propriedades mec�nicas do DNA.”
O estudo realizado � in�dito e surgiu a partir do intenso debate em torno do uso do f�rmaco para o tratamento de COVID-19. Em dois meses, toda a pesquisa foi realizada. “Precisamos de ci�ncia para embasar decis�es e esta t�cnica que usamos � bastante segura para oferecer resultados”, aponta o professor do Departamento de F�sica da UFV.
*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram