Principais vacinas e diferen�as entre elas
Membro do comit� permanente de enfrentamento do coronav�rus da UFMG, Fl�vio Guimar�es da Fonseca destaca que j� existem oito vacinas aprovadas para uso emergencial e duas para uso pleno no mundo. “Vamos chegar em um momento de poder ‘escolher’ aquela mais adequada para cada situa��o. E vamos ter uma oferta muito grande de imun�genos, o que nos enche de esperan�a.”
Fonseca ressalta que as vacinas contra a COVID-19 foram produzidas e licenciadas em tempo recorde. “A crise que vivemos, a emerg�ncia sanit�ria que a gente vive, requer medidas de acelera��o que a gente n�o viveu em um passado recente e isso contribui para a acelera��o.” Al�m disso, ele acrescenta que os avan�os tecnol�gicos da ci�ncia tamb�m contribu�ram para isso.
Ele come�ou explicando sobre as vacinas de vetor viral, como a de Oxford/Astrazeneca, Sputnik V e a da Janssen. “O adenov�rus leva um peda�o do coronav�rus para dentro das c�lulas, produz prote�nas, gerando anticorpos e c�lulas de defesa chamadas linf�citos.”
Em seguida, tratou sobre a efic�cia de algumas vacinas, dosagem, armazenamento e em que locais do mundo elas est�o sendo aplicadas. Fonseca tamb�m explicou os principais problemas que esse tipo de vacina pode trazer. “A imunidade contra o pr�prio vetor pode ser um problema no futuro, al�m de ser uma vacina n�o previamente testada em seres humanos. J� as vantagens s�o a facilidade de fabrica��o, aus�ncia de efeitos adversos graves nos testes e efic�cia em idosos, que � um dos grupos priorit�rios.”
Outro grupo de vacinas � o de v�rus inativado. “Ele n�o tem a capacidade de entrar nas c�lulas, como no primeiro grupo. Precisa ser ‘engolido’, digerido e apresentado para outras c�lulas do sistema imunol�gico, como linf�citos T e B. � uma c�lula que produz muito anticorpo.” O exemplo de uma vacina que usa essa estrat�gia � a CoronaVac, aprovada para uso emergencial pela Anvisa no domingo (17/1).
Segundo Fonseca, esse tipo de vacina tem alta efic�cia comprovada em seres humanos e aus�ncia de efeitos adversos graves nos testes. Mas, seu principal problema � que, para ser produzida, precisa de laborat�rios de biosseguran�a NB3. “N�o � um laborat�rio f�cil de ser constru�do, n�o � uma estrutura trivial. Al�m disso, tem uma indu��o moderada de anticorpos e pouca resposta celular.”
E o �ltimo grupo s�o as vacinas de RNA. “O RNA entra nas c�lulas, � transformado em prote�nas, que s�o apresentadas para o sistema imunol�gico da pessoa, gerando anticorpos e c�lulas de defesa”. Exemplos de vacina que usam essa t�cnica s�o a da Pfizer/Biotec e a da Moderna. Seus principais problemas s�o a log�stica de armazenamento e transporte ultra-fria e a tecnologia n�o testada previamente em humanos. Em contrapartida, � uma vacina de f�cil fabrica��o e com aus�ncia de efeitos adversos graves nos testes.
Muta��es podem afetar a efic�cia das vacinas?
“A muta��o � esperada. O coronav�rus � at� mais est�vel que o v�rus da gripe, mas ele tamb�m sofre muta��es.” O pesquisador explica que as muta��es mais importantes est�o concentradas no gene que codifica a prote�na Spike, que � a prote�na de superf�cie do v�rus. “Ela � a mais importante, neste contexto que estamos discutindo hoje, porque muta��es nesta prote�na, acabem n�o reconhecendo mais ela.”
De acordo com Fonseca, as muta��es que existem at� agora n�o s�o suficientes para conferir resist�ncia desses v�rus �s vacinas que est�o sendo testadas no mundo. “Mas o ac�mulo constante dessas muta��es � um risco real para a efic�cia dessas vacinas”, explicou.
E para comprovar, ele deu o exemplo de um caso de reinfec��o de uma paciente, por um pesquisador da UFMG.
*Estagi�ria sob supervis�o da editora assistente Vera Schmitz