
encerrou definitivamente os estudos em 4 de julho, ap�s constatar a inefic�cia do f�rmaco. Pouco depois de Bolsonaro anunciar que estava contaminado pelo v�rus, a institui��o voltou a refor�ar o fracasso da droga no combate ao Sars-CoV-2 (causador da pandemia). Em entrevista coletiva realizada nessa ter�a (7), a cientista-chefe da OMS Soumya Swaminathan destacou que a cloroquina e seus derivados produzem pouca ou nenhuma redu��o na mortalidade dos pacientes na compara��o com aqueles submetidos ao atendimento padr�o.
“O resto � mito. T�o mito quanto o ‘Messias’”, brinca Starling, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia. O especialista lembra que a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) chegou a testar os efeitos do anti-inflamat�rio em pacientes hospitalizados, acometidos pela forma aguda da enfermidade, mas"O que eu posso dizer � que n�o existem evid�ncias cient�ficas robustas de que a subst�ncia funcione. Se n�o h� essa comprova��o, a aposta na efetividade dela � de outra natureza. Tem gente que toma �gua benta e acredita que ficou curado por isso. Eu sou m�dico, n�o � meu papel dizer que a cren�a da pessoa est� errada. Mas, do ponto de vista cient�fico, ainda n�o ficou provado que �gua benta � capaz de curar", esclarece Carlos Starling
Melhora espont�nea
O infectologista e professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Una� Tupinamb�s, explica o mecanismo que, possivelmente, levou � evolu��o favor�vel de Bolsonaro � infec��o pelo novo coronav�rus. "Gostaria de ressaltar que n�o conhe�o detalhes do caso do presidente. N�o acompanhei o tratamento dele. De todo modo, a COVID-19 �, via de regra, uma doen�a autolimitada, ou seja: tem um ciclo definido, com dura��o de alguns dias. Os sintomas desaparecem espontaneamente", diz o especialista.De acordo com o Minist�rio da Sa�de, o ciclo m�dio do coronav�rus � de 12 dias. S�o cinco de incuba��o - per�odo entre o cont�gio e o in�cio dos sintomas - e sete de transmissibilidade. O quadro desenvolvido pelo infectado pode variar de assintom�tico a grav�ssimo. “Cerca de 15% dos casos progridem para a forma grave. Essas pessoas apresentam marcadores gen�ticos que as tornam mais suscet�veis, ou os chamados fatores de risco, como obesidade, imunidade baixa, idade avan�ada, al�m das doen�as cr�nicas, como diabetes, cardiopatias e hipertens�o”, afirma Carlos Starling.
“Importante lembrar que a literatura m�dica estima que de 30 e 40% da popula��o sofre de doen�as cr�nicas sem saber. Ent�o, os jovens n�o devem acreditar que est�o a salvo da pandemia. Todo mundo precisa se cuidar”, alerta o especialista, referindo-se aos conselhos dados pelo presidente na manh� de ter�a (7). “Se voc�s forem jovens, se cuidem, mas fiquem tranquilos que o risco � quase zero de um problema grave", minimizou Bolsonaro.
“Importante lembrar que a literatura m�dica estima que de 30 e 40% da popula��o sofre de doen�as cr�nicas sem saber. Ent�o, os jovens n�o devem acreditar que est�o a salvo da pandemia. Todo mundo precisa se cuidar”, alerta o especialista, referindo-se aos conselhos dados pelo presidente na manh� de ter�a (7). “Se voc�s forem jovens, se cuidem, mas fiquem tranquilos que o risco � quase zero de um problema grave", minimizou Bolsonaro.
Os infectologistas tamb�m chamaram aten��o para o fato de que o coquetel de hidroxicloroquina e azitromicina com que Bolsonaro diz ter se tratado pode oferecer riscos � sa�de. “A prescri��o dos dois rem�dios juntos n�o � recomendada. Sozinhas, as subst�ncias j� causam arritmia card�aca. Juntas, esse efeito fica potencializado. Se Bolsonaro fez mesmo uso simult�neo delas, correu risco”, observou Una� Tupinamb�s.
Controv�rsias
A hidroxicloroquina e a cloroquina s�o subst�ncias anti-inflamat�rias tradicionalmentes utilizadas no tratamento da mal�ria, al�m de doen�as autoimunes como l�pus e artrite reumat�ide. Ela propiciam o chamado efeito imunomodulador - que � o aumento da resposta imune contra micro-organismos diversos.
Os estudos sobre a efic�cia dos medicamentos no combate � COVID-19 foram iniciados em todo o mundo no fim de mar�o, cercados de pol�micas. No Brasil, a droga foi testada em dois grandes ensaios cl�nicos. Um deles, o Solidariedade (Solidarity), se deu por meio de um parceria da OMS com a Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) e envolveu 18 hospitais de 12 estados brasileiros. O segundo � o Coaliza��o Covid Brasil, coordenado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, S�rio Lib�nes e BRICNet (Brazilian Research in Intensive Care Network, rede de estudos cl�nicos na �rea de medicina intensiva).
A OMS anunciou a paralisa��o de suas pesquisas tr�s vezes. A primeira, em 25 de maio, ap�s a divulga��o de um amplo artigo publicado no renomado peri�dico "The Lancet", que apontava efeitos colaterais severos decorrentes do uso dos f�rmacos, como arritmias card�acas. Os experimentos foram retomados pouco depois, em 3 de junho, j� que o artigo foi retirado da revista cient�fica. Os pr�prios autores pediram a retra��o, reconhecendo que utilizaram dados incompletos para elaborar o trabalho.
Em 17 de junho, a OMS anunciou nova suspens�o dos ensaios cl�nicos. Desta vez, alegou que os testes do Solidariedade, al�m de outros desenvolvidos no Reino Unido, conclu�ram que os medicamentos n�o reduzem a mortalidade dos contaminados pela COVID-19 de forma significativa. O encerramento defitivo dos estudos foi comunicado em 4 de julho, por recomenda��o do comit� diretor do Solidariedade, nos 21 pa�ses em que o programa era coordenado. Al�m da hidroxicloroquina, os antirretrovirais lopinavir e o ritonavir tamb�m foram considerados ineficazes contra o coronav�rus.
Um estudo franc�s publicado nessa ter�a (7) refor�a o coro da OMS. A pesquisa apontou que os antimal�ricos n�o evitam formas graves da virose no longo prazo entre os infectados que sofrem de doen�as autoimunes - p�blico que j� faz uso regular deles.
Em 17 de junho, a OMS anunciou nova suspens�o dos ensaios cl�nicos. Desta vez, alegou que os testes do Solidariedade, al�m de outros desenvolvidos no Reino Unido, conclu�ram que os medicamentos n�o reduzem a mortalidade dos contaminados pela COVID-19 de forma significativa. O encerramento defitivo dos estudos foi comunicado em 4 de julho, por recomenda��o do comit� diretor do Solidariedade, nos 21 pa�ses em que o programa era coordenado. Al�m da hidroxicloroquina, os antirretrovirais lopinavir e o ritonavir tamb�m foram considerados ineficazes contra o coronav�rus.
Um estudo franc�s publicado nessa ter�a (7) refor�a o coro da OMS. A pesquisa apontou que os antimal�ricos n�o evitam formas graves da virose no longo prazo entre os infectados que sofrem de doen�as autoimunes - p�blico que j� faz uso regular deles.
A despeito das evid�ncias de inefic�cia, os presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro seguem como entusiastas das drogas em quest�o. Em 15 de junho, a A FDA (Food and Drug Administration), ag�ncia que equivale � Anvisa nos Estados Unidos, cancelou a autoriza��o para uso da hidroxicloroquina no tratamento contra a COVID-19. Trump, no entanto, ainda defende o uso do rem�dio.
Em postura semelhante, Bolsonaro chegou a ter um post em que exaltava a efetividade da hidroxicloroquina apagado pelo Twitter, que considerou a atitidude como o propaga��o de not�cia falsa. A cloroquina foi, por fim, piv� da sa�da de dois ministros da Sa�de - Nelson Teich e Luiz Henrique Mandetta. Ambos afirmam terem sido pressionados para liberar o uso da subst�ncia em quadros amenos da COVID-19, na contram�o das orienta��es da OMS, que havia aprovado a administra��o do rem�dio apenas para casos graves.